De Genebra (SUI), Diego Mezzogiorno destacou o anúncio da redução de tarifas comerciais entre China e Estados Unidos por 90 dias, marcando um novo capítulo nas relações econômicas entre as duas potências. Acompanhe a análise de Mariana Almeida.
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NotíciasTranscrição
00:00E vamos direto então a Genebra, ao vivo lá para a Suíça com o correspondente Diego Mesogiorno,
00:06onde China e Estados Unidos anunciaram redução de tarifas comerciais e uma parada por 90 dias,
00:14a suspensão das tarifas impostas pelos Estados Unidos e também a retaliação da China.
00:19Então, Diego Mesogiorno chegando novamente ao agora.
00:22Diego, finalmente aí estamos caminhando para um acordo entre as duas potências mundiais?
00:32Olha, Klein, planos quentes, uma tranquilidade que afetou inclusive os mercados aqui na Europa,
00:40os mercados respiraram bem, receberam bastante bem esse anúncio.
00:46Há uma ponderação também sobre algumas questões.
00:50A primeira é, esse tipo de discussão de pragmatismo vai durar quanto tempo?
00:58A gente está falando de Donald Trump, isso todos os noticiários econômicos da Europa estão falando.
01:03Há o temor que Donald Trump simplesmente desconstrua o que ele acabou de construir em pouco tempo.
01:09Esse temor existe.
01:11Mas o que a gente tem hoje é, por 90 dias,
01:14exceto uma taxa de 10% aplicada nos Estados Unidos vai ficar por volta disso,
01:21isso não vai ser alterado.
01:23Há esta, digamos, relação frequente agora para esses debates criados já com o governo dos dois países,
01:32o que aparentemente vai criar algum tipo de laço.
01:37Então, os debates serão mais frequentes, o que incomodar um lado pode ser dito mais tranquilamente.
01:43Então, esta relação, essa tomada de discussão em relação aos dois países vai ficar melhor.
01:49Esta é a promessa.
01:51E a partir dos 90 dias fica 30% de taxação para produtos chineses que entram nos Estados Unidos,
02:0010% para os que entram americanos na China.
02:02E isso vai ser mantido até então.
02:06Então, há realmente essa expectativa.
02:10O governo chinês está muito tranquilo quanto a isso.
02:13E, como eu tinha dito um pouco tempo atrás,
02:16o representante do governo chinês com quem eu conversei aqui em Genebra disse
02:20nós somos competitivos, muito competitivos inclusive, com essas tarifas.
02:26Então, a princípio, é uma coisa que também agrada ao governo de Pequim.
02:30E a gente viu, né, Diego e Mari, a gente viu o Scott Besant agora há pouco,
02:35o secretário do Tesouro, falando também sobre esse acordo, né, Mari?
02:39Sim, o Scott Besant um pouco afirmando na mesma linha que o Diego estava dizendo,
02:43de que é um processo que tem uma reunião permanente agora aberta também com a China
02:48para tentar achar o ponto que para ele seria esse ponto de virada,
02:51desse mal que a indústria chinesa causou nos Estados Unidos até agora.
02:56Eu queria aproveitar o Diego, que está ali no clima mesmo, né, do noticiário e na Europa,
03:01para perguntar, você comentou que os noticiários econômicos aí estão dizendo que, bom,
03:06está aí, tem um acordo, mas a gente sempre pode esperar uma reviravolta
03:09porque falamos de Donald Trump.
03:11Esse Donald Trump também, você também já trouxe outras vezes,
03:14que conseguiu, do ponto de vista europeu, unir um pouco mais os 27 países da União Europeia.
03:19Esse tom de gente ainda não dá para relaxar muito.
03:21Tem sido também usado para falar, vamos continuar juntos enquanto União Europeia?
03:26Como é que está esse clima de reorganização aí, política econômica da Europa,
03:31frente aos anúncios do acordo?
03:34Mari, eu acho que o estrago está feito.
03:37Uma vez que essa parceria com os Estados Unidos foi minimamente danificada,
03:44os europeus se ligaram em relação a que eles têm que estar unidos
03:49e que eles têm que tomar conta do próprio nariz.
03:51Eu acho que essa é uma coisa que veio para ficar e não vai voltar.
03:55Obviamente, dependendo do governo e dependendo das ações políticas do governo dos Estados Unidos,
04:01acordos podem ser feitos, costurados, refeitos,
04:06mas o mal-estar e o medo de que isso possa acontecer,
04:11depende do governante de turno,
04:14que aconteceu nos Estados Unidos, Mari,
04:16e eu acho que é uma coisa que veio para ficar.
04:19A questão do rearmamento também,
04:22e isso também é uma reação às políticas de Donald Trump,
04:26é uma coisa que também veio para ficar.
04:29Eu só queria deixar um detalhe,
04:30que isso é um bastidor bastante interessante,
04:33porque eu estava nessa apresentação do Scott Bassett,
04:38era a cara de satisfação dele,
04:41era uma coisa impressionante,
04:42porque, como eu tenho acompanhado aqui desde o começo das reuniões,
04:46a cara de satisfação de contar o que eles conseguiram com relação à China,
04:52era uma coisa que era visível, brilhava os olhos.
04:55Agora, curioso, né,
04:56porque quando a China que falou para você,
04:59o representante chinês,
05:00não, nós somos competitivos com esse nível tarifário,
05:03se isso é verdade,
05:04em tese você vai fazer tudo ficar um pouco mais caro,
05:06mas, ainda assim, a China continuaria inundando,
05:09teoricamente, os Estados Unidos com as suas exportações
05:11e causando o mal que ele queria evitar.
05:14Quer dizer, essa cara aí de satisfação tem base?
05:18O que você acha?
05:19Vai ter uma mudança aí positiva?
05:21Afinal de contas, conseguiram o que queriam?
05:26Eles dizem que conseguiram o que queriam,
05:28mas, por isso, a análise europeia dos mercados,
05:30exatamente, até quando é o que eles querem
05:33e por que eles não podem mudar de ideia daqui a um mês,
05:36dois ou três.
05:37Essa é a primeira coisa.
05:39Uma coisa que, realmente,
05:41quem vai ficar de antena em pé ligado
05:44sobre esses produtos que poderiam, por exemplo,
05:47ir para os Estados Unidos
05:48e podem inundar, não os Estados Unidos,
05:51mas uma outra região,
05:52é a União Europeia.
05:53Porque a União Europeia já vem discutindo,
05:55desde que as taxações de Donald Trump
05:58já foram aventadas lá no início,
06:00de criar barreiras, criar empecilhos,
06:03isso começou com carros elétricos,
06:06com outros produtos,
06:07porque o temor deles é exatamente
06:08que isso venha a desembocar tudo aqui na União Europeia
06:11e aí a competitividade dos europeus
06:14talvez seja até muito menor
06:16em relação à China,
06:18quanto os produtos americanos são.
06:22Bom, Diego,
06:22e a gente viu também
06:25que a Suíça vai pegar o ensejo desse acordo
06:29e também vai ter uma negociação com os Estados Unidos.
06:32Seria mais um país aí da Europa
06:34tentando um acordo depois do Reino Unido.
06:37Então, eles aproveitaram esse desembarque
06:39de Scott Besant aí na Suíça,
06:42em Genebra também,
06:44já para costurar algum acordo.
06:46Quais são aí os detalhes disso?
06:49Realmente vai acontecer esse encontro?
06:51Esse encontro já está programado,
06:55Scott Besant não vai embora
06:57sem encontrar os representantes,
06:59inclusive que ele agradeceu muito
07:01por terem feito a mediação recebido aqui na Suíça
07:05para fazer essa mediação entre China e Estados Unidos.
07:09Sim, criou uma boa relação em relação a todos
07:12e isso vai também especialmente pela indústria farmacêutica da Suíça
07:19que pode impulsionar bastante,
07:21especialmente porque Donald Trump fez uma ação hoje
07:27para criar um barateamento de medicamentos nos Estados Unidos
07:32e isso pode vir de encontro com eles.
07:35A indústria farmacêutica daqui
07:38agradece bastante essa ação
07:41e eu creio que é quem mais vai ser beneficiado
07:43num eventual acordo.
07:46E Diego, no fim das contas
07:49a gente tem esse momento aí de maior calmaria,
07:52talvez no padrão geral aí de aumento de tarifas
07:54e aí abre espaço para essas negociações setor a setor.
07:57Você estava falando um pouco do setor farmacêutico,
08:00você também já comentou um pouco da questão,
08:02no caso da Europa aí, da indústria armamentista.
08:05Quem mais você está vendo aí se movimentando?
08:07Até com esse crescimento positivo da Bolsa,
08:10dá para ter outros destaques?
08:12O que você vê que tem ocupado aí os noticiários
08:14como setores que estão agora podendo se reorganizar
08:18e eventualmente crescer um pouquinho nesse bojo do suspiro?
08:22Olha, são dois setores que, especialmente aqui na Europa,
08:29são bastante interligados,
08:31que é o setor automobilístico,
08:33especialmente agora porque Ursula von der Leyen
08:36já está com um estudo totalmente pronto
08:39para barreira em relação aos carros chineses
08:42e especialmente carros elétricos.
08:44Há várias plantas aqui sendo financiadas pela União Europeia
08:49de baterias também, porque eles querem sair um pouco
08:52dessa dependência das baterias vindas da China,
08:56então serem autossuficientes para a criação dessas baterias
08:59é uma coisa.
09:00E também o setor armamentista,
09:01porque rearmar a Europa, o bloco europeu,
09:06ativa também essa indústria.
09:08A gente quando fala, por exemplo,
09:10de um conglomerado como a Estelantes,
09:14a gente pode citar a Fiat,
09:17a gente cita também que eles produzem armas,
09:19produzem máquinas de guerra,
09:22então esse setor está bem aquecido
09:23e todo o mercado aquece junto com eles,
09:28com essa expectativa.
09:31Diego e Mari, a gente estava falando do setor farmacêutico,
09:34o Diego falando, você comentando,
09:35o Donald Trump, que num decreto decidiu aí
09:40reduzir o preço do medicamento nos Estados Unidos
09:43em até 80% e a assinatura desta medida
09:46está prevista para hoje.
09:49Mas depois a gente volta a falar com o Diego Direto de Genebra
09:52e também com a Mária Almeida.
09:54Obrigado por enquanto a vocês.