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  • 15/04/2025

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Transcrição
00:00O Abel, antes de morrer, ela me disse pra conhecer outra pessoa, pra eu tocar a vida pra frente, pra eu ser feliz ao lado de outra mulher.
00:17Eu acho que você merece sim ser feliz, encontrar um novo amor.
00:22Nunca pensei que eu fosse tirar essa aliança, mas chegou a hora, chegou a hora de tirar e tocar pra frente.
00:39Eu nunca imaginei que eu fosse conhecer um novo amor tão rápido, uma paixão que me fizesse sentir vivo de novo.
00:52Mas eu encontrei.
00:57Encontrou?
01:00Encontrei.
01:22Onde você está?
01:24Hoje eu sinto que a alegria invadiu o meu coração.
01:36E a felicidade brilhe a cor do sol em suas mãos.
01:42Eu te amo assim como jamais amei alguém, meu bem.
01:52Com você eu descobri que amar e ser amada é o que mais importa pra viver.
01:59Eu te amarei por olhar mais amei alguém, meu bem.
02:08Com você eu descobri que amar e ser amada é o que mais importa pra viver.
02:15Eu te amarei por olhar mais amei alguém, meu bem.
02:21Ai, meu pé, acho que eu parti o metatarso.
02:31Uma vez aconteceu a mesmíssima coisa.
02:33Eu estava batendo uma bola com o chegado meu, moca contra ipiranga.
02:36Manja, entrei numa dividida, ô louco.
02:38Eu estou achando que eu rompi foi o ligamento, isso sim.
02:41Véi, Batista, eu não estou entendendo mais nada.
02:43Agora você fala que bateu com o dedão.
02:45Depois você torceu o pé.
02:46Agora você fala que não sabe se é osso, depois é ligamento.
02:48É, eu bati e depois eu torci, né, doutor Rodrigo?
02:52Eu também sou motorista, não sou ortopedista.
02:54Eu só sei que eu não estou conseguindo nem mexer.
02:56Adeus passeio no jardim, adeus luar.
03:00Ai, como dói.
03:01Batista, calma, vamos fazer o seguinte.
03:03Eu vou pegar um balde com bastante gelo pra você enfiar o pé, tá?
03:05Não, louco, se aliás nem pensar.
03:07Meu pé frio eu estou fora, eu prefiro ser pé quente mesmo.
03:10Pé gelado.
03:11Não, doutor Rodrigo, isso também não tem nada a ver.
03:14Assim eu vou acabar pegando um resfriado, manja.
03:16Mas gelo é bom pra essas coisas, quando você dá topada, quando você machuca.
03:19Gelo é bom pra isso.
03:20Não, calma, Célia, ele não quer gelo.
03:21Não precisa pegar gelo, ele não quer, não precisa, vem cá.
03:24Isso não foi nada, foi só uma batidinha, daqui a pouco melhora.
03:26Fica calma aí, descansa a perna.
03:27Enquanto você fica aqui descansando, eu vou ali que eu preciso falar com a Célia.
03:30E peraí, ali é onde? Você precisa falar o quê?
03:32Vamos no jardim, lá no ar.
03:34Eu preciso conversar com você.
03:36Mas é assunto profissional?
03:37Porque se for assunto profissional, você pode falar aqui mesmo, na cozinha, não tem problema nenhum.
03:42Agora, se for assunto pessoal, tá aí?
03:46É pessoal?
03:49É assunto pessoal.
03:51Bom, então...
03:52Então não vai dar pra falar agora não, Rodrigo.
03:55Porque eu tenho um monte de coisa pra fazer aqui, eu tô super ocupada.
03:57Deixa pra outra hora, tá?
03:58Ô, Batista, eu vou pegar gelo pra você.
04:00Tá legal, Célia.
04:01Tá bom, Célia.
04:07Se você achar melhor assim, outra hora, pode ser.
04:17Célia, chega aqui.
04:21É isso aí, meu.
04:22Bota pra quebrar, você tem que ser forte.
04:25Eu vou ser forte, Batista.
04:26Eu vou ser forte.
04:27Ai, ai, ai, meu Deus.
04:28Agora, quanto o meu pé, Célia, eu vou te falar.
04:31Não vai adiantar chamar a ambulância.
04:33Não vai adiantar nem pôr gelo.
04:35Sabe por quê?
04:36Não.
04:37Porque meu pé tá ótimo.
04:39Batista invade a área.
04:40Se derrubar é pênalti.
04:42Batista pedala o Mauricinho, um.
04:44Dá o drible na foca no Mauricinho, dois.
04:46Mata no peito, bota no chão.
04:48Solta uma bomba que encobre o goleiro e entra na gaveta.
04:51É gol!
04:55Tarcísio Batista, um.
04:57Mauriciada, zero.
04:58Tô louco, Célia.
05:04Vem na minha que você passa de ano, meu.
05:09Ô, pai, eu vou dar uma saída.
05:11Você fica na boa aí sozinho com a maluca da tia Irma.
05:15Fazer o quê, né, filho?
05:18Cheiroso isso.
05:19Você sabe o que eu faço?
05:20Eu vou pro meu quarto, me tranco, ligo o ar-condicionado, ponho aqueles tampões de ouvido, uma musiquinha e me isolo.
05:30Eu fico longe da loucura dela.
05:31Tá certo.
05:32Ô, tia, eu não vou poder ficar agora.
05:34Eu tô super preocupado com a Cléo, mas eu preciso dar uma saída.
05:38Vai onde?
05:39Vou dar uma volta, pra você não dar uma marejada.
05:41Parar de pensar, enfim.
05:43Eu vou numa balada no Itaim.
05:44Se você precisar, me liga.
05:46Ô, Rodrigo, juízo, hein, rapaz?
05:48Juízo.
05:50Você sabe que juízo é o meu sobrenome, né?
05:52Qual é o meu nome?
05:54Sem nome e sobrenome.
05:56Sem juízo.
06:00O negócio é o seguinte, ó.
06:02Aquela conversa de sempre.
06:03Bebe pouco.
06:04Se beber, mistura com água pra dar uma equilibrada.
06:08Devagar com a louça, cuidado com os sinais na rua.
06:11Não vai ficar dando mole de relógio, mãe, não.
06:12Eu sei, pai.
06:13Você falando assim, parece que eu sou um adolescente.
06:16É porque você tem a idade mental de um filho.
06:18Eu sei disso porque eu me sinto um adolescente até hoje.
06:21Agora falou a verdade.
06:23É por isso que a gente é tão amigo, né não, paesão?
06:28Fica preocupado, não, tá?
06:29Tá tranquilo.
06:30Qualquer negócio, me liga.
06:31Tchau, tia.
06:32Tchau.
06:34Nada de correr de carro, hein?
06:35É, enfim, sós.
06:44Só sobrou a gente, né?
06:47Irma.
06:48Deixa em paz, Aria.
06:54Irma, para de ser rude comigo.
06:57Eu tô querendo te dar uma força, só isso.
07:01Você deve estar adorando, né?
07:03Viver assim.
07:05Chorando, né?
07:06Até parece, irmã.
07:07Você me conhece há tantos anos e fica com esse seu disco aí.
07:11Não, não é nada disso, irmã.
07:12Presta atenção.
07:12Eu gosto da Cléo.
07:14A Cléo é sua filha.
07:15Eu gosto dela.
07:18Você sabe o quê?
07:20Oi, irmão.
07:22Eu vendo você chorar assim, você sabe...
07:26Sabe o quê que eu percebi?
07:29Que...
07:34Eu gosto também de você.
07:41Ah?
07:45Ô, Dona Altina, eu vou sair.
07:51Não!
07:52Não, não saia, não!
07:53Não saia, não, senhor Ernesto!
07:54Tá vindo aí um bando de traficantes, todo mundo armado.
07:57Eles estão toda a volta na casa.
07:58Vai, se escuta lá mesmo.
07:59Se eles pegam nós dois aqui, se pegam o senhor aqui, eles vão matar nós dois.
08:02Se escuta aí no banheiro.
08:03Dona Altina!
08:03Vem!
08:05Ô, Dona Altina!
08:07Ô, Dona Altina!
08:07Ô, Dona Altina!
08:11Ô, Dona Altina!
08:12Quem é?
08:13É, é o Zé Sinistro!
08:15Abra a porta!
08:17Ô, Zé Sinistro, como é que vai sua mãe?
08:19Tô sabendo que vira um lobisomem aqui em Paraisópolis.
08:23Lobisomem?
08:24É, me disseram que saiu aqui da sua casa.
08:26Abra a porta!
08:28Aberta!
08:30Lobisomem, nem existe lobisomem.
08:32O que saiu foi um cachorro grande.
08:34Eu já enxotei ele.
08:35Tenha tempo.
08:36Ah, cachorro grande?
08:37É.
08:38E o povo já fala que é lobisomem.
08:41Mas escuta.
08:43Não era o seu filho, não, né?
08:44Ó, Zé Sinistro, você não começa com coisa com o meu filho, não, que você sabe muito bem que Vavá está desaparecido, viu?
08:50Ah, bom.
08:51Porque se a gente encontrar esse cachorro grande, o lobisomem, a gente vai passar ele.
08:57Se ligou, né, dona?
09:00Valeu, dona.
09:01Se precisar de alguma coisa, só chamar.
09:05Zé Sinistro tá na área.
09:06Muito obrigado, Zé Sinistro.
09:08De lembrança a sua mãe, viu?
09:10E que Deus ilumine seus caminhos, meu filho.
09:14Valeu.
09:16Vambora, vambora.
09:17Viu ali atrás?
09:19Viu atrás da casa?
09:20Não, não.
09:20De momento, ó, vamos lá.
09:27Seu Ernesto, pode sair do banheiro.
09:36Já foram?
09:38Já foram?
09:39Já foram.
09:40Ave Maria.
09:42Ó, outro dia, essa turma mesmo aí, botou pra correr um pessoal que tava tentando abrir uma avenida aqui em Paraisópolis.
09:51Eles disseram que a obra estava atrapalhando os negócios deles.
09:55Ó, se lhe pegarem no caminho, você diz que veio pra comprar droga.
10:01O problema não é esse, Dantino.
10:02O problema é se eles me encontrarem, me revistarem e virem a minha carteira de policial e a minha arma.
10:07Você já esconde tudo.
10:09Esconde arma, esconde carteira, deixa só um dinheirinho no bolso.
10:12Que o que eles querem é dinheiro.
10:14Querem vender o bagulho doido deles, como eles chamam, né?
10:17Do preto e do branco.
10:18E o que não falta é consumidor.
10:20É, sim.
10:21Realmente impressionante.
10:25Sim, como é que vocês sabem que essa moça, Cleo Mayer, tá numa ilha?
10:35Ela não tava desaparecida?
10:38É uma longa história, delegado.
10:39Mas eu preciso saber de tudo.
10:41Senão fica difícil a gente investigar.
10:42Então, como é que vocês sabem?
10:44Ela me contou.
10:46Ela foi fazer o que então nessa ilha?
10:47Vai ver, foi passear, acabou encontrando um surfista, um pescador e ficou pela ilha namorando.
10:51Por favor, delegado, a coisa é séria.
10:53Minha irmã tá correndo perigo.
10:54Você tá imaginando isso.
10:56Você não tem certeza.
10:56Eu tenho.
10:57Vocês precisam mandar alguém até essa ilha.
10:59E mandar alguém até onde?
11:00Vocês sabem onde é que é essa ilha?
11:01Não.
11:03Eu não sei, mas se o senhor interrogar a doutora Júlia Zacarias, ela vai ter que te dizer onde fica.
11:07Olha, eu vou dizer o que eu penso pra vocês.
11:10Eu já tô mais ou menos acostumado com histórias de moças ricas, bem-nascidas, que decidem ter uma experiência exótica, diferente, uma aventura na vida.
11:20A irmã de vocês avisou vocês que estaria indo viajar.
11:24Eu não entendo qual é o problema.
11:25Ela não deu mais notícias, delegado.
11:27Mas é muito cedo ainda.
11:29Deve estar numa barraca de camping, num lugar onde não pega celular, com surfista ou na pista.
11:33Vocês não estão entendendo.
11:35É urgente.
11:35Vocês precisam fazer alguma coisa.
11:37E até agora ela não entrou em contato.
11:39Tudo se ela foi sequestrada.
11:41Olha só, vocês precisam achar a minha irmã.
11:45Olha, se ela foi sequestrada, os sequestradores devem entrar em contato com vocês.
11:51Não foi sequestro.
11:52Como é que você pode garantir isso?
11:55Se fosse isso, o sequestrador já teria telefonado pra gente, você não acha?
11:59Acho.
12:00Mas de qualquer maneira, sem saber onde é essa ilha, não tem como acionar corpo de bombeiros ou guarda-forsteira.
12:05Tudo bem, mas de qualquer jeito eu quero fazer a ocorrência do desaparecimento.
12:11Muito bem.
12:11Vá à delegacia de pessoas desaparecidas e faça isso.
12:15Até ver, eu vou rapidinho no banheiro e já volto.
12:18Claro.
12:18Bom, vocês podem voltar pra casa e qualquer novidade eu entro em contato.
12:33É, eu vou aproveitar e vou ao banheiro.
12:35Vou ver o caminho ali, vou aprender o caminho e eu já volto.
12:38Com licença.
12:38Sujeito esquisito, esse teu primo.
12:54Uau.
12:54Ai, que loucura.
12:59Que loucura, Marcelo, uma vez aqui.
13:01Que loucura, por quê, Maria?
13:03Gostei de você desde a primeira vez que eu te vi.
13:06Linda lá no circo, fazendo-se um número no tecido.
13:10Eu também gostei de você.
13:13Ai, senti uma coisa tão forte quando eu te vi.
13:15Ai, eu não sabia o que que era, mas eu me sentia tão bem quando você estava por perto.
13:22Eu parecia que ficava fugindo de mim.
13:29Eu estava assustada, eu estava com medo.
13:33Mas depois de muito tempo fugindo e me escondendo, é a primeira vez que eu me sinto assim, realmente segura.
13:42Você não precisa ter mais medo de nada.
13:46Eu vou estar sempre perto de você, te protegendo, cuidando de você.
13:49Porque ninguém vai te fazer mal, te prometo.
13:58Tão bom ouvir isso.
14:02Tão bom ouvir isso de você.
14:05Há muito tempo que...
14:07Há muito tempo que eu não me sinto.
14:11Que eu não sinto o que eu estou sentindo agora.
14:15O quê?
14:15Felicidade.
14:17Felicidade.
14:21Também, irmão.
14:22Tchau, tchau.
14:52Tchau, tchau.
15:22Eu gosto de você também, irmã. Eu quero te dar uma força.
15:43Eu não preciso de força nenhuma.
15:48Para de ser dura comigo. Eu quero te ajudar.
15:52O que vai ser de mim?
15:55Sem o Platão e agora sem a Cleo?
16:01Calma, irmã. Vai dar tudo certo.
16:04A Cleo sabe se defender.
16:06Vai ficar tudo bem.
16:07Sim. Daqui a pouco a gente vai estar dando risada dessa situação toda.
16:12Você fala isso só para me acalmar.
16:15Para me iludir. Mas é mentira. Eu sei que é mentira.
16:18Você sempre mentiu para mim. Sempre.
16:19Eu sempre menti para você.
16:23Mentiu, mentiu. Mentiu sempre.
16:25Desde que eu te conhecia há anos atrás no Rio, em Ipanema, no Pia.
16:28Então, você já mentia para mim.
16:31No Pia.
16:34Ai, meu Deus, no Pia. Que bons tempos, hein?
16:37Me lembrou o Pia.
16:39Dunas do Barato.
16:41Dunas da Gal. Era assim que o povo chamava.
16:43Você lembra? Dunas da Gal.
16:44Nós éramos tão novinhos, né, Ipanema?
16:49Ah, que as crianças.
16:52Eu boba.
16:54Inocente.
16:56E você já esse traxe sem caráter.
16:59Ai, saudade do Rio, irmã.
17:02Saudade da minha juventude.
17:05Apesar de ser paulista, eu cresci lá.
17:09Pessoa aqui da minha terra, eles acham que eu...
17:16Que eu sou carioca, apesar de ser paulista.
17:19Assim como você.
17:21Mas ela é maravilhosa.
17:24Eu, carioca, ingênua, boba, que você seduziu.
17:28Usou e abusou, fez o que quis.
17:30Depois, voltou para São Paulo, como se eu não existisse.
17:34Oi, irmã.
17:36Nós tivemos bons momentos.
17:37Tivemos bons momentos.
17:39E olha que não foram poucos.
17:42Você sabe.
17:44Impressionante como é que o Rodrigo é parecido com você, né?
17:47Tal pai, tal filho.
17:49É um galinha também, que nem você.
17:51Pode ver um rabo de saia que ataca.
17:54Eu, sinceramente, não entendo.
17:56A gente se lembrou de coisas boas, dos bons tempos que a gente passou.
17:59E você fica aí me agredindo.
18:02Até hoje eu não entendo.
18:04Da onde vem tanta raiva, tanto ódio que você tem de mim.
18:06Então, onde, irmã?
18:07Por quê?
18:09Você não entende, Aline?
18:11Não?
18:11Não, mas eu não entendo.
18:13Pensa um pouco.
18:14O que você acha que eu senti naquela época, quando eu vim para São Paulo te procurar
18:19e cheguei aqui e você estava casado com a Malu?
18:22O que você acha que eu senti, Aristóteles?
18:25Irmã, eu não podia imaginar que você ia casar com meu irmão Platão.
18:29Não podia imaginar.
18:29Isso não tem a menor importância agora.
18:33Nenhuma importância.
18:37Você sabe por que você está assim?
18:41Você sabe por que, irmã?
18:43Porque você está carente.
18:45Isso chama-se carência.
18:47Estrada, Gris.
18:48Por favor, respeita a minha dor.
18:51Eu estou...
18:51Se você precisa, Irmã, é de um abraço.
18:58Você precisa de um porto seguro, de um abraço, de ficar tranquila.
19:02Eu não preciso de nada.
19:04Impressionante, né, irmã?
19:06Impressionante.
19:07Você nunca vai me perdoar porque eu não te contei que eu era casado.
19:10Nunca.
19:13Eu só quero saber do jeito que eu estava caralho.
19:29Mesmo as drogas sendo ilegais, as pessoas não param de consumir.
19:33Eu posso pegar uma água?
19:35Claro.
19:35A senhora quer uma água também?
19:36Eu quero, senhor Ernesto.
19:38Muito obrigado, enfim, um cafezinho para o senhor, um sujeito.
19:40Olha, foi assim também na época da Lei Seca, Donaltyna.
19:45Quando eles proibiram o álcool nos Estados Unidos.
19:47Ó, por favor.
19:48Obrigada, meu filho.
19:49Imagina.
19:50Eu me lembro dessa história do tal do Al Capone.
19:53Guerra de bandido.
19:57É.
19:58É assim desde o século passado, Donaltyna.
20:01Esse fenômeno das drogas ilegais, ele tem se alastrado pelo mundo.
20:04É.
20:06Que coisa, né?
20:07Mesmo as pessoas sabendo que são drogas proibidas, continuam fumando maconha e cheirando cocaína.
20:16É verdade.
20:17Como eles também não iam parar de fumar cigarro, beber cerveja, beber álcool, se fosse proibido, né, Donaltyna?
20:23Quer ver?
20:23Por exemplo, se a cachaça ou a cerveja fosse proibida, a senhora acha que eles iam parar de beber?
20:28Não.
20:29De maneira nenhuma, né?
20:31Ia ter sabe o quê?
20:32Tráfico de álcool, do mesmo jeito que tem de maconha e de pó.
20:35É verdade, talvez o senhor tenha razão.
20:38Algumas pessoas dizem que a culpa da guerra, do tráfico, da droga é por causa do consumidor.
20:46Olha, Donaltyna, eu sou um policial.
20:50Mas pra mim, a culpa da guerra das drogas não é de quem consome.
20:54Se a gente parar e analisar de um ponto de vista histórico-cultural, a senhora vai ver que esse tipo de substância as pessoas já consomem há séculos.
21:01Eu não tô entendendo.
21:03Vamos tomar um cafezinho?
21:04Vamos sim.
21:05Donaltyna, pra mim, a culpa da guerra é por causa da proibição das drogas.
21:12Entendeu?
21:14Quer dizer que o senhor é a favor da liberação das drogas?
21:20Sua.
21:21Pessoalmente, eu sou sim.
21:22Ah, não.
21:24Eu sou contra.
21:26Imagine se a droga sendo proibida.
21:29Já tá esse miserê que tá por aí.
21:32Imagine se for liberada.
21:33Aí é que vai virar uma bagunça.
21:35Bagunça, Donaltyna.
21:37É como tá.
21:38É do jeito que tá.
21:40Ô, Donaltyna, a senhora não tem noção.
21:43Mas é um comércio bilionário de drogas ilegais.
21:47Eu não acho certo, não.
21:48Acho que se liberar vai piorar.
21:50Donaltyna, do jeito que tá, o Estado não tem como controlar o tráfico.
21:55Mas já tá tudo descontrolado.
21:57Então, por isso.
21:58Por isso mesmo que eu acho que a melhor maneira seria legalizar.
22:00Ó, mesmo se legalizar, não vai deixar de ter tráfico, viu?
22:07Não vê quanto pirata que tem por aí?
22:10A ilegalidade, meu filho, não acaba nunca.
22:13A impunidade não acaba.
22:16É, eu até concordo com a senhora em partes.
22:18Mas olha só.
22:20Boa parte desse dinheiro, Donaltyna, é pro controle do Estado.
22:23E aí a gente ia acabar gerando imposto pra saúde, imposto pra educação, pra cultura e por aí vai, entendeu?
22:29No Brasil?
22:32Ai, seu Ernesto.
22:34Não me diga que o senhor acredita que uma coisa dessa ia acontecer aqui no Brasil.
22:40Acredito.
22:41Acredito sim.
22:42Tenho muita fé, Donaltyna.
22:43Olha, se tem uma coisa que eu nunca perdi na minha vida foi o otimismo.
22:46Donaltyna, esse nosso Brasil que é tão rico.
22:48Olha, eu acredito que um dia ele vai conseguir distribuir melhor a sua riqueza.
22:53As pessoas vão acabar tendo mais informação, mais educação, mais cultura, mais saúde.
22:58Donaltyna, e com isso tudo, esse país um dia vai acabar se organizando sim.
23:03Pode acreditar.
23:07Agora eu aceito o café.
23:09Tá bom.
23:10Café é honesto, viu?
23:12Eu sei.
23:18Tiro!
23:39Não, não foi Tiro.
23:41É a Tatiana.
23:42Eu vi ela subindo a escada.
23:43Ela viu a gente?
23:43Viu?
23:44Ai, meu Deus, o senhor, ela deve ter ficado chateada.
23:46A Marcela é muito cedo ainda.
23:47Ela vai ter que se conformar, Maria.
23:49Ai, meu Deus.
23:50Nossa, que susto.
23:53Eu acho melhor eu ir dormir agora.
23:56Tudo bem.
23:58Vou sonhar contigo essa noite.
24:00Isso se eu conseguir dormir.
24:01Boa noite, Marcelo.
24:11Eu quero que você saiba que o que aconteceu aqui hoje foi muito especial.
24:18Sonha comigo.
24:32E com os beijos.
24:38Boa noite.
24:39Boa noite.
24:39Boa noite.
25:09Boa noite.
25:11Boa noite.
25:12Beto.
25:15Maria, eu...
25:16Eu...
25:17Eu...
25:18Precisava muito falar com você.
25:20Vou te falar.
25:22É...
25:23A Tati quebrou mais alguma coisa lá embaixo, né?
25:28Nossa, quebrou.
25:30Vi quando ela entrou correndo no quarto.
25:32Nós aqui em casa, nós somos os maiores clientes de vidraçaria e loja de louça do Alto de Pinheiros.
25:39Eu espero que ela fique bem.
25:42É sobre isso que você queria falar?
25:44Não.
25:45Não.
25:45Tem mais uma coisa.
25:48Pode falar.
25:49Sabe o que é?
25:53É...
25:53É...
25:54Eu...
25:55Eu...
25:56Eu...
25:57Nem sei por onde começar, mas...
26:02É...
26:02A primeira vez que eu...
26:06Que eu te vi...
26:09No circo...
26:10Naquela noite, é...
26:13Eu fiquei completamente...
26:16Maria, eu...
26:18Eu tô muito afim de você.
26:20É, tu...
26:21Desculpa eu estar falando desse jeito, assim.
26:23Não quero que você pense que eu tô me aproveitando de você estar aqui, hospedada.
26:27Por favor, não tira uma conclusão precipitada a meu respeito.
26:30Não.
26:31Não, é claro que não.
26:32Eu...
26:33Eu jamais pensaria alguma coisa ruim sobre você, sobre...
26:37Sobre o seu irmão, a sua mãe, a sua sobrinha.
26:41Vocês estão me ajudando.
26:43Acreditaram na minha palavra, confiaram em mim.
26:46É que eu...
26:47Eu fico olhando pro teu olho e...
26:50Pro teu rosto e pra tua boca, é...
26:53Pro teu jeito de falar, é...
26:55Não sei, me dá uma coisa.
26:57Meu coração parece que vai parar.
26:59Não sei, minha cabeça dá um nó.
27:02Muito linda, Maria.
27:03Obrigada, Beto.
27:05Eu me sinto muito lisonjeada com todos esses elogios, a sua demonstração de carinho.
27:11Mas é que...
27:12Beto...
27:13Você não...
27:14Não tá afim de ficar comigo, é isso?
27:17Na verdade, não.
27:18Peraí, peraí.
27:21Me dá uma chance.
27:23Vamos conhecer.
27:24Eu sei que eu posso te fazer feliz.
27:28Não, Beto.
27:29Eu não quero.
27:31Mas por quê?
27:32Porque as coisas não funcionam desse jeito.
27:34Não, mas...
27:35Você não tá namorando ninguém, tá?
27:38Não sei, a gente pode curtir e se conhecer e ficar junto numa boa.
27:43Não, eu não quero.
27:45Eu...
27:46Eu não tô com cabeça pra isso.
27:48Por favor, Beto, não insista.
27:52Tudo bem, eu...
27:54Eu não vou te forçar a nada.
27:59Eu...
28:00Mas...
28:00Pensa.
28:02Pensa com carinho no que eu tô te falando.
28:04Eu...
28:04Eu tô sendo sincero com você.
28:08Ah, eu vou pensar.
28:11Se você me dá licença agora, eu...
28:13Eu queria descansar um pouquinho.
28:14Eu tô realmente muito cansada.
28:16Claro.
28:25Boa noite.
28:26Boa noite.
28:46Entras do povo, a marca Maria, Maria, mistura, a dor e a alegria.
28:53Mas é preciso ter mãe, é preciso ter graça, é preciso ter sonho sempre.
29:00Entras da fé, nessa marca, possui a estranha mania de ter fé na vida.
29:16Tchau.
29:18Tchau.
29:18Tchau.
29:18A CIDADE NO BRASIL
29:48CIDADE NO BRASIL
30:18CIDADE NO BRASIL
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31:18A CIDADE NO BRASIL
31:48Olha, Donatino, do jeito que tá, esse tráfico ilegal de drogas, ele tá despejando uma fortuna na indústria da guerra todos os dias.
31:58É, meu Deus do céu, viu? Esse mundo virou assim de cabeça pra baixo.
32:04Que você veja, Pachola virou lobisomem.
32:08O policial tá defendendo a legalização do tráfico de drogas.
32:13Eu não entendo mais nada, não sei mais nada.
32:15A única coisa que eu acho que eu sei é que todo mundo devia parar de consumir.
32:25Donatino, por favor, Donatino, olha só, eu não uso drogas.
32:30Ainda bem.
32:30Mas olha só, Donatino, pensa comigo, pensa só.
32:35Se todo esse dinheiro das drogas, ao invés de ele ir pras armas e pra guerra, ele podia muito bem ir pra cultura, pra saúde, pra campanha de recuperação de viciados, Donatino.
32:45Pro aumento de salário dos professores que tanto reclamam.
32:49Donatino, é muito triste, Donatino.
32:53Eu já perdi mais de um amigo por causa dessa guerra de drogas.
32:56É, que tristeza.
32:59Até a polícia tem medo hoje em dia.
33:02É, essa guerra das drogas não poupa ninguém, Donatino.
33:06É verdade.
33:07O povo aí diz que quando o bandido pega o policial, tá acabado.
33:15Eu sei perfeitamente o que é isso.
33:17Agentes da lei são brutalmente assassinados todos os dias, simplesmente por fazerem parte e serem representantes do Estado.
33:28E olha, Donatino, crianças de comunidade carentes também são executadas sumariamente pela tropa da guerra.
33:35É muito triste.
33:37Isso num país, num país que diz que não tem pena de morte, né?
33:41Brincadeira, né, Donatino?
33:42É, senhor Ernesto.
33:46Olha que o senhor não falou da bala perdida, viu?
33:50Quantas vezes morre gente aí, criança, velho, vítima de bala perdida.
33:57Sabe, senhor Ernesto, é uma coisa tão esquisita.
34:00Porque é um país que tem leis assim, que protegem tanto os poderosos, né?
34:08E só lasca com quem é pobre.
34:11Bom, Donatino, eu podia ficar aqui falando um tempão sobre esse problema das drogas.
34:17Que é o verdadeiro terror da sociedade.
34:20Mas eu preciso ir lá fora, eu preciso ver o que tá acontecendo.
34:22Vou aproveitar, Donatino, que os traficantes foram pro outro lado e vou sair.
34:26Tá?
34:26Quem sabe eu ainda não encontro o seu marido lobisomem por aí, né?
34:29Ai, cuidado, senhor Ernesto, cuidado, que ele pode pular em cima do senhor e lhe morder, viu?
34:34Pode deixar, vou tomar cuidado.
34:36Agora que eu sair, a senhora fecha bem a porta, tá bom?
34:38Tá certo.
34:38Obrigada por tudo, Donatino, muito obrigada.
34:41Imagina, Donatino, não é de que é.
34:43Sempre um prazer poder ajudar a senhora, viu?
34:45Vou tentar falar com o delegado, vou tentar explicar de uma maneira que ele compreenda.
34:50Ah, vai ser difícil ele compreender e até acreditar no senhor, viu?
34:55Olha, nós que vimos, a coisa acontecer, a transformação acontecer aqui em casa.
35:00É difícil da gente acreditar, imagina os outros que não viram, né?
35:03É verdade.
35:04Bom, tô indo nessa.
35:06Se cuida, tá?
35:06Tá bom, senhor Ernesto.
35:07Fecha bem direitinho, ok?
35:08Muito obrigada, Deus me acompanha.
35:10Obrigado, fica com Deus também, Donatino.
35:11Amém, obrigada.
35:12Até mais, imagina.
35:13Até.
35:13Ai, meu Deus.
35:21Me proteja, meu Deus.
35:23Proteja a minha casa.
35:25Se Pachola volta aqui de novo, o que é que eu vou fazer?
35:29Se Pachola me aparece aqui com aqueles dentões.
35:34Ai, meu Deus, me proteja.
35:39Proteja a minha casinha.
35:41Faça com que minha casinha exista.
35:55O senhor não tá acordado?
35:57Tô sem sono.
35:59E você?
36:01Não é que ele deu sono?
36:02O que foi, Beto?
36:07Eu acabei de levar um fora da Maria.
36:11Sei, cara, eu...
36:13Abriu meu coração, mas...
36:16Não adiantou nada.
36:19Eu gosto tanto da Maria, mas ela...
36:23Parece que não tá nem um pouco afim de mim.
36:26Eu tô mal, Celo.
36:30Tô apaixonado por ela.
36:32Eu vou te falar uma coisa, Beto.
36:38Me dói, cara, dói.
36:41Dói gostar de alguém que não gosta de você.
36:48Fala, fala o que você quer falar.
36:52Rolou um clima entre eu e a Maria, Beto.
36:54O que que você tá falando?
36:57A gente se beijou.
36:59O quê?
37:02Não foi nada programado.
37:03A coisa foi rolando, a gente se envolveu.
37:07Quer dizer que vocês já se beijaram?
37:09É, Beto.
37:10Eu não quero que você fique chateado comigo.
37:12Celo, eu tô...
37:13Eu tô pagando o maior mico de que eu tô afim de uma garota e você tá...
37:16Você tá ficando com ela sem falar nada.
37:18Qual é, meu irmão?
37:25Tá olhando o quê?
37:26Tava olhando que você nem parece policial.
37:28Não, pareço o quê, então?
37:30Parece modelo.
37:33Você acha mesmo que eu tenho cara de modelo?
37:35Acho.
37:36Você já pensou em modelar?
37:38Não.
37:39E eu não tenho nada a ver com esse mundinho de moda.
37:41Minha parada é outra.
37:42Você é um cara muito interessante.
37:48Você é quem?
37:49Eu?
37:49Por que você quer saber?
37:50Só pra te avisar que eu não sou.
37:52Ah, tá.
37:54Sem chance de ter uma experiência?
37:57Sem chance nenhuma.
38:00Eu só pego mulher.
38:01É, deve pegar um monte, né?
38:03Machão, assim.
38:04Ô, ô, ô.
38:05Eu gostei da sua prima.
38:07Bonita.
38:08A Regina é linda.
38:10Já ficou com ela?
38:11Eu e a Regina?
38:13Nós somos primos e irmãos quase da mesma idade.
38:16Na verdade, acabamos ficando mais irmãos do que primos.
38:24Beto, você não tá entendendo.
38:26Ainda não tinha rolado nada.
38:27Aconteceu agora.
38:28E foi só um beijo.
38:30Nossa, eu paguei mó mico, cara.
38:33Eu fui lá no quarto, dei em cima dela, falei com ela.
38:35Você já tava aqui beijando ela?
38:37Beto, pô, mano.
38:39A Maria tá hospedada aqui em casa.
38:41Ah, eu sei.
38:42Mas aí, você pode dar em cima dela ou eu não posso?
38:45Mas e aí?
38:46O que que aconteceu?
38:47O que aconteceu?
38:47Nada, lógico, né?
38:48Você tinha acabado de beijar ela, você acha que ela ia dar mole pra mim?
38:51Claro que não, né?
38:52Ela ia se queimar com nós dois.
38:53Mas você tentou beijar a Maria?
38:57Mas o que?
38:58Claro que não, Marcelo.
38:59Você me conhece, pô.
39:00Você sabe que comigo é tudo na elegância.
39:02Falei com ela na maior classe, pô.
39:04Não podia imaginar que você já tinha se beijado.
39:08Beto, eu não quero que você fique pensando que eu atropelei qualquer coisa que pudesse acontecer com você.
39:17Porque o que aconteceu entre eu e a Maria foi muito forte, cara.
39:21Marcelo, eu tô te falando um tempão, cara.
39:23Eu tô te falando que eu tô apaixonado pela Maria e você nunca me falou nada.
39:26Como eu nunca falei, Beto?
39:28Claro que eu falei.
39:29Não teve uma vez que você elogiou a Maria que eu não tenho elogiado também.
39:33Lembra?
39:33A mamãe até comentou uma vez.
39:36Não, ela falou por cima, assim.
39:37E não foi só ela, não.
39:38A Tati também.
39:39Só você que não quis perceber, Beto.
39:42Que eu tava afim também.
39:44É, sei lá, sei lá.
39:45Eu não quis enxergar, né?
39:49Vai ver.
39:52Bom, também não é a primeira vez que nós dois gostamos da mesma menina, né?
39:55É.
39:55Isso já aconteceu outras vezes.
39:57É.
39:59Lembra da Clara, né?
40:00Nossa.
40:01Aquela gatinha correndo em Ibirapuera.
40:03Claro que eu lembro.
40:04É, então ela vem pra mim, né?
40:05Toda...
40:06Oi, Beto.
40:07Tudo bem?
40:07Mas tava de olho em você.
40:09É, é.
40:10E era impressionante você sempre mexer nas minhas gavetas.
40:13Sempre.
40:13Não, peraí, peraí, peraí.
40:14Isso não é verdade.
40:15Peraí.
40:16Peraí, Beto.
40:17E a Mônica?
40:18Lembra da Mônica?
40:19A menina é mó gata.
40:20Saí com ela uma vez pra jantar.
40:23Conheci ela na balada.
40:24Não, não.
40:25Peraí.
40:25Aí foi diferente.
40:26A gente se encontrou por acaso na cantina no Bexiga.
40:30E eu tava na minha, com os meus amigos.
40:33Ela que veio falar comigo.
40:34Era uma loura de parar o trânsito.
40:36Quem ficou com ela?
40:38É verdade, né?
40:39Ela ficou afim de mim, né?
40:41Mas foi só dessa vez.
40:43Não, não, não.
40:43Teve outra vez.
40:44Aquela ruivinha lá da Bela Vista.
40:46É.
40:48Falei caneca, 728, apartamento 103.
40:51Eu lembro, lembro.
40:53Cada festinha regada que ela dava naquele apê.
40:56Menina mó gata.
40:58Ficou com você também.
40:59É mesmo.
41:04Ah, meu Deus.
41:07Vou ter que tirar a Maria da minha cabeça agora.
41:09Se ela virar a sua cunhada, vai ter que esquecer.
41:17Te deu bem, né?
41:18Mandou, mandou, né?
41:19É?
41:20É, mano.
41:21Tá bom.
41:23Vamos deixar de ser amigo por causa disso, né?
41:24Claro que não.
41:26Com certeza que não, meu irmão.
41:28Vai ser a primeira vez, né?
41:30A última que dois irmãos que se gostam ficam afim da mesma mulher.
41:34E eu vou continuar a te amar do mesmo jeito.
41:35Boa.
41:36Eu também.
41:36Eu vou respeitar o teu lanche com a Maria.
41:42Vamos ver o que acontece, né?
41:44Tchau, lá.
41:56Eu não dei um cata na sua prima, porque você é boiola.
42:02Você é frutinha.
42:04Boiola, frutinha.
42:05Palavras mais politicamente incorretas.
42:07Politicamente incorreto?
42:08Eu?
42:09Eu acho que você, como policial, não devia falar assim.
42:12Aliás, mesmo que não fosse, não é correto falar de homossexuais e gays assim de uma maneira ofensiva.
42:17Escuta aqui.
42:19Você que vem aqui no banheiro dar em cima de mim e eu que sou politicamente incorreto?
42:23Eu não vim aqui dar em cima de você.
42:24Eu tava precisando fazer um xixi, tava apertado.
42:26Eu sei muito bem do que você tá precisando.
42:29Olha, você, por favor, me respeite.
42:30Ó, fica.
42:32Fica dando em cima dos homens aí, que uma hora você pega um cara que nem eu, que não gosta, aí você vai ver.
42:37Ah, calma.
42:37Olha só, você neguei, tudo bem, eu já atendi.
42:39Agora não precisa agredir quem é por causa disso.
42:42Ou você se sentiu agredido porque eu fiz um elogio, dizendo que você podia ser um modelo?
42:46Eu não gosto nem de levar a cantada de homem.
42:48Deve ser porque você é muito inseguro.
42:51Inseguro eu?
42:52Inseguro?
42:52Eu sei muito bem do que eu gosto, rapaz.
42:53Eu gosto de mulherzinha.
42:54Ah, calma, não precisa ficar irritado, não.
42:56Olha, você pode ficar à vontade com as suas mulherzinhas, tá?
42:59Mas sem me desrespeitar, sem ser preconceituoso, sem ser agressivo comigo, tá?
43:01Por favor.
43:02Visa pra tua prima que eu tô afim dela.
43:04Fala.
43:05Eu não.
43:06Por que ficou com ciúminho na tua prima gostosa agora?
43:08Ficou?
43:08A Regininha é uma pessoa muito legal pra conhecer um cara preconceituoso e homofóbico como você.
43:15Homofóbico?
43:15Eu?
43:16Você ainda não viu nada.
43:18Sujeito sem educação, despreparado, agressivo.
43:20Um verdadeiro perigo pra sociedade.
43:22Será que eu te prendo pro desacato?
43:24Eu te jogo na cela com um bando de preso doente, aí você vai ver o que é bom.
43:27Olha só, você sabe com quem que você tá falando?
43:28Eu sou Danilo Maia.
43:29Minha família é dona da Progênese.
43:31Você não tá falando com nenhum travesti de periferia que tá na pista, não, tá?
43:35Aliás, mesmo que eu fosse, você não teria esse direito de ficar me escuro achando.
43:37Isso é ridículo.
43:38Ridículo é você, cara.
43:39Se olha no espelho.
43:40Olha, tomara que a lei anti-homofobia seja logo aprovada no Congresso.
43:43Só assim a violência contra gays e homossexuais vai diminuir um pouco nesse país.
44:03Ai, meu Deus.
44:05A resta é diário.
44:09Que Pachola botou no pescoço?
44:16Meu Deus.
44:17Será que Pachola tinha razão?
44:21Será que quem fez isso foi Vavá?
44:25Não é possível, meu Jesus.
44:29Ele é uma criancinha.
44:31Ele é uma criancinha.
44:32Tem o coração puro.
44:34Ele não ia fazer mal a ninguém.
44:38Ave Maria.
44:39Ele é uma criancinha.
44:40Ele é uma criancinha.
44:42Pachola botou no pescoço.
44:43Ele é uma criancinha.
44:45Ele é uma criancinha.
44:46Ele é uma criancinha.
44:47Ele é uma criancinha.
44:48o que é que está acontecendo?
44:51Essa aqui é uma razão de pobre, meu senhor.
44:55Desgraça, eu não quero mais, não.
44:58Olha aí os retratinhos do menino.
45:01Tudo pelo chão, tudo acabado.
45:04Tanto trabalho, meu Deus, tanto dinheiro jogado fora.
45:10Ai, meu Jesus.
45:13Que maldição é essa, meu Deus?
45:17Não me cabe entender, meu Jesus, mas tanto sofrimento tem me trazido.
45:22Oh, meu Senhor, me ajude, eu preciso de sua proteção.
45:41Altyena! Altyena!
45:44Puta aí!
45:45Ajuda, Altyena.
45:47Você tá com a ajuda.
45:48Sou eu, Altyena.
45:49Eu preciso da tua ajuda, Altyena.
46:15Eu já tive medo de você, Pajora
46:19Agora eu não tenho mais, não
46:20Eu só tenho a pena
46:22Se tem pena, abre a porta, Altina
46:24A única coisa que eu tenho certeza que eu não vou fazer é abrir a porta
46:30No avião eu vou ter que arrumar
46:31Eu vou ter que arrumar
46:45Não sabe, eu sei
46:48Sabe o que é um provador
46:50Não sabe, eu sei
46:54Ah, você não sabe não