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: As principais notícias sobre o agronegócio, os índices do setor agrícola e informações sobre a vida no campo, além de reportagens especiais

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00:00:00Bom dia!
00:00:09Bom dia!
00:00:10Hoje vamos falar de dois grandes sucessos que o Brasil deu ao mundo.
00:00:14A TV Globo agora fazendo 60 anos e a moderna cultura da soja.
00:00:2060 anos atrás o Brasil importava alimentos e novelas.
00:00:24Eu visitei uma das milhares de famílias que ajudaram a virar esse jogo.
00:00:30Oli Fiorese, que já limpou soja com enxada, hoje toca uma fazenda modelo junto com os filhos.
00:00:38O filho é o pai do homem, diz um ditado antigo, considerando o cuidado que os mais novos lá na frente devem ter com os mais velhos e também o tanto que os pais aprendem com os filhos.
00:00:50A novela O Velho Chico tratou do assunto.
00:00:53Eu vi a natureza e aprendi com ela, painho.
00:00:56Na fazenda dos Fiorese, será que o pai respeita a opinião dos filhos?
00:01:03E veja outros assuntos do Globo Rural de hoje.
00:01:07Em Mato Grosso, o tempo tem contribuído para a safra de milho, mas as pragas no campo podem prejudicar a produtividade.
00:01:15Em Benjamin Constant, no Amazonas, mais de 600 famílias já estão afetadas pela cheia dos rios, solimões e jabari.
00:01:24Amostras de batata doce e grão de bico pegam carona em voo para o espaço.
00:01:30O material será analisado por pesquisadores da Embrapa.
00:01:34Em Mato Grosso do Sul, a gente responde a seguinte dúvida.
00:01:38Como combater a cigarrinha, uma praga que destrói a pastagem?
00:01:42As colmeias estão sendo atacadas por moscas.
00:01:45O que fazer?
00:01:46Mato Grosso se prepara para colher uma boa safra de milho.
00:02:10Até agora, o clima ajudou a diminuir as perdas previstas pelo atraso no plantinho.
00:02:16Na propriedade do Jadir, em Sinop, no médio norte de Mato Grosso, as plantas estão viçosas e as espigas em formação.
00:02:25As chuvas contribuíram para o bom desenvolvimento da lavoura.
00:02:29Até ontem nós tivemos uma chuva de 40 milímetros aí, isso aí ajuda, né?
00:02:35Pelo menos uma semana, 15 dias aí nós já temos umidade no solo.
00:02:38Os agricultores esperavam alguma perda nessa safra, porque a colheita da soja atrasou e o milho demorou a ser semeado.
00:02:47Mas para o João Marcelo, o clima bom vai ajudar a segurar um pouco a produtividade das lavouras.
00:02:53A gente plantou milho bem mais tarde, numa janela bem mais apertada.
00:02:57Então, esse ano, a gente vem com a expectativa melhor aí de produção com esse volume de chuva que está tendo.
00:03:03Apesar do tempo e da chuva regular, o ataque de lagartas à lavoura pode prejudicar a produtividade da safra de milho para esse ano.
00:03:12Não precisa procurar muito para achar a lagarta do cartucho.
00:03:17Ela causa danos nas folhas e na espiga e pode resultar em perdas de até 30% da lavoura.
00:03:24E o controle não é fácil.
00:03:26Você compra uma semente cara para ser resistente à lagarta e, no fim, não teve controle de lagarta.
00:03:35Tivemos que fazer inseticida, correr atrás de inseticida, pagar caro.
00:03:39Foi uma coisa que você não estava na programação, né?
00:03:41Certeza vai diminuir, sim, em torno de 10%, 15% por aí.
00:03:45Mato Grosso teve uma produtividade média de 115 sacas por hectare de milho no ano passado.
00:03:52Para a safra deste ano, a expectativa é de 111 sacas por hectare, uma queda de 3%.
00:03:59Em contrapartida, o preço do milho anima os produtores.
00:04:04Está muito bom o preço esse ano, né?
00:04:05Está faltando produto.
00:04:06Eu acredito que não vai baixar aí dos 50 reais aí o milho que for vender aqui para frente.
00:04:12É muito melhor, né?
00:04:13O ano passado, nessa época, aí você falava em torno de 40 reais o saco, né?
00:04:18Mato Grosso deve colher 46 milhões de toneladas de milho.
00:04:23Uma queda de 4,5% em relação ao último ciclo.
00:04:27As tarifas que o governo dos Estados Unidos impôs a produtos importados, especialmente os chineses,
00:04:34já mexeram com o mercado da soja aqui no Brasil.
00:04:37A disputa tarifária entre as duas maiores economias do planeta, China e Estados Unidos,
00:04:44causou instabilidade no mundo todo.
00:04:46E alguns reflexos já começam a aparecer por aqui.
00:04:50Durante a primeira metade do mês, o Brasil exportou cerca de 7% a mais de soja do que nos 30 dias de abril de 2024.
00:04:59É que os Estados Unidos mandam muita soja para a China.
00:05:03E com a guerra comercial, o país asiático aumentou as compras da soja brasileira.
00:05:09De maneira geral, esse aumento de tarifas é positivo porque aumenta a nossa competitividade
00:05:14e coloca realmente uma demanda a mais que o país não espere,
00:05:18principalmente em momentos que nós estamos passando de aumento de oferta.
00:05:21E para dar vazão à nossa produção, esses momentos acabam sendo importantes
00:05:24para dar a situação do crescimento agropecuário no país.
00:05:28Ainda assim, a Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais
00:05:32teme que esse crescimento nas exportações possa impactar os preços no mercado interno.
00:05:38É um pouco parecido com o que aconteceu em 2018 e 2019.
00:05:43A gente não vê como uma coisa boa, porque você pode ter efeitos em todos os preços,
00:05:49não só na soja.
00:05:50Você pode ter no derivado da soja, você pode ter na carne.
00:05:53E aí gera uma preocupação no mercado interno de aumento de preços aqui.
00:05:59Esse assunto ainda vai render.
00:06:02Veja em nossa primeira rodada de notícias da semana.
00:06:05Nesta semana, representantes dos BRICS, o Bloco das Economias Emergentes do Mundo,
00:06:11como o Brasil e China, se reuniram em Brasília para um encontro do Grupo de Trabalho de Agricultura.
00:06:18Os países se comprometeram a ampliar a cooperação agrícola e comercial entre os integrantes do bloco.
00:06:23Nesta terça, o governo brasileiro deve receber representantes da alfândega chinesa
00:06:28para adotar protocolos conjuntos.
00:06:31Em Mogi das Cruzes, no Cinturão Verde de São Paulo, a safra do caqui está no auge.
00:06:37A expectativa é de que saiam daqui da região em torno de 55 mil toneladas,
00:06:44produção semelhante à da safra passada.
00:06:47O preço também se manteve na casa dos R$ 2,00 o quilo.
00:06:52Em Rondônia, a cheia do Rio Madeira está causando transtornos.
00:06:57Só na capital, Porto Velho, 67 comunidades estão em situação de emergência.
00:07:04São quase 12 mil pessoas.
00:07:07Áreas inteiras de cultivo de banana ficaram debaixo d'água.
00:07:11As cheias também estão destruindo os cultivos de pequenos agricultores do Amazonas.
00:07:17Centenas de famílias perderam tudo.
00:07:19Foram horas de navegação pelos rios Solimões e Jabari
00:07:23para chegarmos às comunidades de Benjamim Constant,
00:07:27que estão sofrendo com as enchentes.
00:07:29No povoado de Santa Luzia, Dona Tilza nos leva
00:07:32para mostrar as plantações que já estão debaixo d'água.
00:07:36A agricultora colhe os pés de mandioca no alagado.
00:07:40Praticamente, nada se salvou.
00:07:42O que nós conseguimos tirar, nós já tiramos, já estamos torrando.
00:07:46E o que está dentro d'água, a gente vai ver se salva para a galinha, para o porco.
00:07:51E o resto vai ficando no fundo.
00:07:53A água já chegou também no plantio de maracujá.
00:07:57Seu Adilso usa a canoa para juntar os frutos que caem da planta.
00:08:01Meu maracujá foi quase todo para a água.
00:08:03Alguns que estão caindo ainda, eu vou conseguir recolher.
00:08:07Agora o resto já é perda total.
00:08:09Já dele não tem mais condições para colher.
00:08:11Todos os dias, seu Davi usa a canoa para chegar ao roçado.
00:08:15Ele acompanha de perto os 200 pés de couve
00:08:18que ainda estão protegidos na parte alta do povoado.
00:08:22Além das plantações, a cheia dos rios tem alagado as casas dos ribeirinhos.
00:08:42Com a subida do rio Solimões nos últimos dias,
00:08:45muitas famílias que moram na zona rural de Benjamim Costã
00:08:48têm abandonado suas casas.
00:08:51Aqui na ilha de Bom Intento, a maioria das residências está assim,
00:08:56tomada pelas águas.
00:08:57A alagação parece maior de lá no retrasado.
00:09:01Assim que nós estamos procurando os meios
00:09:03para poder nos mudar lá para o Benjamim, para a terra firme.
00:09:06De acordo com a Secretaria de Agricultura de Benjamim Costã,
00:09:10atualmente 18 comunidades ribeirinhas
00:09:13estão entre as mais afetadas pela enchente.
00:09:16Hoje nós temos mais de 600 famílias em situação
00:09:20com prejuízos na sua produção agrícola.
00:09:24Nossa orientação agora nesse momento é de enfrentamento dessa enchente.
00:09:29Logo em seguida, a descida do rio, nós vamos ter outro plano de ação
00:09:33que é de subsídio para esses agricultores que perderam tudo
00:09:35com doação de sementes, fertilizantes, pequenos animais
00:09:39e implementos agrícolas.
00:09:41No Espírito Santo, uma técnica ancestral desenvolvida por indígenas
00:09:45é símbolo da cultura capixaba.
00:09:48Estamos falando do modo de fazer das panelas de barro de goiabeiras,
00:09:52um patrimônio imaterial do Brasil.
00:09:55O processo é 100% artesanal
00:09:57e totalmente dependente de recursos do meio ambiente,
00:10:01como mostra o repórter César Daci.
00:10:05O mar da Bahia de Vitória testemunhou que se ergueu aqui ainda no século XVI
00:10:14e permanece imponente sobre um penhasco de 150 metros de altura.
00:10:21O convento e a igreja de Nossa Senhora da Penha em Vila Velha
00:10:26são referências na paisagem capixaba.
00:10:29A uma ponte de distância, na capital Vitória,
00:10:34fica um outro símbolo do Estado,
00:10:37o primeiro patrimônio imaterial do Brasil.
00:10:40O que é um bem imaterial?
00:10:43Um bem imaterial pode ser caracterizado como uma forma de expressão,
00:10:47um conhecimento, uma técnica específica de algum grupo brasileiro, né,
00:10:51que faz parte da cultura brasileira.
00:10:54Não são as pessoas, mas são os ofícios que elas reproduzem.
00:10:58No caso aqui, são o fazer as panelas, né?
00:11:02O galpão das paneleiras fica no bairro de Goiabeiras,
00:11:06onde esse fazer guarda um saber transmitido a gerações.
00:11:11A produção da panela de barro é feita quase só por mulheres.
00:11:41Ainda bruto, o barro precisa de um trato.
00:11:45Aí sim, tarefa só dos homens.
00:11:48Qual que é a importância de ficar socando o barro aqui?
00:11:51A importância é pra tirar a raiz e tirar a pedra.
00:11:54Se tiver raiz ou tiver pedra, a panela dá defeito, entendeu?
00:12:01Pelos beliscões de mãos habilidosas, o barro logo ganha ares de cuia.
00:12:06Na junção dos rolinhos, a estrutura se levanta e a panela começa a tomar forma.
00:12:17Ela ainda precisa descansar de um dia pro outro, pra daí ganhar orelhas,
00:12:22como são chamadas as alças.
00:12:25Esse elemento não existia quando as panelas eram feitas pelos indígenas
00:12:30que habitavam o litoral do Espírito Santo.
00:12:32Isso veio com as cozinhas europeias, né, portuguesas, né?
00:12:36Porque você tem que manipular essa cerâmica de alguma forma.
00:12:39E a alça, ela ajuda você a tirar da mesa, tirar do fogão, botar na mesa,
00:12:43fazer esse transporte.
00:12:44Que nas aldeias indígenas você come no chão, né?
00:12:48Mesmo com adaptações, tem algo que nunca mudou.
00:12:52Isso que a senhora tá fazendo é o quê?
00:12:54Isso aqui é o alisamento dela, pra ir pra queima.
00:12:56Pra tirar os porinhos dela, tampar os buraquinhos.
00:12:59É com uma pedra?
00:13:00É com uma pedra de rio.
00:13:02Aí daqui, seca uns dois dias, daqui vai pra queima.
00:13:06A arqueóloga Rúbia de Almeida estudou as panelas de goiabeiras
00:13:11durante sua pesquisa de mestrado.
00:13:14Pegou tanto gosto que transformou a arte em pingente.
00:13:18É uma riqueza que a gente não consegue nem mensurar o valor.
00:13:23Não é adicionado nada nesse barro.
00:13:25Tem argila, que é a partícula mais fina.
00:13:28E também vai ter elementos como areia e cascalho,
00:13:32que também, proporcionalmente, vai facilitar com que ela seja modelada
00:13:35e que ela não trinque ou quebre na hora que for passar pelo fogo.
00:13:44Um fogaréu a céu aberto, que chega a 700 graus.
00:13:49O tempo de queima varia de peça pra peça.
00:13:53E a retirada tem que ser bem cuidadosa
00:13:55pra panela chegar inteira à última etapa da produção.
00:13:59A gente coloca de molho essa casca aqui, ó.
00:14:02Deixa uns três dias ali, vai soltar um líquido avermelhado, que é esse aqui, ó.
00:14:05Aí a gente bate na panela quando ela estiver bem quente.
00:14:07Ela tem que estar bem quente e queimadinha.
00:14:09Esse trabalho aqui, como é que chama?
00:14:10É o açoite. A gente fica açoitando a panela, literalmente.
00:14:13Batendo mesmo?
00:14:14É, batendo mesmo.
00:14:15Até ficar preta.
00:14:16É das crateras da outra margem do rio Santa Maria, no Vale do Mulembá,
00:14:27que sai a principal matéria-prima pras panelas.
00:14:31Esse território foi descoberto há séculos por indígenas
00:14:35e, até hoje, é a única fonte de barro usado em Goiabeiras.
00:14:40Quem tira o barro é o quê, seu Ronaldo?
00:14:43Rapaz, já me chamaram aqui de homem do barro.
00:14:47É o homem do barro?
00:14:48Homem do barro, é.
00:14:49E faz quanto tempo que o senhor tira barro aqui?
00:14:51Aí eu já tenho 55 anos já.
00:14:54Todos esses buracos aqui foram pra fazer panela?
00:14:57Fazer panela, é.
00:14:58Pra fazer esse trabalho, seu Ronaldo foi autorizado pela prefeitura.
00:15:05É que o Mulembá é uma área protegida dentro de um parque municipal.
00:15:10O senhor tira quanto aqui por mês ou por semana? Como é que é?
00:15:13Olha, por semana, se eu ficar aqui, se eu vim pra cá de segunda a sábado,
00:15:19eu acho que eu consigo tirar umas 500 bolas e barras.
00:15:21E cada bola pesa quanto?
00:15:23Cada bola pesa uns 17 a 20 quilos.
00:15:26Tudo no braço?
00:15:27Tudo no braço, aí viu como é que é ali, né?
00:15:30Quanto tempo vai durar o barro que serve de matéria-prima
00:15:34para o trabalho das paneleiras de goiabeiras?
00:15:37Essa preocupação já fez parte de um estudo da Companhia de Saneamento do Espírito Santo,
00:15:43que em 1993 estimou o fim dessa jazida para o ano de 2001.
00:15:49Muito tempo passou, o barro ainda não acabou,
00:15:52mas como esse é um recurso finito, a pergunta permanece.
00:15:56Até quando?
00:15:59E essa retirada do barro não agride o meio ambiente?
00:16:03É claro que quando a gente olha do ponto de vista da observação direta,
00:16:08é uma área de jazida, né?
00:16:10Existe um buraco ali porque o barro é dado no subsolo.
00:16:14Qual é o estoque, digamos assim, desse barro que ainda tem aqui?
00:16:18A gente não tem exatamente uma dimensão de anos, assim,
00:16:23mas a gente sabe que se a gente continuar a fazer o uso que a gente tem hoje,
00:16:29a gente tem assim por muitos e muitos anos ainda.
00:16:32É claro que eu não tô falando aqui que são jazidas ilimitadas, que jamais vão acabar.
00:16:40Existe um limite, sim, mas é importante dizer que a forma como ele é retirado hoje,
00:16:46a forma como ele é monitorado, faz com que esse barro ainda seja jazida por muitos e muitos anos.
00:16:53A confecção da panela de barro é totalmente dependente dos recursos da natureza.
00:17:04Além do barro extraído do vale do Mulembá,
00:17:07é do mangue que sai mais um elemento indispensável
00:17:10para o feitil dessa tradição capixaba.
00:17:13Marcos Luz é quem nos guia pelos meandros do rio Santa Maria,
00:17:20atrás da árvore conhecida como mangue vermelho.
00:17:26Ô Marcos, sua profissão aqui qual que é?
00:17:28Casqueiro.
00:17:29Casqueiro.
00:17:29Casqueiro.
00:17:30O casqueiro é aquele?
00:17:31Que tira a casca do mangue.
00:17:34Esse aqui de dentro dela que solta o líquido, né?
00:17:39Que dá a cor pra apanhar debaixo.
00:17:44E como é que você sabe qual é a árvore que tá pronta pra fazer essa retirada?
00:17:48Que a gente já conhece, a gente vê que ela é uma árvore antiga.
00:17:52Aí por a gente ver o tamanho dela e a espessura que ela tem,
00:17:56a gente sabe que ela tá boa.
00:17:57Pra não prejudicar a planta,
00:17:59Marcos toma cuidado pra tirar apenas 25% da circunferência do tronco.
00:18:04Os outros 75% é o que vai dar força pra ela se recompor.
00:18:08Você gosta desse seu trabalho?
00:18:10Eu gosto desse meu trabalho, que além de ser uma fonte de renda,
00:18:13a gente ajuda as pessoas a dar continuidade à história das paneleiras.
00:18:21Como o processo é bem artesanal, uma panela nunca fica igual a outra.
00:18:27Um atrativo pros turistas que passam por aqui
00:18:30e também pra quem vai receber a encomenda lá longe.
00:18:34Agora mesmo a gente tá fazendo, embalando os panelos que vai pra França.
00:18:38Então são as mãos das paneleiras ganhando o mundo.
00:18:41A mão das paneleiras ganhando o mundo aí, tá fora aí.
00:18:44Eu tenho o prazer de falar que cada panela é uma peça única
00:18:48e que ela não vai só uma panela de barro, ali vai uma história.
00:18:52Muita gente não valoriza, mas ela é muito rica.
00:18:55A gente tá aqui resistindo e contando a nossa história.
00:18:58Eu não sou filha de paneleira, eu me apaixonei pela arte, a arte me chamou e eu tô aqui.
00:19:08Manter viva essa tradição é manter acesa a essência de um casamento perfeito do Espírito Santo.
00:19:16Desde que se conheceram, a muqueca e a panela de barro nunca mais se separaram.
00:19:21A combinação entre as duas deu mais sabor à receita e valorizou esse utensílio tão antigo
00:19:28que era produzido pelos indígenas que viviam aqui no Estado.
00:19:32Desde o início do século XIX, a gente já tem menção a essa associação.
00:19:36Pra quem é capixaba, a panela de barro de goiabeiras, ela é um ingrediente que faz a muqueca ser a muqueca.
00:19:44Então ela tem gosto de tradição.
00:19:46Ela sempre vai nos remontar aquilo que conta quem a gente é.
00:19:49Sem uma panela de barro, você não consegue fazer uma muqueca esplêntida.
00:19:56O sabor original da muqueca capixaba.
00:20:02Olha, se esse é o gosto da tradição, eu não vou sair daqui do lado.
00:20:07A cada 10 anos, o IPHAN verifica se o modo de fazer da panela de barro permanece igual.
00:20:22E assim, revalida o título de patrimônio imaterial.
00:20:26Hora de responder as dúvidas que chegam aqui pra gente.
00:20:30Nelson, hoje a gente começa com um assunto que é dor de cabeça pra quem cria gado.
00:20:34A Janete, de Conceição do Coité, na Bahia, pergunta
00:20:38Como combater a cigarrinha que ataca a pastagem depois da chuva?
00:20:43O Pedro Málaga conversou com uma especialista.
00:20:47Oi, Janete. Bom dia. Tudo bem aí na Bahia?
00:20:50A gente tá em Mato Grosso do Sul, na capital do estado, Campo Grande,
00:20:53em Brapa, gado de corte, pra ajudar você.
00:20:56Ao meu lado tá a agrônoma Fabrícia Zimmermann, que vai responder a sua dúvida.
00:21:00Fabrícia, pra começar, quem é a cigarrinha?
00:21:03A cigarrinha é um inseto que suga a base da planta,
00:21:07como se ela estivesse chupando os nutrientes da planta
00:21:10e fazendo com que essa planta tenha alguns sintomas,
00:21:14como, por exemplo, ela vai amarelicendo, ela seca, né?
00:21:17Então ela prejudica a planta.
00:21:18No caso dos capins, é a principal praga, né?
00:21:22Que a gente tem pras pastagens hoje.
00:21:23E como é que a gente identifica que tem cigarrinha na pastagem?
00:21:26O único jeito dele saber se tem cigarrinha no começo da infestação
00:21:30é ele entrar no pasto, ele vai ter que se agachar, abrir e identificar se tem espuma.
00:21:35Esse é um momento bom de identificar se tem cigarrinha,
00:21:37que vai ainda dar tempo de fazer o controle adequado.
00:21:41Essa espuma branca na base do capim serve pra proteger as ninfas da luz do sol e de possíveis predadores.
00:21:47Elas são a fase jovem do inseto e precisam da umidade pra chegar rapidamente à fase adulta.
00:21:53As cigarrinhas, elas estão no campo, no pasto o ano inteiro, é que a gente não vê, né?
00:21:58A cigarrinha, a gente fala que é um inseto quase aquático, ou seja, na época das águas, né?
00:22:03Que aqui na região vai de outubro, abril, você tem a fase em que você enxerga a cigarrinha no campo.
00:22:08A hora de fazer o controle é logo no começo da época chuvosa.
00:22:12Você tem aí formas de controle por meio de pulverização de produtos,
00:22:17sejam biológicos ou químicos.
00:22:18Primeiro a gente recomenda o uso do biológico, quando possível.
00:22:21A gente tem fungos que são disponíveis comercialmente pra controle da cigarrinha, né?
00:22:27Um deles é o metarrisium.
00:22:29O fungo é diluído em água e pulverizado diretamente no pasto.
00:22:33Em contato com o inseto, ele provoca uma doença e mata a cigarrinha.
00:22:38É bom que se aplique o fungo, dê uma chance para o fungo agir, né?
00:22:41Porque é melhor do que usar um produto químico, você não precisa tirar o gado da área, né?
00:22:45Então tem várias vantagens.
00:22:46Vantagem mesmo, você vai perceber, se puder cultivar uma variedade resistente de capim.
00:22:52Os mais resistentes, a gente pode falar o do marandu, é um capim bem famoso,
00:22:56ele conhecido como braquearão, é um dos capins mais resistentes à cigarrinha.
00:23:00Tem um capim, o ipiporã, que é uma cultivar mais recentemente lançada pela Embrapa, né?
00:23:05É um capim que é resistente.
00:23:07Piatã, por exemplo, também não sofre muito ataque.
00:23:09Ela não visita muito esses capins ou eles não sofrem tanto quando ela visita eles.
00:23:15Janete, fique de olho também na altura do capim.
00:23:18Para isso, você pode usar o próprio gado.
00:23:21Os animais vão comer e aparar a pastagem.
00:23:24A ideia é desalojar a cigarrinha, criar um ambiente que não seja favorável a ela.
00:23:28Ou seja, que entre mais raios de sol.
00:23:31Então isso faz com que a cigarrinha, ela não consiga se desenvolver tão bem.
00:23:34Cada tipo de capim tem uma altura indicada para esse controle da cigarrinha.
00:23:40Então é bom consultar um técnico aí da sua região.
00:23:44O Marcos da Paraíba quer aprender a fazer geleias e compotas.
00:23:48Pede um livrinho.
00:23:49Marcos, pegue o seu celular, aponte a câmera para o código que aparece no canto da tela.
00:23:55Você vai encontrar essa publicação do SENAR,
00:23:58o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural, que ensina a preparar doces e conservas.
00:24:05Tem dicas para a escolha e limpeza dos utensílios e o passo a passo da produção.
00:24:11Esse material é de graça e também está lá no nosso site g1.com.br barra Globo Rural.
00:24:19Você já ouviu falar em Forídio?
00:24:22O Edson Duarte, de Caxias do Sul, no Rio Grande do Sul, sabe bem o que é.
00:24:26E pergunta o que fazer para eliminar os tais forídios, aquelas mosquinhas que atrapalham as abelhas, como ele diz.
00:24:34A Carolina Lorenzetti foi até a Embrapa Meio Ambiente para buscar essa resposta.
00:24:39O forídio, também conhecido como mosquinha ligeira, é um inimigo das abelhas sem ferrão.
00:24:46O tamanho dele varia de 2 a 3 milímetros.
00:24:50Ele invade a casa das abelhas para roubar comida e se reproduzir.
00:24:54Em menos de uma semana, surge uma nova mosca adulta.
00:24:59Elas ocupam os ninhos, se reproduzem nos potes de pólen, que é a comida das abelhas sem ferrão.
00:25:05E quando a infestação está muito grande, chegam até a comer a cria, que é onde as abelhas produzem os seus filhotes, as novas abelhas.
00:25:13E onde a gente encontra essas mosquinhas na natureza?
00:25:16Essas mosquinhas ocorrem em material em decomposição.
00:25:19Assim como a grande maioria das moscas, elas têm um papel na natureza de decomposição da matéria orgânica,
00:25:26que depois vai ser disponibilizada para plantas, para o solo.
00:25:30Então, elas possuem uma função muito importante na natureza.
00:25:33Os forídios são da espécie Pseudipóssera quertese e gostam de ambientes úmidos.
00:25:38Controlar esse bichinho dá um certo trabalho.
00:25:41A primeira coisa é tentar evitar que eles cheguem até as colmeias.
00:25:46E eles podem fazer isso de duas maneiras.
00:25:49Ou por essa porta de entrada, esse furo aqui, ou então por pequenas aberturas na própria colmeia.
00:25:56E algumas situações são muito propícias para isso.
00:25:59Quando a gente divide as colmeias, então a filha vai ficar numa caixa nova,
00:26:05e aí a gente tem frestas e o buraco de entrada.
00:26:08E também quando a gente vai colher o mel ou fazer algum procedimento na colmeia,
00:26:11que a gente abre e ao fechar, sempre ficam alguns buracos que elas precisam fechar.
00:26:17E quais dicas a gente pode passar para o Edson?
00:26:19Ele tem duas alternativas para fechar as frestas.
00:26:23A gente usa as fitas crepe, que vão vedar a colmeia até que elas coloquem o própolis por dentro.
00:26:30Ou então, na entrada, a gente pode colocar tubinhos que vão esticar o caminho
00:26:36para que o forídeo não consiga percorrer esse caminho.
00:26:39Esse tubo pode ser de plástico ou de ser alveolada, vendida em casas de apicultura.
00:26:45Segundo o Cristiano, com esse caminho de entrada mais longo,
00:26:48o forídeo vai ter mais dificuldade para alcançar os ninhos.
00:26:52Vai ter um túnel cheio de guardas, onde os forídeos não conseguem passar
00:26:57e os buraquinhos da colmeia já vão ter sido fechados com própolis,
00:27:02de forma que eles não conseguem ter acesso.
00:27:04Edson, espalhar algumas armadilhas perto das colmeias
00:27:08também ajuda a evitar que as mosquinhas entrem nas caixas das abelhas.
00:27:13Basta pegar um pote de plástico e passar nas bordas uma cola entomológica,
00:27:17específica para insetos e vendida em lojas de produtos agropecuários.
00:27:24Repare que o Cristiano quebra o pólen para exalar ainda mais o cheiro.
00:27:28Depois de tampar, ele faz furos para os forídeos entrarem.
00:27:35Essa está pronta.
00:27:36Aí a gente coloca no ambiente e aí os forídeos vão entrar atraídos pelo pólen.
00:27:42Agora, se a colmeia já estiver com uma infestação leve, até 10, 15 mosquinhas,
00:27:46o manejo é outro.
00:27:48Nesse estágio, se a gente não vê larvas dentro da colmeia,
00:27:52significa que a infestação é leve e a gente consegue coletar esses adultos
00:27:58e espantá-los de dentro da colmeia e proteger essa colônia.
00:28:02A gente precisa ser ágil porque elas são muito rápidas,
00:28:05então nós vamos sugar e depois rapidamente cuspí-las com o sugador
00:28:09dentro da água com detergente, onde elas vão bater e afundar e morrem.
00:28:13Para fazer o sugador, basta encaixar tubos de plástico de diferentes larguras.
00:28:18O último encaixe recebe um voal, tecido usado em cortinas.
00:28:23Para a gente não engolir o inseto.
00:28:25Feito isso, o Cristiano coloca dentro da caixa um potinho com vinagre
00:28:29e mais umas gotas de detergente.
00:28:32O vinagre tem um cheiro parecido com o do pólen.
00:28:35E aí os forídeos vão entrar atraídos pelo pólen.
00:28:38De quanto em quanto tempo tem que trocar essa armadilha?
00:28:40Uma vez por dia.
00:28:42Três a quatro dias a gente consegue eliminar esse foco.
00:28:45E não se esqueça de vedar a caixa com fita crepe.
00:28:49Se a infestação for grande para valer, a operação é mais invasiva.
00:28:53A caixa vai para um ambiente fechado.
00:28:56Dessa vez, a mangueira de plástico é usada para assoprar.
00:28:59E com isso, espantar todo mundo.
00:29:01Abelhas e forídeos.
00:29:03Depois que todos saíram, a caixa foi vedada com fita crepe.
00:29:09É aí que começa a captura das abelhas com o sugador.
00:29:13Em uma sala fechada, isso fica mais fácil.
00:29:16As donas da casa são reconduzidas pela porta de entrada,
00:29:19que depois recebe uma telinha de proteção para nenhum invasor entrar.
00:29:23Isso é uma telinha de mosquiteiro e metal para as abelhas não conseguirem roer.
00:29:29Já o destino dos forídeos é a mira dessa raquete de mosquitos.
00:29:33A partir de agora, essa caixa vai ficar aqui fechada no ambiente interno por uma semana,
00:29:41sem nenhuma interferência.
00:29:43E depois disso, Cristiano, o que acontece?
00:29:45Depois disso, nós vamos inspecionar novamente.
00:29:47Não encontrando mais forídeos, ela está pronta para ser levada para campo novamente,
00:29:52onde ela deve retomar no seu estágio de saúde normal.
00:29:56Se a gente encontrar larvas aqui dentro,
00:29:59A gente vai retirar as abelhas vivas que restarem
00:30:03e a gente pode aproveitá-la para formar uma nova colmeia
00:30:05e o restante do material a gente vai congelar por 24 horas
00:30:09para exterminar essas larvas de forídeos e eles não voltarem para o ambiente.
00:30:14Que trabalhão, hein, Edson?
00:30:17Enquanto tiver larva na colmeia, não se pode consumir o mel dessas abelhas, hein?
00:30:22Dúvida que vem do município de Formosa, Goiás.
00:30:25O Terrson quer saber qual é o melhor tipo de solo para plantar mandioca.
00:30:31O repórter Rafael Castro traz algumas orientações para você.
00:30:36Oi, Terrson, tudo bem?
00:30:38Para esclarecer a sua dúvida, eu converso com o agrônomo da Ematera
00:30:42aqui de Minas Gerais, Paulo Costa.
00:30:44Paulo, como saber se o solo está preparado para o plantio de mandioca?
00:30:48Bom, o solo ideal para o plantio de mandioca deve ser um solo de boa profundidade,
00:30:51de boa aeração, um solo de textura média, profundos, né?
00:30:57Embora a cultura não seja muito exigente em fertilidade,
00:31:00ela responde muito bem à correção e adubação de solo.
00:31:03O ideal é que seja um solo bem estruturado,
00:31:06que não seja encharcado, que não tenha camadas compactadas.
00:31:09Isso porque um solo compactado não vai deixar a raiz respirar e se desenvolver.
00:31:14Nessa propriedade, no município de Engenheiro Navarro, no norte de Minas Gerais,
00:31:19a gente encontrou um bom exemplo.
00:31:21Você vê que o solo de boa estrutura, o solo bem drenado,
00:31:26ele não é um solo muito pegajoso.
00:31:28Ele esborou, ele desmancha ao tocar.
00:31:31Mas não fique atento só à textura.
00:31:33A composição também é importante.
00:31:35O agrônomo diz que o pH ideal é entre 5,5 e 6,5.
00:31:40Nessa faixa de pH, você vai ter uma maior solubilidade dos nutrientes do solo,
00:31:46favorecendo na nutrição da planta.
00:31:48Se o local onde você vai plantar estiver abaixo de 5,
00:31:52vai precisar de ajuda para fazer a correção com o calcário.
00:31:56Outro cuidado que se deve ter ao fazer novos plantios de mandioca
00:31:59é escolher um solo com boa declividade.
00:32:00A declividade deve girar de 0% até 10%,
00:32:03já que é uma cultura que expõe muito o solo à erosão.
00:32:07E o que acontece se o solo estiver muito inclinado?
00:32:09Aí, quando vierem as chuvas, vai ocorrer arraste de material,
00:32:13vai ocorrer erosão, levando embora a fertilidade do solo.
00:32:16Terrison, até é possível fazer o plantio em terrenos um pouco mais inclinados.
00:32:21Mas se esse for o seu caso,
00:32:23faça um monitoramento constante para evitar o encharcamento das raízes.
00:32:28Em solos encharcados, a tendência é a raiz em pouco tempo apodrecer,
00:32:31ela não suporta.
00:32:32E fica imprópria para consumo, tanto in natura quanto para ser industrializado.
00:32:36Seguindo essas dicas, o Terrison vai ter uma boa plantação de mandioca?
00:32:39Com certeza, grande chance dele ter um plantio de sucesso.
00:32:43A colheita da mandioca de mesa é feita de 8 a 10 meses após o plantio.
00:32:48Já a raiz usada para farinha fica pelo menos um ano e meio no campo.
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00:33:05Vale enviar mensagens de texto, foto e vídeo.
00:33:10Põe o seu nome e o do seu município.
00:33:13Veja agora os eventos do campo.
00:33:17Feira Agropecuária em Peixe, Tocantins.
00:33:20Cavalgada feminina no distrito de São Francisco Xavier, São Paulo.
00:33:24Em Minas Gerais, simpósio sobre café em Manhuassu, seminário de citricultura em Ibiá e festa de reis em São João Batista do Glória.
00:33:36E teve mais eventos na semana.
00:33:39Em Mato Grosso foi realizada essa semana a Norte Show, uma das mais importantes feiras do agronegócio do estado.
00:33:45Foram mais de 400 expositores que apresentaram novas tecnologias.
00:33:51Ao todo, 70 mil pessoas visitaram a feira, que movimentou mais de 4 bilhões de reais em negócios.
00:34:00Em Piracicaba, o Centro de Tecnologia Canavieira organizou o CPC Day, um dia para apresentar pesquisas e inovações que vão impactar o mercado nos próximos anos.
00:34:11Entre as inovações, variedades com maior produtividade e testes com o plantio de cana através de sementes produzidas em laboratório.
00:34:20No Rio Grande do Sul, um caso de raiva herbívora foi identificado em Passo Fundo.
00:34:25Um cavalo morreu depois de ter sido infectado com a doença pela mordida de um morcego.
00:34:30A Inspetoria Veterinária do Rio Grande do Sul pede para que os produtores vacinem seus rebanhos contra a raiva e comuniquem a existência de refúgios do morcego hematófago.
00:34:42Já tem pinhão em Santa Catarina.
00:34:45A safra vai ser menor esse ano, mas o preço vai compensar as perdas.
00:34:50Se tem chuva de pinhão sobre os galhos e a sapecada no fogo é sinal de início de safra.
00:35:02Segundo a EPAGRE, até setembro devem ser colhidas 4.500 toneladas de pinhão.
00:35:092.000 toneladas a menos que no ano passado.
00:35:12Uma araucária, você olhando ali, você enxerga três safras ali.
00:35:16Porque a arapinha que nós estamos colhendo hoje, ela começou a se formar na araucária em 2022.
00:35:22Então, são de 32 a 36 meses, né, até ela se formar.
00:35:27Esse ciclo longo deixa o fruto mais vulnerável ao clima e aumenta as incertezas.
00:35:34E a araucária é conhecida por alternar anos de boa produção e outros de baixa colheita, como agora.
00:35:40O Jaison tem essa propriedade de 20 hectares em painel e já sabe que nesse ano vai colher menos.
00:35:49Esse ano nós temos no último ciclo de safra ruim.
00:35:51O pinhão compõe a renda de 10 mil famílias nos 18 municípios da Serra Catarinense.
00:35:58Mas a quebra da safra não preocupa o seu vilmar, que tem uma propriedade de 11 hectares no município de São Joaquim.
00:36:06É que com sacas mais vazias, o preço da venda sobe.
00:36:10O ano passado a gente começou vendendo pinhão a 250, esse ano já começamos a 400, né.
00:36:17Então, deu a quebra, mas tem a compensação no valor agregado, né.
00:36:22Trabalho menos e ganho mais ainda, né.
00:36:26Trabalho que é feito nas alturas.
00:36:29Seu vilmar escolhe o galho mais firme, mira o alvo e é mais uma pinha no chão.
00:36:36Nem todas as pinhas colhidas estão prontas para serem debulhadas.
00:36:41Esta aqui, por exemplo, deve ficar madura daqui uns 15 dias.
00:36:45Já essa outra está pronta para ser aberta e logo vai passar por aquele processo, na mão dos produtores.
00:36:53Isso aqui é para debulhar, para daí ficar melhor para passar na máquina, né.
00:36:56O equipamento ajuda na classificação das sementes antes da venda.
00:37:03E é com essa paciência que a família de três pessoas dá conta sozinha da colheita do pinhão.
00:37:1160 e poucos dias de trabalho, né, mas que dá um retorno muito bom.
00:37:16Se a pessoa todo dia levantar cedo, sair e ir trabalhar, chegou no final da safra, pode contar que tem uma boa renda.
00:37:24O preço dos bezerros está em alta e criadores de Mato Grosso do Sul aproveitam o bom momento.
00:37:32O Julián é pecuarista em Rochedo, Mato Grosso do Sul.
00:37:36No rebanho dele são 400 matrizes, que dão à luz a cerca de 300 bezerros por ano.
00:37:42O foco por aqui é justamente a cria, que é a produção de bezerros.
00:37:46E a recria, que vai até os animais completarem 12 meses.
00:37:51E ele está aproveitando o bom momento do mercado para comercializar os lotes prontos.
00:37:56Teve uma melhora considerável nos preços de venda do bezerro.
00:38:00Principalmente quando a gente compara o início de 2024 com esse mesmo período agora de 2025.
00:38:07Ano passado a gente negociava bezerros aí ao redor de 10,50, 11 reais o quilo vivo.
00:38:13E hoje a gente já vê os bezerros sendo negociados a 14 reais o quilo.
00:38:18De acordo com dados do CPEA, o preço médio do bezerro agora em abril passou dos 2.700 reais.
00:38:2634% acima do praticado há um ano.
00:38:29E os mais altos desde agosto de 2022.
00:38:33Por um lado, a volta das chuvas faz melhorar as pastagens.
00:38:36O que aumenta a demanda por animais de reposição.
00:38:38Por outro, o alto índice de abate de fêmeas nos últimos anos impacta na oferta de bezerros.
00:38:45O abate foi muito grande em 2022, né?
00:38:47Uma mudança de ciclo naquele momento, o bezerro caindo de preço.
00:38:52E aí o produtor, ele opta a bater mais fêmeas, diminuir o plantel.
00:38:57E aí quando o boi vem com um preço bom, muda completamente o ciclo, né?
00:39:01Os valores recebidos aumentaram, mas o custo de produção também, principalmente com a alimentação dos animais.
00:39:07Os insumos para a produção de pastagem e a suplementação aqui no coxo fazem com que a margem do produtor rural
00:39:15não siga nos mesmos patamares da valorização do preço do bezerro.
00:39:20Na safra passada, nós fechamos aqui na fazenda um custo por bezerro produzido de 1.374 reais.
00:39:26E nessa safra atual, nós estamos estimando um aumento de 20 a 30% no custo de produção desse mesmo animal.
00:39:34Mesmo assim, os criadores estão animados.
00:39:36O Júnior gerencia uma fazenda de ciclo completo, da cria à engorda, em Aquidauana, no Pantanal.
00:39:43A gente produz um bezerro da última safra aí, a próxima de 1.800 reais.
00:39:49E hoje a gente for jogar ele no mercado hoje, ele está dando uma margem de 30%.
00:39:52Então isso anima muito o produtor de bezerro, né?
00:39:55E tem mais boi no nosso terceiro giro de notícias.
00:39:59As exportações brasileiras de carne bovina cresceram muito em março.
00:40:04Foram embarcadas quase 290 mil toneladas, 41% a mais que no mesmo mês do ano passado.
00:40:11A China continua sendo o principal destino da carne bovina brasileira.
00:40:16Depois de bater recordes em 2024, as vendas internacionais de café caíram no primeiro trimestre deste ano.
00:40:24Foram 10 milhões e 700 mil sacas, redução de 11%.
00:40:28Mesmo assim, com a forte valorização do produto, as receitas cresceram 54%, chegando a quase 4 bilhões de dólares.
00:40:36O clima quente e seco afeta a produção do limão Taiti em São Paulo.
00:40:41A qualidade e a oferta das frutas caíram.
00:40:44E com isso, os preços dispararam.
00:40:46Nos três primeiros meses do ano, a caixa de 40 quilos foi negociada a 25 reais e 6 centavos.
00:40:5455% acima do mesmo período de 2024.
00:40:58E o mais alto desde 2019.
00:41:00Um voo espacial tripulado só por mulheres chamou a atenção essa semana.
00:41:07E a cápsula que foi lançada no Texas, Estados Unidos, tinha um pouquinho do Brasil.
00:41:13Sementes e plantas desenvolvidas pela Embrapa foram passear no espaço.
00:41:23Este não é um voo qualquer.
00:41:25É o primeiro voo comercial para o espaço tripulado só por mulheres.
00:41:32Uma delas, a cantora pop americana, Kate Perry.
00:41:36Foram 10 minutos desde o lançamento até o pouso em terra.
00:41:41Mas o que esta breve experiência no espaço tem a ver com a agricultura brasileira?
00:41:46É que a bordo do foguete estavam estas amostras de sementes e plantas usadas para a produção de alimentos.
00:41:52Parte do material que viajou ao espaço saiu aqui do Brasil.
00:41:57As amostras foram produzidas por pesquisadores da Embrapa Hortaliças, que fica no Distrito Federal.
00:42:03São sementes de grão de bico, como estas, já prontas para o cultivo.
00:42:08E plantinhas de batata doce, com dois meses de vida.
00:42:12A escolha das espécies não foi aleatória.
00:42:15Era preciso enviar plantas rústicas e resistentes às condições encontradas no espaço.
00:42:20É necessário que se tenha plantas de fácil manejo, de ciclo curto e que sejam adaptáveis a condições adversas.
00:42:29No caso da batata doce, atende a todos esses requisitos e, além disso, ela tem uma alta eficiência energética.
00:42:37A amostra das viagens ao espaço faz parte de uma rede mundial de agricultura espacial.
00:42:43Cada país signatário contribui com o que tem de melhor.
00:42:46Encontramos na agricultura espacial uma oportunidade ímpar, no sentido de que é uma área de atuação que o Brasil é reconhecidamente uma superpotência,
00:42:57não só em termos de produção, como também em termos de produção científica,
00:43:01e que certamente vai ser essencial dominar as técnicas de cultivo, os métodos na superfície da Lua,
00:43:09se existe um anseio de ali permanecer de forma contínua.
00:43:12Aqui no Brasil, 60 cientistas e pesquisadores de 20 instituições estão envolvidos no projeto.
00:43:19A Larissa Vendrami é uma delas.
00:43:21Agrônoma da Embrapa Hortaliças, especializada em melhoramento genético há 20 anos,
00:43:27ela vai receber parte do material que viajou pelo espaço.
00:43:31Durante a trajetória do foguete, a cápsula, a batata doce e o grande bico foram expostos à condição de gravidade zero,
00:43:38ou o que a gente chama de microgravidade.
00:43:41E essa condição pode provocar alterações nas plantas e também possíveis mutações.
00:43:48Primeiro, os cientistas vão estudar o que mudou nas estruturas física e genética das sementes e plantas.
00:43:54Depois, analisar a viabilidade de plantio.
00:43:57Se tudo der certo, o material será cultivado.
00:43:59Nós poderemos selecionar plantas mais eficientes no uso da água e mais eficientes no uso de nutrientes.
00:44:09Nós estamos adiantando, fazendo um melhoramento preventivo em relação às condições de cultivo em terra.
00:44:17Os cientistas da Embrapa dizem que poucos minutos na gravidade zero já são suficientes para mexer com os genes das plantas.
00:44:27Em Sergipe, a banana mudou a história de toda uma comunidade.
00:44:31Os doces e o artesanato feito com a fibra da bananeira reforçam a renda das famílias.
00:44:37O povoado Casa Caiada fica na região sul de Sergipe.
00:44:42Aqui, por onde se olha, tem plantação de banana.
00:44:45É a vocação do lugar.
00:44:46E é a terra da banana.
00:44:48São cerca de 2 mil moradores.
00:44:50E praticamente todos têm lavoura de banana no quintal de casa ou em pequenos sítios.
00:44:56Os bananais ocupam uma área de 60 hectares.
00:44:59Em qualquer pedacinho de terra aqui do povoado, basta plantar que a bananeira vinga.
00:45:05Esse é um dos muitos sítios da região.
00:45:08Só aqui são mais de 300 pés.
00:45:10A terra ajuda, claro.
00:45:12Mas os agricultores são bem caprichosos.
00:45:15Cuidam de cada pé de banana como se fosse um filho.
00:45:19O resultado são bananeiras com belos cachos e bananas bem docinhas.
00:45:24Dona Maria José cresceu plantando e vendendo a fruta nas feiras e, como todos por aqui, é apaixonada pelo que faz.
00:45:35Com muito carinho, com muito amor, adubando, limpando, tirando as palhas secas, tirando as coisas que estão ao redor para que elas nos juntem insetos.
00:45:46Tanta banana e dedicação dos moradores chamaram a atenção dessa professora, que chegou ao povoado há cerca de 3 anos e percebeu que a comunidade poderia fazer muito mais, além de plantar e vender banana.
00:45:59De prontidão, eu pensei em fazer um projeto voltado para a valorização do produto aqui na comunidade.
00:46:09E nada melhor do que começar na escola, né?
00:46:12A professora passou a incluir a banana nas disciplinas, como português, história, para despertar na escola a importância do fruto para a comunidade.
00:46:20Era o que faltava para chamar a atenção, especialmente das mulheres.
00:46:26Descartava tudo, descartava o tronco, descartava a palha, descartava a busa da banana, que é o coração da bananeira.
00:46:35Toda a gente descartava, não aproveitava nada.
00:46:38Juntas, elas perceberam que da bananeira é possível aproveitar tudo, da fibra ao fruto.
00:46:44Começamos a primeira peça, no começo não saiu legal, mas vamos tentar, a gente vai conseguir.
00:46:51O grupo começou com oito mulheres, agora já são 20.
00:46:55Curiosas e cheias de vontade, pesquisaram na internet e começaram a produzir peças artesanais à base da fibra e folhas secas da bananeira.
00:47:04Hoje, quando a gente olha para uma bananeira, não só eu, como todas do grupo, a gente já pensa em uma peça.
00:47:11Já pensa no que produzir com aquilo.
00:47:14Bolsas, cestas e o que a imaginação mandar.
00:47:18E tem a culinária, que contou com a ajuda do único homem do grupo.
00:47:22E Delbrando virou especialista em pratos à base de banana.
00:47:26A gente descasca a banana e a banana vai para o lixo, a casca vai para o lixo.
00:47:30E dá para se aproveitar muito.
00:47:32No meu primeiro prato, dei à comunidade para provar e todos perguntavam o que era.
00:47:37E diziam que era carne, que era lombo.
00:47:39E na verdade era casca de banana.
00:47:40Todos ficaram surpresos quando eu contei que era casca de banana.
00:47:44Tem coxinha e até moqueca de banana.
00:47:47Tudo é vendido na comunidade.
00:47:49Mas todos estão se preparando para buscar novos mercados.
00:47:53Se a gente quer expandir o mercado, a gente quer que os produtos delas saiam daqui,
00:47:58que sejam comercializados fora daqui, que vá para feiras.
00:48:01A gente participa de muitos eventos fora do estado e até fora mesmo, como literalmente.
00:48:06Mas para isso a gente precisa que o produto seja aprimorado.
00:48:09E elas pretendem ir longe e fazem planos para o futuro.
00:48:13Comprar alguma coisa para a minha casa e depois breve e não me deduzir para uma casa na praia.
00:48:20E a gente ainda quer ver a foto dessa casa na praia, hein?
00:48:23Houve um tempo em que se dizia cerrado, nem dado, nem herdado.
00:48:30Parte do que o povo comia e assistia era importado.
00:48:34Nos anos 60, dois fatos mudaram a cultura e a agricultura do país.
00:48:39A soja vai bem no cerrado, a Globo entra no ar.
00:48:43Sucessos paralelos.
00:48:45Nos tornamos campeões em audiência e na produção de soja.
00:48:49Com fazendas que parecem saídas de uma ficção, como pude ver numa viagem ao Brasil Central.
00:48:54Na roça também podia ser assim, né?
00:49:12Sol, máquina, ação.
00:49:15Só que não.
00:49:16De repente, o céu fica carrancudo e anuncia.
00:49:21Vai chover.
00:49:22Isso equivale à luz apagada num estúdio.
00:49:25Não se faz nada no campo desse jeito, lamenta o Lifiorese, que resume assim o dia a dia do agricultor.
00:49:32Vai dormir olhando a previsão, acorda olhando a previsão do tempo, tudo para planejar as atividades do dia.
00:49:39O time de operadores está prontinho para colher a soja, mas esse monte de máquina aí vai ficar à toa, enquanto durar essa incerteza.
00:49:52Vamos só aguardar essa nuvem que está se aproximando aqui, em seguida a gente já avalia se está acontecendo colheta.
00:50:00Eu acho que não tem nenhuma atividade no mundo de que faça com que você jogue 5 mil reais num hectare aí,
00:50:06sabendo que você não tem certeza que vai tirar ele de volta.
00:50:09Que dê lucro.
00:50:10Então, tem que ter muita coragem.
00:50:16E o custo de produção vai aumentar, pela espera, que pode ser curta ou demorada.
00:50:23Desta vez aqui, 36 horas, contando de quando a chuva parou até a lavoura secar.
00:50:30Cada um colhe o que planta.
00:50:32No caso de um agricultor como o Lifiorese, isso tem que ser feito num calendário fechado.
00:50:37Uma janela de tempo bem marcada.
00:50:39Quantos dias até aqui?
00:50:41Do dia do plantio até hoje, 115 dias.
00:50:44E finalmente é um dia de glória, né?
00:50:46Ah, com certeza.
00:50:47É o momento esperado para todos que plantam.
00:50:55O Lifiorese é um proprietário bem sucedido.
00:50:58Fã de planejamento.
00:51:00Eu gosto das coisas bem feitas.
00:51:02Um bom plantio, bem feito.
00:51:05Tudo muito organizado.
00:51:07Os talhões se estendem como tapetes recortados por áreas de mata.
00:51:12Rigorosa manutenção de estradas, com cacimbas na ponta de cada lote para captação de enxurradas,
00:51:18o que evita erosão e retém umidade.
00:51:21Se vê capricho na sede, nos jardins, paisagismo com plantas nativas no entorno de nascentes e represas.
00:51:32Neste cenário, nos contará depois, nada acontece por acaso,
00:51:36como a presença das emas que vêm atrás das sobras de grãos.
00:51:39Capinar soja com enxada, com canetinha e tudo.
00:51:51Essa cena é um absurdo.
00:51:53Completamente deslocada, poderia dizer quem é do ramo,
00:51:56acostumado com a moderna mecanização de hoje.
00:52:00Mas, na história do Lifiorese, isso foi real.
00:52:04A primeira tarefa que o nosso pai ensinou a nós é capinar.
00:52:12Antigamente não existia herbicida em soja.
00:52:15Tinha que ser na base da enxada.
00:52:18Estamos falando aí de 60 anos atrás.
00:52:22Quando Roberto Marinho inaugurou a Globo em 1965,
00:52:27era só um canal do Rio de Janeiro.
00:52:29Hoje, são 123 emissoras, formando com afiliadas uma das maiores redes de TV do mundo.
00:52:37Sucesso semelhante teve a soja.
00:52:40Em números redondos, de 430 mil toneladas, deve chegar nesta safra mais um recorde.
00:52:48168 milhões de toneladas.
00:52:50Cresceu quase 400 vezes em seis décadas.
00:52:54E, de alguma forma, já se imaginava que a soja ia ganhar esse estrelismo que ganhou hoje ou não?
00:52:59Eu não imaginava, não.
00:53:02Quando eu saí da faculdade e vim trabalhar com o meu pai,
00:53:05era plantado no sistema convencional.
00:53:09O Lifiorese viu o cometa da soja passar e se deixou levar.
00:53:14Se postou no movimento dos sulistas que migraram para o centro-oeste.
00:53:18E agora pode postar de pai feliz, tendo os filhos como parceiros.
00:53:23Hoje, o pai manda no filho.
00:53:26Não existe isso.
00:53:27Nós somos parceiros, na verdade, somos sócios também.
00:53:32O filho é o pai do homem, diz um ditado antigo,
00:53:37considerando o cuidado que os mais novos lá na frente devem ter com os mais velhos
00:53:41e também o tanto que os pais aprendem com os filhos.
00:53:45Embora haja muita resistência.
00:53:47Há proprietários rurais ainda que, ao ouvir meio ambiente, sustentabilidade,
00:53:53já largam aquela sombrancelhada, fecham a cara.
00:53:57Vamos ver como isso se deu aqui na fazenda Nossa Senhora Aparecida.
00:54:01Ele chegou até um ponto e eu e meu irmão, a gente está vindo com garra e tudo,
00:54:05a gente pode aumentar mais, que hoje mudou muito o mundo e tem novas ideias e novas formas de produzir.
00:54:10No enredo empresarial familiar, Caio na parte agrícola e Henrique na administração
00:54:17se articulam como dois braços direitos do Oli.
00:54:21Hoje vai chegar a tarde, lá do Conrado, amanhã outra e outra segunda.
00:54:27E de Leuza a mãe é o esteio da família, que almoça, janta, dorme, toma café da manhã,
00:54:33o tempo todo, todos juntos.
00:54:36Isso não é ruim, pergunto, lembrando o dito de que parente é serpente.
00:54:42Parentes são serpentes, né?
00:54:44Mas os filhos são os dentes, que a gente quer permanecer com eles, né?
00:54:48É muito importante você conseguir fazer sucessor, não herdeiros.
00:54:54O herdeiro, na segunda geração, não vai ter mais nada.
00:54:58Se você é sucessor, ele vai ter suceder e vai dar sucessão naquilo que foi feito.
00:55:04Sucessão é um processo que tem a porteira aberta para o legado que os filhos antecipam aos pais.
00:55:10Eles sabem que eu sou meio assim, meu cachis durão, mas, por outro lado também, é um...
00:55:19Você tem que, por exemplo, ceder, quem tem que ceder sou eu, né?
00:55:24Eu tenho que...
00:55:25Você é mesmo?
00:55:26É, tem que ceder.
00:55:28Quem cedeu mais aqui, hein?
00:55:30Ele abraça a ideia, a gente discute em conjunto e, com certeza, a gente implementa isso.
00:55:35Então, ele...
00:55:36Essa abertura a gente teve bastante.
00:55:38Novos conceitos, mais ciência, na experiência de quem há cinquenta e tantos anos participa
00:55:44dessa expansão cinematográfica da soja.
00:55:47Naquele tempo da enxada, os tipos de sementes não passavam de meia dúzia.
00:55:52Hoje, são mais de trezentas variedades registradas no Ministério da Agricultura.
00:55:58Ciclo curto, longo, convencional, transgênica, resistente a isso e aquilo.
00:56:03O mapa da soja, que se restringia à região sul, agora vai de ponta a ponta do país.
00:56:08A evolução é enorme, muito grande.
00:56:12O avô do Caio e do Henrique produzia vinte sacas por hectare.
00:56:16Aqui, neste ano, a média foi de oitenta.
00:56:20Mais de cinquenta por cento da média nacional.
00:56:22A família coleciona prêmios.
00:56:27Sucesso não só na soja, mas também no milho, no arroz, no feijão.
00:56:32Isso é o ano inteiro, sempre plantando, colhendo e planejando.
00:56:37No aparentemente calmo mar de lavouras, o movimento ferro.
00:56:41A colhadeira passa, atrás já vem a plantadeira, a adubadeira, a pulverizadeira.
00:56:51Tem refil de insumos, os implementos se deslocam para lá e para cá.
00:56:55Tem grão caindo na carroceria, grão caindo no silo.
00:57:02Transporte incessante.
00:57:03Praticando a chamada agricultura regenerativa, conseguem fazer até três safras,
00:57:10com a previsão de colher, neste ano, setenta e cinco mil toneladas de cereais.
00:57:15Poucas fazendas têm isso.
00:57:17É uma coisa, vamos dizer, inédita, estão fazendo.
00:57:21Já tem sempre quatro safras planejadas para frente.
00:57:24Sempre o tempo inteiro se antecipando.
00:57:27Foi uma mudança da água para o vinho.
00:57:30A história dos fiorezes está lhe parecendo familiar,
00:57:35a sensação de que já viu esse enredo em algum lugar.
00:57:39Você não está enganado, não.
00:57:40Há tramas semelhantes no Velho Chico, por exemplo.
00:57:43A gente tem muito o que aprender com a natureza.
00:57:45É, ouvir a natureza e aprender com ela, painho.
00:57:48Para de querer lutar contra ela.
00:57:50É isso.
00:57:51Mas fazer não é tão fácil como falar.
00:57:54Não é fácil fazer.
00:57:57Mas é possível.
00:57:57Como na novela em que os filhos atualizam o pai nas práticas corretas,
00:58:03Caio e Henrique ajudaram o Lee na redução dos impactos ambientais.
00:58:08A fazenda já praticava o básico.
00:58:11Tem que investir.
00:58:12Tá.
00:58:12Tem que investir.
00:58:13E você tem que repor o que está extraindo.
00:58:18O maquinário de última geração, para você ter uma ideia,
00:58:22uma dessas aí custa quase quatro milhões de reais.
00:58:25Uma equipe de 75 funcionários,
00:58:29cumprindo à risca os protocolos trabalhistas fiscais e ambientais,
00:58:34a fazenda se enquadrou na tão sonhada agora certificação ESG,
00:58:39assegurando compromisso com a sustentabilidade.
00:58:43Sustentabilidade, para nós aqui, não é só uma palavra bonita.
00:58:46A gente leva muito a sério.
00:58:48Principalmente na questão ambiental.
00:58:49No mundo real, o agronegócio ora é visto como mocinho, porque alimenta o planeta,
00:58:57ora como vilão, porque estraga a natureza.
00:59:00Numa das fazendas, bordejando lavouras de soja,
00:59:03os dois me levam a conhecer uma faixa de mata.
00:59:06Cerrado nativo, por onde corre um copioso ribeirão.
00:59:10A gente pode chegar aqui nos meses mais secos do ano, já com um período longo, sem chuva,
00:59:16final de agosto, setembro, início de outubro, e a quantidade de água continua a mesma.
00:59:20A gente faz análise da água e tem que estar sempre comprovando que aquela água não está contaminada,
00:59:25não está com nenhum, perdeu a qualidade por causa da atividade da agricultura.
00:59:30Uma pesquisa de biodiversidade já começou a ser feita nas fazendas do grupo.
00:59:35Nós já fizemos o estudo da fauna, então foi identificado mais de 250 espécies de pássaros aqui,
00:59:42algumas até que não são, por curiosidade, não são comuns dessa região.
00:59:47Num estudo sobre polinizadores naturais, os biólogos fizeram uma descoberta notável aqui.
00:59:53Uma melípona, uma abelinha solitária minúscula, que até então não havia sido catalogada.
00:59:59Deu os pesquisadores que quiseram homenagear a nossa família e hoje ela se chama Seratina Fiorezana.
01:00:07Fiorezana é o nosso sobrenome, então Fiorezana é o nome da abelha agora.
01:00:11Um hotel para abelhinhas solitárias, enfeita o jardim onde fica a vila,
01:00:15daqueles que têm papel central na trama produtiva dessas fazendas,
01:00:20mas que não tinha aparecido até aqui na nossa história.
01:00:23Os funcionários.
01:00:25Eu converso agora com a Sara Tomaz e o Clebson Veras, o Tebinha, pais da Giovana e do Miguel.
01:00:32Como que vocês se sentem vivendo aqui, morando aqui?
01:00:36Bem, aqui é bom de morar.
01:00:38Eu gosto de morar aqui, eu prefiro mil vezes que a cidade.
01:00:40Sossego, quando vai para a cidade fica doidinha para voltar para a fazenda.
01:00:43Eles dão bastante custo aqui, jogando a máquina nova, tem um treinamento,
01:00:47aí não tem como ficar por fora não.
01:00:49Sara trabalha na limpeza, Tebinha é operador de máquina e também jogador do time da fazenda.
01:00:56Tenho academia ali, com os brinquedos para as crianças brincarem, quando está disponível.
01:01:01O que você gosta mais de brincar ali, Giovana?
01:01:03Balanço.
01:01:04O balanço, é? Tá.
01:01:06E o Miguel gosta de brincar mais no que ali?
01:01:09É uma noite correta.
01:01:11É uma vida tranquila.
01:01:12Gasta mesmo, que não paga aluguel, nem água, nem luz.
01:01:14Dá para tirar férias, não?
01:01:15Tá, tranquilo.
01:01:16Nas férias, Sara mostra, a família gosta de ir para Caldas Novas, famosa estância de águas quentes de Goiás.
01:01:26Estão felizes aqui ou não?
01:01:28Sim, sim.
01:01:32Reportagem terminando, mas ainda quero apresentar as cenas que testemunhei aqui dos próximos capítulos da família Fiorese.
01:01:40Estando já com o gramado a paradinho, como a gente viu, maquinário renovado, lavouras de grãos batendo recordes, o que você acha que eles vão fazer?
01:01:51Pode parecer engraçado.
01:01:53Vão vender alho e cebola.
01:01:55A gente enxergou isso aí, um novo caminho, um novo segmento, uma diversificação do nosso negócio.
01:02:02Estamos agora no município de Planaltina de Goiás, 1.250 metros de altitude, 40 quilômetros em linha reta de Brasília.
01:02:13Aqui, num investimento de vários milhões de reais, está sendo construído um grande centro de logística para o beneficiamento e o escoamento de alho e cebola.
01:02:24A gente pretende comercializar uns 500 mil sacos de cebola e aproximadamente umas 40 mil caixinhas de alho.
01:02:32O agrônomo Augusto Vieira, especialista nas duas culturas, é o formulador do projeto que conta também com a participação de um dos maiores grupos do setor de hortigrangeiros do Planalto Central.
01:02:44É uma semente muito robusta.
01:02:47Estas são as caixas de sementes importadas da África do Sul e da Nova Zelândia.
01:02:52Um material híbrido para desempenho de alta densidade, algo como um milhão de plantas por hectare.
01:02:59Os bulbos chegam a vazar, como mostra o vídeo que Augusto apresenta.
01:03:03A média nacional de cebola hoje é 35 toneladas por hectare, que a gente busca acima de 80 toneladas no produto final.
01:03:15O planteio já começou com o início de colheita previsto para junho.
01:03:19A ambição é que se tornem os maiores produtores e fornecedores de alho e cebola do Brasil Central.
01:03:27A tendência para a frente, com certeza, é eles que vão tocar isso aí.
01:03:30Quer dizer, é um andor que você constrói para eles carregarem, é isso aí.
01:03:33É isso aí.
01:03:35É um desafio novo, né?
01:03:37A gente, ele colocou, está nos dando isso aí e com certeza a gente tem que seguir firme, né?
01:03:41Tem que honrar.
01:03:42Vocês estão confiantes, né?
01:03:43Tem que ser.
01:03:45A gente é brasileiro, a gente não desiste nunca.
01:03:47E domingo que vem tem o nosso programa especial em homenagem aos 60 anos da Globo.
01:04:01O mundo rural contado na teledramaturgia.
01:04:05Em meio a muitas tramas de amor e intrigas, a realidade como pano de fundo do contexto histórico e cultural do nosso país.
01:04:22Cada canto desse chão tem um tesouro de literatura aguardando que alguém venha e escreva.
01:04:31Histórias reais, tão dramáticas e cômicas, que até parecem inventadas.
01:04:37Um personagem que você não vai esquecer.
01:04:40João Boiadeiro, da Serra da Mantiqueira.
01:04:43Graças a Deus, estou vivo, se melhorar estraga.
01:04:46O ator que deu vida ao líder do Sem Terra na novela Rei do Gado reencontra os trabalhadores que o ajudaram a criar o personagem
01:04:54e que hoje já estão assentados e prosperando.
01:04:57Quanto tempo.
01:04:58Quanto tempo.
01:05:01Você vai conhecer ainda a trajetória do escritor que mais retratou o campo nas suas novelas, Benedito Rui Barbosa.
01:05:11Inventei tantas histórias.
01:05:13Deseja alguma coisa?
01:05:15Eu vou falar uma coisa pra você.
01:05:17Você encantou a vida de muita gente.
01:05:22Não perca então Globo Rural Especial, domingo que vem.
01:05:26Ótimo dia pra você.
01:05:27Uma feliz Páscoa.
01:05:31E aí
01:05:33Tchau
01:05:48A CIDADE NO BRASIL

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