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  • há 3 dias
Uma série documental que convida os espectadores a explorar a beleza e a diversidade dos ecossistemas de Portugal, revelando como pessoas apaixonadas pela natureza se conectam e trabalham em harmonia com a Natureza selvagem do nosso país.
Transcrição
00:00Este sítio que é fora da sociedade, de certa forma, fora do barulho, fora da confusão,
00:10onde só existe natureza e nós pessoas também somos parte da natureza, também somos natureza.
00:21A reflorestação é importante, mas é apenas um dos fatores que são necessários para esta região.
00:30E, portanto, com os seus grandes astos, é um animal magnífico que dá muito gosto a quem o observa.
01:00E, portanto, com os seus grandes astos, é um animal magnífico que dá muito gosto a quem o observa.
01:29E, portanto, com os seus grandes astos, é um animal magnífico que dá muito gosto a quem o observa.
01:59Então, desenvolvemos uma relação com aquele espaço, com a rocha, desenvolvemos um carinho especial.
02:11Então, também traz essa vontade de querer proteger o espaço como ela é.
02:15Esta serra tem um enorme potencial turístico, desde que se consigam preservar os seus valores.
02:25A CIDADE NO BRASIL
02:37Eu comecei a fazer escalada a primeira vez.
03:02Uma das coisas que comecei a pensar em escalar foi porque a atravessar uma ponte, ali na Marginal, daquelas pontes fininhas, senti pela primeira vez vertigem.
03:12Então, comecei a pensar, pá, tenho que combater este medo de alguma forma.
03:20Na altura, tinha um amigo meu que fazia escalada e pronto, ele levou-me a escalar.
03:28Comecei a escalar a partir daí, mas isso foi, tipo, o princípio de tudo o que a escalada me deu até hoje.
03:33A escalada trouxe-me amigos diferentes, trouxe uma coisa que eu sentia imensa falta, que era estar na natureza num sítio onde nem sequer apanhas rede.
03:50E que, de certa forma, em que todos tínhamos o mesmo propósito.
03:55Conseguir fazer um projeto, de certa forma, é um projeto que tens, que é chegar ao topo da falésia.
04:02Por um lado ou por outro, cada um escolhe a linha que quer fazer, também dependendo das suas capacidades, não é?
04:08Mas, pronto, trouxe-me este sítio que é fora da sociedade, de certa forma, fora do barulho, fora da confusão, onde só existe natureza.
04:23E nós, pessoas, também somos parte da natureza, também somos natureza, sem qualquer distração.
04:29E nós, pessoas, também somos parte da natureza.
04:59O Cabo Espechel é virado a sul, é um cabo, é uma parede branca gigante que sai do mar.
05:22Nós chamamos aquilo Atlântida.
05:24E acho que quando fizemos o nome nenhum de nós, tinha a noção do nome que estava a dar,
05:27que é tão adequado àquele sítio, porque Atlântida, nas filosofias tradicionais, é um monte branco que sai do mar.
05:34Existe ali uma... algo que se foi perdendo em Portugal, que é os pastores, os pescadores,
05:54temos uma vida muito mais humilde, de certa forma, verdadeira, bastante verdadeira.
06:03E existe uma interação entre as poucas pessoas que ali vão, incluindo nós.
06:09E acho que para a maioria de nós nos faz lembrar como era quando nós éramos mais novos.
06:13Eles ainda fazem o queijo, ainda às vezes as ovelhas de um lado para o outro.
06:19Entre muitas coisas, é um refúgio espiritual para todos nós que lá vamos, eu acho.
06:25Eu vivo em Sintra, portanto, a primeira tipo de escalada que fiz foi mesmo na Serra de Sintra.
06:43Um tipo de escalada que chama-se boulder, que é em rochas mais pequenas, em que não é preciso cordas,
06:49é só preciso uns colchões e que não é muito aconselhável, mas podes ir sozinho.
06:53descobrir a tua rocha e tentar subi-la.
07:17Com uma escalada em Portugal, apesar de já ter imensa gente a escalar,
07:22nas falésias e tudo, ainda somos poucos, existe uma consciência gigante em deixar tudo como estava.
07:29Até porque nós realmente usufruímos disso, de chegar a um sítio onde ainda não teve lá quase ninguém,
07:36ou mesmo ninguém.
07:38E deixar o espaço exatamente como o encontramos faz parte.
07:42Existe alguma consciência, alguma proteção, especialmente a trazer a atenção a outras pessoas
07:48que frequentam estes sítios, como a Serra de Sintra, por exemplo,
07:51e não alterarem o espaço como ela é naturalmente.
07:57As rochas para nós têm um nome, cada linha tem um nome, cada rocha tem um nome,
08:04os boulders e Sintra têm um nome.
08:08Às vezes passamos meses, às vezes passamos anos para conseguir subir uma rocha ou uma falésia.
08:15E é um ano que estamos ali, ou até pode demorar vários anos,
08:18em que estamos ali a passar dias, meses, semanas a tentar, na rua, ao sol, ao frio.
08:27Então desenvolvemos uma relação com aquele espaço, com a rocha,
08:31que desenvolvemos um carinho especial.
08:34Então também terás essa vontade de querer proteger o espaço como ela é.
08:38Não só os passos, mas também os animais.
08:41É como nós calamos falésias, nós temos muitas vezes ninhos de falcão, ninhos de gaivota.
08:48Portanto, quando isso acontece, por exemplo, nós fazemos uma marca
08:51em que pronto, as pessoas já sabem, chegam lá e já sabem,
08:55olha, há aqui um ninho, não vamos subir aqui, vamos subir no outro lado.
08:59Há certas falésias que até durante alguns meses não se escala mesmo por causa disso.
09:03Portanto, acho que os escaladores trazem sempre um lado positivo àquele espaço.
09:12Eu acho que a escalada nós hoje em dia fazemos,
09:15e pode-se levar assim um bocadinho como desporto,
09:16mas eu acho que nos está enraizado dentro de nós.
09:19Por exemplo, em Sintra, aquilo foi onde eu cresci.
09:23Não sabia sequer que era possível escalar.
09:27Portanto, quando descobri, comecei a passar muito mais tempo na floresta
09:32de onde eu sou local, não é?
09:34Quando eu digo muito mais tempo, é...
09:36Passávamos dias e noites lá e todo o tempo livre que tínhamos
09:40era para estarmos na floresta, neste ambiente que estamos aqui.
09:44E depois toda a descoberta, acho que também está dentro de nós, descobrir, não é?
09:48Portanto, um escalador quer descobrir falésias,
09:51quer descobrir bolas dentro da...
09:53No meio da vegetação de Sintra,
09:55há aquele perdido que é lindo de subir.
09:58Portanto, continua a desenvolver esta parte de imaginação
10:01e descoberta,
10:04que eu acho que também faz parte dos géneros dos portugueses, não é?
10:11A Serra de Sintra, pronto,
10:13tal como o Cabo Espechel,
10:15são sítios diferentes,
10:16as rochas são diferentes,
10:18o ambiente é diferente,
10:20mas faz uma coisa que só acontece na natureza,
10:24que é cada espaço é mesmo único
10:27e não há nada melhor,
10:28não há nada melhor do que
10:30poderes partilhar momentos com amigos,
10:34não estás sozinho, estás com os teus amigos
10:36e dás por ti,
10:38estás a olhar para o mar a ver o pôr do sol,
10:41estás a olhar para o mar simplesmente a contemplar
10:44durante várias horas com os teus amigos,
10:48muitas vezes sem palavras,
10:50outras vezes a partilhar experiências,
10:54a partilhar conhecimento,
10:57mas muitas vezes só a estar ali,
10:59só a ser,
11:00sem vontade de fazer mais nada.
11:04e aí
11:18e aí
11:21e aí
11:23Nós começámos a trabalhar nesta região, em Monchique, desde 2015, num projeto de investigação.
11:48Em 2019, no rescaldo do incêndio de 2018 de Monchique, surgiu a oportunidade de trabalharmos um projeto de reflorestação de áreas ervidas,
11:58que era essa a temática que nós vínhamos investigando.
12:04Rapidamente se montou aqui uma rede de parcerias que tornou esse projeto possível,
12:12e menos de seis meses após o incêndio de 2018, nós já estávamos a trabalhar aqui no terreno.
12:18Neste momento, estamos no quinto ano do projeto, nós já plantámos cerca de 380 mil árvores.
12:32Em Monchique, e como a maioria de Portugal, temos uma particularidade muito grande na floresta,
12:38é que praticamente toda ela é privada, 98% da propriedade florestal em Portugal é privada,
12:46e portanto, quando nós temos um incêndio, uma catástrofe, como foi o incêndio de Monchique,
12:51são pessoas reais de carne e osso que são afetadas.
12:54Portanto, nós, desde 2019, estamos consecutivamente a trabalhar com proprietários privados
13:01que foram afetados pelo incêndio e que, de certa maneira, têm alguma relação económica, ancestral, cultural,
13:09com o seu território, desde produtores de medrónio, produtores de cortiça.
13:15Esse tem sido o núcleo duro do projeto.
13:17Neste momento, conseguimos trabalhar com 67 proprietários.
13:20O objetivo é que, todos os anos, nós vamos crescendo essa rede colaborativa.
13:27Já alcançámos, em termos de acordos de gestão, cerca de 1.200 hectares.
13:33E a nossa perspectiva é continuar a trabalhar por muitos mais anos.
13:40O grande objetivo deste projeto é, para além de recuperar aquilo que foram as áreas herdidas desta região,
13:48adicionar resiliência, ou tornar mais resiliente esta floresta face aos incêndios.
13:55Porque nós sabemos que, no clima mediterrâneo, é certo que iremos ter fogos florestais.
14:01O que nós podemos fazer é prevenir e tornar a paisagem mais resiliente,
14:05para que, quando isso acontecer, não tenhamos uma dimensão, como foi de Monchique, onde arderam 27 mil hectares.
14:11Para além das ações de florestação, nós temos um trabalho praticamente contínuo ao longo do ano.
14:19Temos aqui uma equipa de 12 a 15 pessoas a trabalhar, em ações de gestão, de controle, de controle de matos seletivos,
14:27de diminuição daquilo que é a carga combustível desta paisagem.
14:31E, portanto, ter aqui uma visão holística e transversal em todos os aspectos deste projeto.
14:38A reflorestação é importante, mas é apenas um dos fatores que são necessários para esta região.
14:46Para além do impacto ambiental, todos os projetos Renature têm uma matriz também de impacto social e económico na região.
14:57Como eu disse, nós estamos aqui neste momento, temos uma equipa de 12 a 15 trabalhadores.
15:04São tudo trabalhadores da comunidade local, portanto, estamos a fixar população, estamos a promover trabalho local.
15:11E o mesmo para todos os materiais e necessidades que nós temos no projeto.
15:16Portanto, tentamos sempre ao máximo que tudo seja adquirido localmente ou regionalmente,
15:21para que estes projetos não tenham só um impacto ambiental, mas também depois, a seguir a uma catástrofe,
15:28tenham também um impacto social e económico na região.
15:31O Monchique tem uma particularidade muito grande, porque é, de certa maneira, um pulmão verde da zona do Algarve.
15:46Portanto, nós estamos relativamente perto do Oceano Atlântico, cerca de 20, 30 quilómetros,
15:51mas alcançamos uma altitude de cerca de 900 metros e isso dá-lhe condições biogeográficas muito distintas do resto da região do Algarve
16:01e muito pouco comuns naquilo que é o sul de Portugal.
16:05Para terem uma ideia, nós, em Monchique, temos duas a três vezes a precipitação anual,
16:11quando comparado com o Portimão, por exemplo, que fica a 20 quilómetros.
16:14Essa quantidade de precipitação, aliada à altitude, dá-lhe uma estratificação de habitats muito diferente daquilo que é a região.
16:25E, portanto, nós temos uma espécie, por exemplo, castanheiro, que normalmente nós associamos ao norte do país,
16:30e que aqui em Monchique também existe.
16:33Temos espécies como o Carvalho de Monchique, que está criticamente em perigo,
16:37e que nós também, no âmbito deste projeto, estamos a contribuir para a sua conservação,
16:43plantando todos os anos, em locais selecionados, essa espécie.
16:47Nós, neste projeto, tentamos potenciar ao máximo essa matriz cultural que já existe e que está enraizada neste território.
17:11Portanto, aquilo que são as espécies que nós privilegiamos são aquelas que já existem nesta região,
17:17portanto, o sobreiro, o medronheiro, o castanheiro, mas que são espécies também que depois têm retorno económico.
17:24Portanto, a produção de cortiça, no caso, o sobreiro, a produção de medronho, no caso, o medronheiro,
17:29mas não só, hoje em dia já evoluiu para a produção de compotas, para o consumo do fruto em fresco,
17:34portanto, há aqui uma diversidade relacionada com o medronho,
17:39mas também a questão do castanheiro e todas as tradições que existem aqui à volta,
17:43não só de produção suína, mas também gastronómicas relacionadas com essa espécie.
17:50Os acordos que temos com os proprietários tentamos muito potenciar esse enraizamento cultural que existe neste território,
17:59de modo, para além da resiliência aos incêndios,
18:04existir também uma resiliência cultural naquilo que é a intervenção que nós estamos a fazer.
18:09Nós em Monchico temos solos xistosos, muito pobres, muito esqueléticos, com pouca matéria orgânica,
18:19e aí a intervenção tem que ser mais robusta, digamos assim, temos que entrar com uma maquinaria mais pesada,
18:26abrir ricos de plantação, fragmentar o sol para que o enraizamento das plantas que plantamos possa acontecer,
18:35e também promover infiltração da água, fazemos sementeiras de cobertura,
18:41temos uma técnica de mules, ou seja, mules é basicamente cobertura dos ricos de plantação que são abertos,
18:47para evitar evapotranspiração da água que se infiltra no terreno.
18:53Nós podemos imaginar que uma coisa é termos um sol completamente nu,
18:58e portanto pensar quando estão 30, 35 graus no verão, aquilo que é a temperatura superficial do sol,
19:03outra coisa é termos uma camada protetora de mules, no caso que nós usamos é a palha,
19:09e a diferença de temperatura que isso faz à superfície do sol e a proteção que dá à planta que nós plantámos
19:18entre novembro e fevereiro para coincidir com a altura das chuvas.
19:21Outra situação é nós estarmos, por exemplo, a trabalhar perto da Foia, que é o ponto mais alto da Serra de Monchique,
19:31onde temos solos cianíticos com muito mais matéria orgânica,
19:37em que aí a nossa prática é ter um impacto muito menor,
19:41portanto o trabalho é quase todo feito de moto ou manual, não há maquinaria pesada,
19:45não há, aí a técnica de mules que nós usamos é para prevenir o crescimento de graminhas e de abaixas
19:54que consigam sufocar as árvores que nós plantamos,
19:58e portanto ajustar em cada sítio, em cada terreno,
20:04a intervenção de acordo com as necessidades que nós encontramos.
20:07e portanto ajustar em cada sítio, em cada sítio, em cada sítio e em cada sítio.
20:37Este projeto do Veado Verde teve o seu início em 2018.
20:46Basicamente, o nosso foco inicial era apenas a Serra da Lusã,
20:51onde fazíamos dois passeios, o passeio de observação de fauna e flora,
20:55com foco no Veado, que é o Ex Libris da Serra,
20:58mas também tendem atenção as aldeias de Xisto,
21:02que também são focos de atração muito importantes aqui na Nascimento de Lusã.
21:07Esta é, de facto, a minha segunda vida,
21:12porque eu trabalhei durante muitos anos na informática,
21:14tive uma empresa de informática,
21:16e em determinada altura cheguei à conclusão que chegava.
21:20Gostei bastante enquanto o fiz,
21:22mas estava na altura de abarcar outro projeto,
21:23e foi assim que apareceu o projeto do Veado Verde.
21:27Como lhe disse, começámos em 2018, com muita calma,
21:30e as coisas, felizmente, têm crescido com alguma sustentabilidade,
21:35de forma que nós, neste momento, temos duas viaturas,
21:38fazemos passeios, no máximo, normalmente com 10 pessoas,
21:42não gostamos de trazer muita gente para a serra,
21:44porque tentamos preservar ao máximo todos os valores que estão inerentes
21:48aos passeios da natureza, de observação de fauna, de flora,
21:53conhecer as espécies, identificá-las,
21:55e tentar explicar o melhor que podemos aos nossos clientes esses mesmos valores,
22:01por forma a que isto seja um turismo sustentável.
22:03Não queremos um turismo de massa,
22:05pelo menos na nossa parte, não queremos um turismo de massas aqui na serra.
22:09Acho que tem que ser feito com pés, cabeça,
22:12para que as coisas corram de acordo com aquilo que pretendemos.
22:16Que haja um equilíbrio entre o que existe na serra,
22:19os seus valores, a sua fauna, a sua flora e os visitantes.
22:25Estes viados que nós encontramos hoje em dia na serra já são uma reintrodução.
22:33Eles foram reintroduzidos entre a década de 90 até 2000 e qualquer coisa no princípio.
22:41E, portanto, foram animais que foram trazidos de outros pontos do país,
22:44para a serra do Alasá.
22:46O viado e também o corso.
22:49Foram trazidos cerca de 120 animais.
22:52Nós, neste momento, temos contabilizados mais de 3 mil já numa vasta área.
22:58Não só nesta serra, como também nas serras contíguas.
23:03Esse equilíbrio que se tenta encontrar,
23:07neste momento é um pouco complicado de conseguir,
23:11porque eles não têm predadores aqui na zona.
23:13O lobo não está.
23:13O urso muito menos, que são os predadores naturais dos servidos aqui na zona imbérica,
23:21e nós não temos nada disso aqui na serra.
23:23Portanto, eles estão a aumentar consideravelmente.
23:25A esperança é que um dia nós consigamos ter aqui,
23:29pelo menos, também um lobo para que haja um tal equilíbrio natural,
23:33que tão importante é, em termos naturais e de conservação das espécies.
23:37A Brahma é, de facto, a altura do ano mais emblemática na observação de viados,
23:46tanto aqui nesta serra, como um dos locais.
23:48É na altura, portanto, a Brahma é a época de reprodução do viado,
23:53é a altura em que os machos mais se expõem,
23:57mais se exibem, e, portanto,
24:00como se fazem os bramidos, também mais fáceis de localizar.
24:04É uma altura muito interessante,
24:06porque podemos assistir, além dos bramidos,
24:10a lutas entre machos, disputas territoriais entre machos,
24:14e os machos, que são machos corpulentos,
24:17o macho adulto pode pesar mais de 200 kg,
24:20e, portanto, com os seus grandes astos,
24:22é um animal magnífico, que dá muito gosto a quem o observa,
24:27e tem a oportunidade e a sorte de conseguir vê-lo nessa altura do ano.
24:34Em termos de flora, o que nós gostaríamos que a serra tivesse mais,
24:39é o tipo de árvores, como o castanheiro, o carvalho, o sobreiro, as bétulas,
24:44claro que tem que haver também algum pinheiro,
24:47alguns ciprestes, etc.
24:49Isso é o que gostaríamos de ver aqui com mais abundância na serra,
24:52ou seja, uma floresta mais diversificada.
24:55Todos nós sabemos que uma floresta diversificada
24:57também suporta uma maior diversidade de fauna, não é?
25:02Um dos grandes problemas que a serra tem neste momento,
25:05e é um problema grave,
25:06são as acássias,
25:08as famosas mimosas, com aquelas flores amarelas,
25:10que muitas pessoas acham muito bonitas,
25:12mas que são uma planta invasora,
25:15uma verdadeira praga,
25:17que é de muito difícil combate,
25:19porque cada acássia produz,
25:21uma árvore adulta produz milhares de sementes,
25:23que podem ficar durmentes à espera de uma oportunidade para germinar anos,
25:28e quando a têm, ocupam todo o espaço disponível,
25:31o que está a ver que é um verdadeiro problema para as espécies autóctonas.
25:37A grande parte da floresta portuguesa está na mão de privados.
25:42O Estado, apesar de tudo, tem uma pequena porcentagem.
25:45E como tal, existe também a exploração dessa mesma floresta por parte dos privados.
25:50E isso é válido, é perfeitamente aceitável,
25:54desde que seja feito com algum, vamos dizer, bom senso.
25:59Quando nós vemos cortes rasos nesta serra,
26:02é algo que nos desgosta bastante.
26:05Porque se fizerem um tipo de corte parcial, seletivo,
26:08mantendo alguma parte da floresta onde ela existe,
26:11e depois, de passados uns anos, voltam a cortar esses que não cortaram,
26:14e deram oportunidade às novas árvores de irem crescendo,
26:16e formando a nova geração dessa mesma floresta,
26:21as coisas tornam-se muito mais fáceis de gerir,
26:23em termos ambientais, em termos da própria fauna, etc.
26:27E há uma serra muito mais agradável.
26:29Ninguém gosta de ver uma encosta completamente despida.
26:32As aldeias do Xisto são outro dos nossos poceios mais fortes,
26:36que têm muita procura, principalmente por parte dos nossos clientes estrangeiros,
26:39porque são coisas que eles não têm nos países de origem,
26:42que aqui encontram esta beleza,
26:45porque as aldeias do Xisto são fantásticas em termos de imagem,
26:51de ambiente, muito ligadas à natureza,
26:54e com projetos muito válidos na área também do turismo.
26:57Quase todas elas têm em projetos de alojamento local,
27:01e as pessoas na área estão muito ligadas à natureza,
27:05e todos os projetos envolventes estão também nesse sentido.
27:08Portanto, há muito o que fazer,
27:10mas muito ligado ao turismo de natureza,
27:13que é o que hoje em dia mais as pessoas procuram na Serra do Alasar.
27:22Essa é uma discussão que se faz aqui na serra,
27:24entre todos os operadores e as pessoas interessadas nesta serra,
27:28porque esta serra tem um enorme potencial turístico,
27:32desde que se consigam preservar os seus valores.
27:35A desflorestação pode ser um problema,
27:38desde que não seja devidamente controlada,
27:40e que haja regras precisas para que tal aconteça.
27:44Outra questão é, neste momento,
27:46nós não encontramos praticamente construção na serra.
27:49Há as aldeias do Xisto e pouco mais.
27:52Isso é muito importante que se mantenha dessa forma,
27:54para que não haja uma construção desenfriada no meio da serra,
27:58tentando preservar ao máximo, portanto, o espaço natural,
28:03para que os animais continuem a existir aqui com a segurança,
28:05e que se sintam à vontade nesta serra.
28:09O futuro, eu acho que poderá ser bastante promissor.
28:12Como nós sabemos, estas coisas dependem muito das vontades políticas,
28:16locais e nacionais,
28:18das regras que, entretanto, se possam estabelecer nestes territórios,
28:22porque a Serra do Alasar não é nenhum parque natural,
28:26não é nenhum parque nacional,
28:27tem apenas a proteção que lhe oferece o projeto Natura 2000,
28:31e que, como sabemos, é algo limitado.
28:34Também gostava de ver aqui mais fiscalização.
28:37Mais fiscalização.
28:38Nós sabemos que há alguma caça clandestina.
28:40Aliás, ainda há poucos meses vieram algumas notícias nos mais locais,
28:44e mesmo nacionais,
28:45sobre essa mesma caça clandestina.
28:48E gostávamos de ver um bocadinho mais de fiscalização
28:50das nossas autoridades aqui na serra.
28:53Isso era muito importante,
28:54para que as pessoas também se sintam mais seguras
28:56quando vêm aqui a fazer os seus passeios,
28:58e que as coisas corram pelo melhor.
29:02Podemos contribuir de uma forma muito significativa
29:04com uma maior sensibilização das pessoas
29:07que nos acompanham nestes passeios.
29:09Tentamos mostrar a importância das espécies,
29:11tentamos mostrar a importância dessa diversidade
29:14que existe na floresta e na serra,
29:17de forma que as pessoas percebam
29:19que é extremamente importante
29:20tentar preservar ao máximo
29:22toda esta riqueza natural que o nosso país tem.

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