No programa "Visão Crítica", os economistas Samuel Pessoa (FGV Ibre), Felipe Salto (Warren Investimentos) e o ex-ministro da Fazenda Guido Mantega debateram as perspectivas econômicas do Brasil para 2026. Os especialistas discutiram os desafios fiscais, a política monetária e os riscos globais que podem impactar a economia brasileira nos próximos anos.
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NotíciasTranscrição
00:00Estamos começando a primeira edição do Visão Crítica.
00:03Vamos discutir a economia brasileira atual e as perspectivas para o Brasil.
00:10Temos hoje três convidados que vão analisar esse momento que me parece complexo,
00:16porque nós estamos com alguns dados, eu até levantei aqui rapidamente,
00:20muito interessante de previsões do crescimento do PIB de 2025.
00:24Há projeções que vão de 2,4, de 1,9, 2,1, 2, e o governo fala, até nessa semana,
00:34o ministro está fazendo em 2,5.
00:36Por outro lado, temos um momento complexo.
00:39Há o crescimento da economia, do trabalho, a taxa de desemprego é uma das mais baixas
00:45da história, medidas a partir de 2012, mas há algum descontrole, segundo alguns,
00:50em relação aos gastos públicos, a inflação, o endividamento.
00:54Portanto, é uma realidade que pode ser lida de diferentes formas, tendo em vista essa
00:59questão que eu insisti em trazer convidados que são brilhantes economistas, que têm
01:06não necessariamente a mesma reflexão sobre o período e opiniões diferentes, porque
01:10é lembrar que a economia é uma ciência humana.
01:13Vou começar por Samuel Pessoa, doutor em economia.
01:16Vocês conhecem o Samuel, ele participa de muitos debates, colonista há tantos anos da
01:21Folha de São Paulo, professor da Fundação Getúlio Vargas.
01:26Felipe Salto, nosso segundo convidado, jovem economista, mais jovem aqui da nossa roda,
01:32já foi secretário da Fazenda aqui em São Paulo, especialista em contas públicas e sempre
01:38participa também desses grandes debates sobre a economia brasileira.
01:42E aqui, próximo a mim, o Guido Mantega, o mais longevo ministro da Fazenda da história
01:48do Brasil, que não é pouca coisa, registre.
01:52Em vários momentos da história do Brasil, nós tivemos, em alguns governos, seis ministros
01:56da Fazenda, basta lembrar o governo Itamar Franco.
01:59Eu vou começar a colocar a seguinte questão e, tendo início com o Samuel.
02:04Nós tivemos um crescimento de 2023, 2024, de 3,2, 3,5 do PIB.
02:12Alguns estimam um crescimento, esse ano, de 2 a 2,5.
02:15Parece algo bastante positivo, tendo em vista o que ocorre na economia internacional.
02:20Isso é aparente ou temos condições de manter esse crescimento em 2026 e 2027?
02:27Ou estamos, na verdade, vivendo um momento em que a aparência esconde a essência?
02:33Ou seja, poderíamos ter uma crise econômica logo aí?
02:36Por favor, Samuel.
02:37A economia brasileira, ela consegue crescer, sem pressionar os recursos dela, algo como 2% ao ano.
02:45Então, em princípio, esse ritmo, ele é sustentável.
02:50O problema é que o regime de política econômica nos últimos anos não tem sido sustentável.
02:54Ou seja, a gente tem inflação crescente, serviços, que é o melhor indicador, porque não é afetado por coisas externas e tal,
03:04e que responde mais ciclicamente à economia, porque é intensivo em trabalho, não consigo importar.
03:11Serviços deve fechar esse ano a 7%, a inflação de serviços.
03:16E a inflação de serviços é o melhor indicador da inflação futura.
03:19E a gente tem uma dívida pública que cresce e juros muito altos.
03:25A taxa SEVIC está em 14,75, eu acho que provavelmente o Banco Central vai parar.
03:30Mas, dada o regime de meta de inflação, e dado principalmente uma inflação que deve ficar acima da meta,
03:38por muitos trimestres, é difícil enxergar condições para iniciar um ciclo de queda.
03:44Então, a gente tem uma economia que, a partir desse ano, ela deve crescer o potencial dela,
03:51mas ela está com vários sinais de desequilíbrio, o mais importante dela é uma inflação crescente
03:56e uma dívida pública que cresce sem a gente saber onde ela vai parar.
04:00Portanto, a impressão que eu tenho é que a gente vai ter que, em algum momento,
04:05fazer um ajuste fiscal um pouco mais intenso.
04:09Esse ajuste fiscal deve vir após as eleições.
04:14E aí eu acho que vai dar alguma dor, sim.
04:17Eu não sei se vai estar uma recessão profunda ou só uma desaceleração,
04:21mas certamente não vai ser em dolor arrumar a casa fiscal depois do processo eleitoral o ano que vem.
04:27Justamente, pegando esse gancho apresentado aí pelo Samuel Pessoa,
04:33Felipe, você que é alguém que sempre trabalhou com contas públicas,
04:36lembrar do IFE, da importância do IFE,
04:39como é que você analisa?
04:40Nós somos próximos a uma crise fiscal no Brasil?
04:44Obrigado pelo convite.
04:45Professor, parabéns aí pela estreia do programa.
04:48Uma honra estar aqui, sobretudo com convidados tão ilustres e importantes.
04:52Eu digo o seguinte, o quadro fiscal é grave, porque nós temos uma despesa,
04:59quando a gente pega o orçamento, 94% do orçamento é rígido.
05:05Ele tem algum grau de rigidez.
05:07Significa que você não consegue cortar, remanejar, modificar.
05:11Só 6% é a fatia que você pode remanejar.
05:15E dentro desses 6%, estão os investimentos, o custeio da máquina,
05:21a bolsa de pesquisa, emissão de passaporte, limpeza dos ministérios, segurança,
05:26e mais as emendas parlamentares,
05:28que nos últimos anos foram adicionando também um grau adicional incremental de rigidez.
05:36Então, esse quadro precisa ser compreendido,
05:38porque de fato a situação fiscal é grave.
05:41Nós temos um gasto obrigatório grande e crescente.
05:44Tem coisas boas sendo feitas em termos de gastos? Sim.
05:48De 88 para cá, nós conseguimos, afinal de contas, montar um sistema único de saúde,
05:52uma previdência social, que a despeito de ser necessária,
05:56uma nova reforma provavelmente funciona.
05:59Temos um Estado que tem um aparato burocrático que também funciona.
06:04Por outro lado, a eficiência não tem sido uma premissa,
06:08uma tônica, não só deste governo, mas de vários governos.
06:12Então, chegou no momento em que nós precisamos olhar com lupa esses gastos públicos
06:17para que a gente possa gastar melhor e, no fundo, atender melhor o cidadão,
06:21sobretudo aquele que mais depende do Estado.
06:24Para mim, esse é o problema fiscal.
06:25A gente tem uma dívida alta e um gasto público, em boa parte, mal feito.
06:31Não é avaliado, não é monitorado.
06:33A crise fiscal, quer dizer, de insolvência, por exemplo, o Brasil vai quebrar, coisas desse tipo, eu não vejo.
06:40Porque o Tesouro tem um caixa de um trilhão e meio de reais.
06:44Se ele quiser ficar sem emitir um centavo de dívida pública,
06:47que é a forma pela qual os governos tomam emprestado do mercado pagando uma taxa de juros,
06:53ele financia sete meses de déficit público sem emitir um centavo.
06:57Ah, mas esse dinheiro acaba.
06:59Acaba, mas há demanda por título público.
07:02Então, você observa que o mercado, claro que é uma taxa real de juros muito alta.
07:08Nós temos um déficit público, como a gente chama, primário, sem considerar os juros da dívida,
07:13de 0,5% do PIB.
07:15Quando se inclui esse volume de gastos com juros, despesas financeiras,
07:20nós estamos falando de 8% do PIB.
07:22Como a gente gosta de comparar com os Estados Unidos,
07:24é maior até do que o déficit dos Estados Unidos, que é de 6,4% em termos de déficit agregado ou nominal.
07:31Então, há um problema fiscal, mas nós não estamos à beira do precipício.
07:35É uma situação que tem solução e acho que essas soluções já começaram a ser endereçadas,
07:42mas a gente precisa aprofundar mais, sobretudo do lado da despesa.
07:46Vou colocar uma questão ao ministro Guido Mantega.
07:49O senhor era ministro em 2010, quando o Brasil cresceu 7,5%.
07:54Não crescia 7,5%, há 24 anos não tinha atingido essa taxa, salvo engano.
08:00E havia uma grande euforia naquele momento que levou até a eleição da presidente Dilma Rousseff.
08:07O senhor continuou ministro da Fazenda no mandato 1 de Dilma Rousseff.
08:12Aí nós tivemos uma queda do crescimento do PIB e problemas muito graves depois, entre 2015 e 2016.
08:20Foi um bienno muito difícil da história econômica republicana.
08:24Eu pergunto ao senhor, será que nós não estamos hoje próximos a uma situação como essa,
08:30ou é um equívoco, nós vemos uma conjuntura nacional e internacional totalmente distinta?
08:34Veja, eu diria até que do ponto de vista da conjuntura internacional,
08:42em 2010 nós estávamos superando a maior crise que o capitalismo teve depois de 1929.
08:48Então, a situação internacional era grave.
08:51Mas o Brasil foi um dos poucos países que conseguiu reagir rapidamente a essa crise.
08:57E nós, tanto que nós saímos em 2009, o Brasil foi do G20 o terceiro maior PIB do G20,
09:06perdendo só para a China e Índia.
09:11E em 2010 a gente estava segurando a economia.
09:16A gente deu muito estímulo em 2009, que era para a economia se recuperar.
09:20Ela respondeu rapidamente e estava crescendo 7,5.
09:24Claro que 7,5 era uma taxa excessivamente elevada.
09:28Mas se somasse com 2009, 2010, dava uma média de 3,5.
09:32Então, estava razoável.
09:34Aí nós seguramos a economia, subimos os juros, etc.
09:37E entramos na década de 10 com crise internacional.
09:43Porque a crise de 2008, 2009 não terminou ali.
09:47Ela teve uma melhora e depois ela piorou, 2011, 2012.
09:51E nós pegamos um cenário complicado.
09:53Mas continuamos com uma política em que nós conseguimos manter um crescimento estável,
10:01fazendo superávit primário até 2013.
10:05Foi a maior série de superávit primário.
10:07Então, conseguindo compatibilizar contas públicas equilibradas,
10:11crescimento, benefícios sociais.
10:13Eu acho que hoje a situação é completamente diferente,
10:17embora também tenhamos um problema internacional.
10:20Quer dizer, nós temos uma certa crise criada pelo Trump, pelo governo Trump,
10:26que está bagunçando a situação econômica, a economia mundial.
10:31Já não estava grande coisa antes do Trump.
10:33Agora ela deu uma piorada.
10:35Então, o cenário internacional será de um crescimento menor dos países no geral.
10:40E o Brasil, nesta seara.
10:44O Brasil tem tido um desempenho melhor do que outros países.
10:49O ano passado, nós crescemos 3,4%.
10:52E foi o quarto maior crescimento do G20.
10:57Novamente perdemos para a Índia, para a China.
11:00E acho que a Indonésia, se não me engano.
11:02Então, o Brasil tem condições de crescer.
11:05Eu não concordo com o Samuel.
11:08Acho que 2% é base.
11:10O Brasil tem condições, e já provamos isso.
11:13Que o Brasil pode crescer 3, 3,5%, até 4%.
11:17É claro que tem que aumentar o investimento para isso.
11:19Para ele poder gerar produtos e tudo mais.
11:23Está certo?
11:24Nos últimos quatro anos, nós crescemos mais que 3% todos os anos.
11:28Está certo?
11:29Então, existe essa tese de que o PIB potencial, não sei o que, que é difícil de medir e tudo mais.
11:35Eu não acredito nisso.
11:36Acho que nós temos condição de crescer sem gerar inflação.
11:40Por que que é inflação?
11:41Por que que nós temos inflação hoje?
11:43A inflação, ela vem caindo, na verdade.
11:46Desde 2021, a inflação no Brasil era 10% em 21.
11:5122, se não me engano, foi 5,8%.
11:5423 foi 4,6%.
11:57Então, a inflação vem caindo, 4,6%.
12:01Em 24 foi 4,83%.
12:05Para o Brasil, essa inflação não é uma inflação alta.
12:08É claro que você vê a meta de inflação, mas essa meta está errada.
12:12Mas ela é a inflação que, historicamente, ela é sustentável no Brasil.
12:17Porque o Brasil é diferente de outros países.
12:19O Brasil tem indexação, tem a dívida totalmente indexada.
12:24Então, você tem outros mecanismos.
12:27E o mundo todo, hoje, convive com taxas de inflação maiores.
12:32Por causa dessa desglobalização que está sendo feita.
12:36Então, mesmo assim, eu acho que o Brasil, esse ano, só vai subir 2,4%, 2,5%.
12:43Porque nós estamos com uma política monetária totalmente contra acionista.
12:49Uma taxa de juros que vai lá.
12:51Nós tivemos uma pressão inflacionária, mas essa pressão inflacionária não vem da demanda.
12:57Essa pressão inflacionária vem de choque de oferta.
13:00Choque de oferta.
13:01Porque você vê, o que está subindo mais?
13:03Nos últimos 12 meses, a inflação de alimentos foi 8%.
13:08É ela que está puxando.
13:10A inflação de alimentos não tem nada a ver com o juro.
13:13Você pode subir o juro para 30%, que você não vai baixar.
13:16Por quê?
13:17Os alimentos são commodities.
13:20E o Brasil é um grande produtor de commodities,
13:23cujo preço é definido em dólar no mercado externo.
13:27Então, não é aqui.
13:28Nós não conseguimos controlar o preço da commodities, da carne, da soja, etc.
13:35Está certo?
13:35Então, o que nos atrapalhou recentemente, desde o ano passado,
13:41foi a desvalorização do real.
13:44A desvalorização do real que puxou não só isso,
13:48porque também teve uma inflação causada pela valorização do dólar.
13:55O dólar se valorizou no ano passado.
13:57Mas o Brasil teve 28% de desvalorização do dólar.
14:01Isso tudo vai para a inflação.
14:03Isso vai para a inflação.
14:05Então, nós começamos em 2004 com um câmbio de 4,9%.
14:12E aí, de repente, em função dos equívocos do presidente do Banco Central da época,
14:19o Roberto Campos começou a criar um cenário de crise fictícia
14:27e ele conseguiu puxar o câmbio para 6%, terminou o ano com 6,2%.
14:33Então, aí está o diferencial de inflação.
14:37Coloca um câmbio de 5,4% para o ano passado,
14:41nós não teríamos essa inflação que nós temos hoje.
14:44Deixa eu só colocar uma questão.
14:46A boa notícia é o seguinte.
14:47Este ano, o câmbio está melhorando, está voltando para o ponto.
14:53Quer dizer, hoje fechou 5,6% o câmbio.
14:56E ele vai transmitir para todas as importações,
15:02não só, e para as exportações também,
15:04porque nossos produtos são...
15:05Eu acho que esse câmbio vai descer mais, está certo?
15:09E isso vai tirar uma pressão inflacionária.
15:11E aí, o Banco Central, que agora levou os juros para esse patamar,
15:17poderá começar a reduzir os juros muito antes do que estão dizendo.
15:21Estão dizendo, vai até o final do ano.
15:23Eu acho que não.
15:25Não é necessário.
15:26Dá para voltar antes.
15:28Basta a inflação começar a cair.
15:30E eu acho que a inflação, este ano, não vai para 5,5%, 5,6%.
15:33Ela será em termos de 5,1%, 5,2%.