O acordo tarifário entre China e Estados Unidos trouxe alívio aos mercados globais. Andrea Damico, economista-chefe da Buysidebrazil, analisou os impactos sobre o comércio internacional, o Brasil e os próximos passos do Banco Central.
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00:00E em meio ao acordo tarifário entre China e Estados Unidos, os mercados globais, nós sabemos, reagem com otimismo ao longo desta semana.
00:10Analistas veem o entendimento entre as duas maiores economias do mundo como um alívio para o comércio internacional e também uma boa notícia, inclusive, para o Brasil.
00:19Para comentar os impactos dessa negociação no cenário econômico, vamos conversar agora com a Andrea D'Amico, que é economista-chefe e CEO da BySide Brasil.
00:28Oi, Andrea. Muito bom dia para você. Seja bem-vinda ao nosso jornal.
00:33Bom dia, Eduardo. Bom dia a todos.
00:36Andrea, olha só, depois de meses de tensões comerciais, essa trégua foi muito bem recebida, mas será que é, de fato, uma virada de página?
00:46Eu tendo a acreditar que sim, Eduardo. Eu acho que foi uma trégua bastante surpreendente até.
00:54Eu acho que, inicialmente, ao longo da semana passada, quando se falavam desse encontro, diziam que seria apenas um encontro inicial, algo para iniciar o diálogo.
01:08Na própria sexta-feira, a gente viu o Trump dizendo que as tarifas iriam ficar em 80%, o que também gerou um pessimismo maior no mercado.
01:20Porém, para nossa surpresa, houve essa trégua já de 90 dias e com uma redução bastante contundente das tarifas.
01:29Então, 115% de tarifas a menos nos dois lados, e assim ficando 30% na tarifa da China contra 145 anteriores e 10% na tarifa dos produtos americanos na China.
01:49Então, creio eu que ambos os lados perceberam ali a gravidade dessa guerra comercial, os seus impactos sobre a economia real, não só sobre o mercado financeiro,
02:05e ali reavaliaram e já, enfim, acordaram essa redução substancial.
02:11Então, eu vejo como algo bastante relevante, sim, do ponto de vista da mudança do cenário.
02:22Eu acho que, antes disso, nós tínhamos um cenário muito mais incerto.
02:28Eu acho que, agora, a incerteza prevalece, sim, mas ela é menor.
02:34Agora, André, ainda sobre Estados Unidos e China, mas já trazendo um pouquinho do papel do Brasil,
02:38uma dúvida que fica, pelo menos para mim, é a seguinte.
02:42Durante a guerra comercial, existia essa tese de que um confronto entre China e Estados Unidos poderia beneficiar o Brasil
02:49na medida em que o país asiático olharia mais para nós.
02:52Até outros países poderiam ampliar o contato comercial conosco.
02:56Com esse arrefecimento na guerra comercial, esfria a tese de um favorecimento para o Brasil
03:04ou o entendimento entre as duas maiores economias do mundo por si só
03:08já é uma boa notícia que deixa ofuscada essa questão mais lateral, talvez,
03:14de um desdobramento positivo para o Brasil?
03:18Olha, eu acho que esfria um pouco, sim, esfria.
03:22Porque acho que uma parte dessa tese derivava, na verdade, de um pressuposto de que a China iria retaliar a economia americana,
03:37principalmente os produtos agropecuários, que ela importa muito dos Estados Unidos,
03:45importando de outros países, como o Brasil, por exemplo.
03:50Então, nesse caso, havendo esse acordo, essa parte da tese, eu acho que ela, sim, é prejudicada,
04:02porque houve uma trégua e talvez até uma parte dessa trégua e do futuro acordo mais definitivo
04:09entre China e Estados Unidos contemple o agronegócio.
04:14Porém, eu acho que tem uma outra parte da tese que é simplesmente o fato de, digamos,
04:24você está ainda num certo confronto aí, numa guerra comercial,
04:32e isso, sim, pode, de certa forma, beneficiar acordos bilaterais entre outros países,
04:43em detrimento do acordo com os Estados Unidos.
04:46Então, resumidamente, eu acho que esfria um pouco,
04:52mas não...
04:54não desfalece totalmente essa tese, tá?
05:00Agora, Andréia, eu também queria falar sobre a aproximação do Brasil com a China,
05:05porque o presidente Lula está lá em Pequim, uma série de acordos foram assinados,
05:09inclusive houve um acordo do ponto de vista de swap cambial,
05:13um acordo firmado entre o Banco do Povo da China e o Banco Central do Brasil,
05:17o presidente Gabriel Galípolo está por lá.
05:18Queria te ouvir sobre essa aproximação entre as duas partes
05:22e se, de fato, essa recepção de investimentos da China
05:27tem potencial de alavancar a economia brasileira.
05:31A China já é, tradicionalmente, um investidor importante no Brasil.
05:38A gente observa, principalmente, isso, o que nós economistas chamamos de FDI,
05:46que seriam investimentos estrangeiros diretos,
05:49que são investimentos que são feitos na economia real.
05:54A China tem pouca participação nos investimentos financeiros brasileiros,
06:01como, por exemplo, na Bolsa brasileira, nos títulos de dívida pública brasileira,
06:06mas ela tem, sim, uma grande participação nos investimentos diretos na economia real,
06:13principalmente nesses setores de infraestrutura, alguns setores de commodities.
06:18Então, eu vejo esse anúncio como uma continuidade dessa tendência
06:28que a China já tem mostrado de investir mais no Brasil nos últimos anos.
06:35Os números não são tão relevantes assim.
06:3927 bilhões, a gente está falando de algo em torno de 6 bilhões,
06:465 bilhões e meio de dólares, em torno de 5 bilhões de dólares, melhor dizendo.
06:51Então, na verdade, pensando num investimento estrangeiro direto,
06:59que o Brasil normalmente recebe em torno de 70 bilhões,
07:03a gente está falando de um pouco mais de 10% do que normalmente recebemos de investimento direto por ano.
07:12Então, assim, é uma cifra razoável, não dá para se desprezar,
07:17mas não é nada que altere significativamente a expectativa para investimento estrangeiro direto no Brasil.
07:26A gente está falando de algo menor que 10%, menos que 10% do total que o Brasil, na média,
07:34tem recebido de investimento estrangeiro direto.
07:38André, vou te interromper rapidamente, porque nós vamos ver agora imagens do presidente dos Estados Unidos,
07:44Donald Trump, em Riyadh, na Arábia Saudita.
07:47Ele que, então, chegou para esse giro no Oriente Médio.
07:50São imagens que nós podemos acompanhar agora em tela, ele nesse encontro de assinatura,
07:55inclusive de acordos, de cooperação, uma visita que foi muito propagada pela Casa Branca
08:01como uma oportunidade para a economia americana.
08:04Então, André, eu queria te ouvir sobre o que nós podemos esperar dessa visita
08:08do presidente americano ao Oriente Médio.
08:11Qual que é a sua expectativa?
08:12Olha, acho que o Trump tem feito esses acordos, acho que recentemente chamou bastante atenção
08:22o acordo dos Estados Unidos com o Reino Unido.
08:28Então, acho que, sim, esse encontro entre eles pode, daí pode sair um acordo mais específico
08:39dos Estados Unidos e da Arábia Saudita, e, claro, sobre a questão do petróleo,
08:46que eu acho que, obviamente, é o que é o principal produto de explotação da Arábia Saudita.
08:53Eu acho que dificilmente é complicado dizer exatamente o que vai sair,
09:00mas o que a gente tem observado do lado da economia americana
09:06é uma disposição de ampliar a sua produção de petróleo de forma significativa.
09:16Enfim, essa é uma das bandeiras do Trump de campanha e já fez questão ali no seu primeiro dia de governo
09:24de assinar um documento emergencial explicitamente sobre essa questão do petróleo.
09:37Então, a gente vê a relevância realmente que o petróleo tem para a economia americana.
09:45Então, realmente, acho que esse acordo tende a ser bastante relevante, sim.
09:52E um acordo potencial, acordo entre Estados Unidos e a Arábia Saudita nesse campo do petróleo
09:57pode incentivar a cotação do próprio barril no mercado internacional, que pesa aqui no nosso país.
10:04Exato, exato.
10:06O que a gente viu, até de uma forma um pouco inesperada,
10:12é que, nesse momento em que a gente vê uma desaceleração da economia global,
10:17uma desaceleração da economia americana, a gente vê uma queda de demanda de petróleo,
10:25uma potencial queda de demanda de petróleo, por esse estrutural de uma demanda mais fraca.
10:33Então, a gente está vendo isso e isso tem um impacto sobre a moeda para baixo.
10:39E nos surpreende o fato de, nas últimas semanas,
10:49a gente ter visto a Arábia Saudita ampliar a sua produção.
10:54Então, isso é algo que chama atenção,
10:58porque, normalmente, em situações de queda de demanda,
11:02até para manter os preços um pouco mais elevados,
11:06a OPEP, em linhas gerais, produz uma queda da produção,
11:13acaba reduzindo a sua produção para elevar os preços.
11:17Só que, dessa vez, a gente não viu isso,
11:20a gente viu a Arábia Saudita elevar ali a sua produção,
11:26o que aumenta a oferta do produto e, com uma demanda já enfraquecida,
11:33só potencializa a queda de preços.
11:36Então, eu tenho bastante curiosidade para entender um pouco o termo desse acordo final.
11:46Enfim, se ele vai na direção que a gente está vendo atualmente,
11:51a Arábia Saudita se manifestar,
11:55que é na direção de ampliar a sua oferta,
11:58o que até contribui para uma queda adicional do preço,
12:02ou se eles fecham um acordo de, eventualmente,
12:08ou, pelo menos, uma estabilidade dessa oferta da Arábia Saudita,
12:13que, no final, pode manter mais estável os preços
12:21e não contribuir adicionalmente para a queda que a gente está vendo.
12:27Então, enfim, eu acho que vai ser interessante acompanhar
12:31o resultado dessa visita e desse acordo.
12:36Ao mesmo tempo, a gente tem visto o presidente americano
12:40fazer uma espécie de inflexão a esse eixo mais asiático.
12:44A própria Arábia Saudita, Catar, vai talvez receber um avião.
12:50Tem a questão da relação até um pouco mais amistosa
12:53com o presidente da Rússia, Vladimir Putin.
12:56Eu queria ouvir da senhora o que faz Donald Trump
13:00se virar mais para esses parceiros
13:03do que a parceira mais tradicionais dos Estados Unidos,
13:07como o próprio Canadá, que hoje as duas partes
13:10já viraram quase pessoas não gratas.
13:15Bom, o Trump é uma figura particular, enfim.
13:22Nós estamos vendo desde o início,
13:25desde a campanha, na verdade.
13:27Ele não mantém ali o status quo
13:35de um presidente republicano convencional.
13:40Então, enfim, acho que ele acaba
13:44não preservando tanto o status quo,
13:49os parceiros históricos dos Estados Unidos
13:54e acaba em alguns momentos ali
13:59até priorizando esse tipo de contato,
14:03como você comentou,
14:05que é um pouco mais alheio aí
14:07ao histórico americano.
14:10Mas o que eu entendo dessa lógica do Trump,
14:16que, enfim, se é que tem uma lógica,
14:19mas o que eu entendo é que a prioridade realmente dele
14:27é tentar fazer essa fatídica reindustrialização
14:33e, no final da história,
14:37esses parceiros históricos são os parceiros
14:41que permitiram que tenha ali déficits comerciais significativos
14:48com os Estados Unidos de um lado
14:50e que os Estados Unidos também
14:52acabou apoiando militarmente,
14:55com isso gastando ali volumes
14:58consideráveis na defesa desses países.
15:06Então, eu entendo que a lógica dele
15:10vai um pouco por aí.
15:13Agora, totalmente questionável,
15:15você tratar tão mal assim
15:19um vizinho como o Canadá,
15:22que é um vizinho extremamente leal,
15:26enfim, com uma economia
15:27que, sim, tem contribuições extremamente relevantes
15:33para a economia americana.
15:34Então, a lógica, ela é...
15:38Por vezes, é difícil encontrar a lógica, né?
15:42Mas eu entendo que o racional dele,
15:46embora eu não concorde com esse racional,
15:49mas eu entendo que esse racional esteja ali,
15:52olha, gera déficit comercial,
15:55ah, então eu vou tratar pior, né?
15:58Eu tenho que gastar com a defesa também ali,
16:04e eu vou tratar um pouco pior.
16:08Então, eu acho que é mais para esse lado,
16:12não que eu concorde, né?
16:15Mas eu entendo que é um pouco nessa linha
16:19que tem sido, pelo menos aí,
16:21as últimas decisões do Trump.
16:24Andréa D'Amico, economista-chefe-CEO
16:26da BySide Brasil,
16:27quero muito agradecer a sua participação
16:29aqui no nosso jornal.
16:31Até mais.
16:32Até mais, Eduardo.