Daniel Cassetari, CEO da HKTC e especialista em comércio exterior, fala sobre os impactos da guerra tarifária entre China, Estados Unidos e Japão. Ele compartilha insights de sua experiência na China, discutindo os setores mais afetados e as oportunidades para a economia chinesa.
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NotíciasTranscrição
00:00Sobre os reflexos da guerra tarifária entre Estados Unidos, China e agora também o Japão,
00:06eu converso com o Daniel Cassetari, que é CEO da HKTC, especialista em comércio exterior,
00:13com quem nós temos o privilégio de conversar agora, porque ele está na China.
00:18Então, bom dia para você aí, Cassetari, obrigado por achar um espacinho na sua agenda,
00:25conversar conosco, privilégio nosso, porque você está entendendo do problema aí dentro do país.
00:31E é justamente aí que eu queria começar conversando contigo.
00:34Qual foi a tua percepção nessa temporada que você passou aí na China?
00:38Como é que os chineses estão entendendo essa guerra tarifária?
00:41Bom dia para você, boa noite para quem nos assiste aqui no Ocidente.
00:48Boa noite para todos, muito obrigado, Marcelo.
00:52Para mim é um prazer estar falando com vocês também.
00:55Aqui o mercado chinês, em geral, ele não tem nenhuma percepção sobre esse tarifácio
01:01que o governo americano aplicou sobre a China.
01:05O único setor que vem se movimentando aqui hoje, que vem fazendo alguma coisa aqui no setor,
01:10é o setor dos eletrônicos, que é justamente o nosso assunto,
01:14onde a China está buscando uma alternativa no Japão.
01:17O Japão, ele é uma alternativa para os Estados Unidos,
01:21dos Estados Unidos, convém se aproximar do Japão,
01:24porque no passado, todo mundo se lembra,
01:26a alta tecnologia, a produção de eletrônicos vinha toda do Japão.
01:30Então, os Estados Unidos vêm buscando alternativas
01:34às retaliações em relação aos eletrônicos que vêm da China.
01:38Então, os Estados Unidos buscam essa alternativa no Japão
01:42para poder suprir essa situação nos eletrônicos com os chineses.
01:46Um pouco antes do anunciado do Donald Trump, no início de abril, sobre o tarifácio,
01:53alguns setores aqui na China, eles tentaram se organizar,
01:58ficaram com bastante medo, o preço do aço subiu,
02:01as coisas aconteceram assim, bastante coisas aqui,
02:03mas agora vem normalizando.
02:04Inclusive, ontem eu estive numa reunião com o presidente do sindicato,
02:09aqui dos produtores de aço, aqui na China,
02:11então as coisas têm que se anormalizar.
02:13No mais, exceto o eletrônico, que é a única coisa que a gente ainda percebe
02:18as pessoas falarem por aqui, nada mudou.
02:22Agora, Cassetari, pode ser uma chance da China avançar,
02:28dar uns passos um pouco mais largos nessa briga hegemônica do século XXI?
02:33Por exemplo, a gente coloca na pauta aí o Japão.
02:36Os carros japoneses são absolutamente populares nos Estados Unidos,
02:41tem dois modelos, que é uma picape e um carro de passeio, um sedã médio,
02:46que são os carros mais vendidos, não só no mundo,
02:48mas também nos Estados Unidos, japoneses.
02:51Se a gente fizer esse recorte, a recíproca não é verdadeira.
02:54Os carros chineses não chegam nem perto dessa popularidade,
02:58ainda na gestão passada do Joe Biden,
03:00o Biden já tinha colocado tarifas muito pesadas, de 100%,
03:03para evitar a expansão do carro chinês elétrico nos Estados Unidos,
03:08algo que tem se tornado cada vez mais comum no resto do mundo.
03:11Aqui no Brasil, dispensa apresentações, por exemplo.
03:14Mas, então, pode ser que este tarifaço seja um tiro no pé para os Estados Unidos
03:20e uma chance para a China dar passos mais largos,
03:24uma vez que o carro...
03:25Vou pegar só esse exemplo do carro elétrico,
03:27ele não é tão popular nos Estados Unidos,
03:29mas tem se tornado popular no resto do mundo.
03:31Pode ser uma porta, uma alternativa, uma ponta de lança
03:34para a China avançar naquilo que ela está perseguindo,
03:37que é ser a maior economia no século XXI?
03:41Com certeza.
03:42Aqui, a China, eles têm uma percepção de negócio
03:47totalmente diferente do resto do mundo.
03:49Então, enquanto o mundo...
03:51Alguém parte para cima da China,
03:53ela não tende a recuar ou estabilizar para a conversa,
03:57ela devolve praticamente na mesma moeda,
03:59só que de outras formas.
04:00Então, a oportunidade para a China é muito grande.
04:05Você citou o exemplo aí, por exemplo, dos veículos japoneses.
04:09Uma das coisas que me chamou bastante atenção,
04:11assim que ele começou a falar sobre...
04:13Que o Trump começou a falar sobre tarifas,
04:15de aumentar tarifas, é isso.
04:17Há 30 anos atrás, os Estados Unidos eram líderes
04:19em produção de veículos no mundo,
04:21seguido pelos japoneses e depois toda a União Europeia.
04:24Depois disso, a China ultrapassou quase 50% dos veículos exportados aí,
04:31são chineses, segundo lugar os japoneses,
04:34e lá embaixo os europeus e os americanos.
04:36Então, essa oportunidade de se reajustar,
04:40na verdade, será muito melhor para o chinês do que para o americano,
04:43porque o americano, ele simplesmente colocou um tipo de barreira.
04:47Já o chinês, ele está pensando numa estratégia comercial.
04:52Então, ele pensa, será que meu carro está tão barato assim?
04:56Será que eu posso melhorar isso?
04:57Assim que tudo isso terminar, eu virei,
05:01então eu entrarei novamente nos Estados Unidos de uma outra forma,
05:05porque fui pego de surpresa.
05:07Então, assim, os chineses, eles têm uma...
05:09Eles enxergam essa oportunidade de ajuste interno.
05:13E para eles, isso é muito bom.
05:14Seria como se a cada período acontecesse algo muito sério na economia,
05:20esse agravado aí que vai dando na economia,
05:23algo que eles não vinham percebendo.
05:25Então, daqui agora eles já ajustam isso e esperam a próxima.
05:29Então, em geral, não só para os veículos,
05:32é uma grande oportunidade de ajuste econômico dentro da China,
05:36visando o exterior.
05:38E nos Estados Unidos, realmente é um tiro no pé,
05:40desde o início é um tiro no pé.
05:41Desde, não se faz isso, é uma guerra,
05:44isso é quase que uma quarta guerra mundial,
05:47se a gente colocar...
05:48Desculpa, terceira guerra mundial,
05:49se nós colocarmos aí numa situação de atualizações para as guerras.
05:54Mas isso é inóculo.
05:56Os Estados Unidos estão fazendo coisas que não têm efeito nenhum.
05:58Ele taxou aí os eletrônicos vindo da China
06:01e agora estão tendo que recuar.
06:03Em contrapartida, a China proibiu a importação de 80 aeronaves da Boeing,
06:08inclusive peças, peças de manutenção e reposição.
06:13Então, o mercado americano perde muito mais do que o chinês.
06:17O mercado chinês é uma oportunidade global para qualquer nação no mundo.
06:22Agora, Cassetari, você foi aí,
06:24obviamente não foi a primeira visita que você fez à China.
06:27Vou pegar um pedaço de uma resposta anterior.
06:29Você falou, estive em reuniões aqui na China.
06:32Quem faz essa ponte entre Brasil e China
06:36aprende como o chinês pensa.
06:40Ele tem um raciocínio, como você destacou,
06:42e uma maneira de se comportar,
06:44seja no mundo dos negócios,
06:46seja no trato social.
06:47E quando a gente entra no mundo dos negócios,
06:49isso é muito importante.
06:51Eles são um país muito cheio de gestos.
06:54Eu gosto de uma frase que eu acho que sintetiza muito isso,
06:57que o chinês é tido como sábio,
06:58porque ele escuta mais do que fala.
07:00Enquanto o Donald Trump colocou uma posição de pressão,
07:04a Meloni, primeira ministra da Itália,
07:06foi para lá.
07:07Assim como delegações já dos Estados Unidos,
07:11da Coreia do Sul, de Israel,
07:14muito corriqueiramente o México e o Canadá
07:17também ligam para o telefone do presidente no Salão Oval,
07:21a China ainda não fez um movimento tão público quanto esse.
07:26O que o Donald Trump não está percebendo,
07:28que você pode falar aí para ele indiretamente,
07:30como que ele não está sabendo ainda lidar com os chineses, hein?
07:35Tá.
07:36Favali, eu vou te falar uma coisa.
07:37Eu frequento o mercado chinês há 25 anos, tá?
07:40Eu fico 20 dias na Ásia, a sede,
07:43eu fico em Hong Kong e na China.
07:4420 dias do meu mês,
07:4610, 15 dias do meu mês eu estou no Brasil.
07:48Então, eu faço isso há 25 anos.
07:50Eu conheço toda a evolução de operação
07:53e de negociação dos chineses.
07:55O que acontece que o chinês,
07:57ele pratica um tipo de negociação,
08:02de evolução, né?
08:03De evolução do negócio.
08:04O conselho que eu daria para o Donald Trump
08:07é que ele fizesse uma pequena observação.
08:10Eu vou contar uma história rapidinha aqui para vocês,
08:12para você entender mais ou menos.
08:14O mercado chinês,
08:15ele, vamos colocar aí,
08:17é uma população de 1,2 bilhões de pessoas.
08:19Sabe aquele suquinho,
08:21aquele suco em pó pequenininho
08:23que você coloca na água ali
08:25e rende 2 litros?
08:26Pois bem,
08:27aquilo ali o chinês não tem hábito de consumo,
08:29aquilo tem açúcar,
08:31não é natural,
08:31o chinês tem uma situação bem diferente.
08:34E uma empresa nos procurou
08:35porque queriam entrar no mercado chinês
08:37e aí eles tinham uma produção
08:39mais ou menos de 4 carretas
08:40desse produto por mês.
08:42Aí ele falou,
08:43eu quero entrar,
08:44vamos entrar na China e tal.
08:45Fizemos uma pesquisa.
08:46Veja bem,
08:47se o chinês consumir 300 gramas
08:52desse saquinho de fazer suco por ano,
08:56ele vai ter que exportar 14 mil carretas por mês.
09:00Então, o Donald Trump,
09:02ele está pegando os números
09:03que os economistas levam para ele,
09:05que isso aí é extremamente correto,
09:06é por aí mesmo.
09:07Então, ele pega lá,
09:08nós importamos tanto e exportamos tanto.
09:11Então, eu tenho um déficit aqui.
09:13E ele só está olhando isso.
09:14Só que ele não olha que o que ele exporta
09:17ao tamanho da empresa que exporta para a China
09:20é tão grande.
09:22Ele não observa isso.
09:24Ele está olhando números isoladamente.
09:26Ele tem que perceber também
09:27que o mercado norte-americano
09:28é um mercado extremamente consumista.
09:30Eles consomem naturalmente muito.
09:32O americano gasta muito com coisas.
09:35Eles compram muitas coisas.
09:36Enquanto em alguns países
09:38comprar um iPhone
09:39é uma realidade muito longa,
09:41muito distante dali,
09:44já para os Estados Unidos
09:45é uma coisa mais próxima.
09:47Então, o governo americano
09:50eu daria esse conselho
09:51para que ele não olhasse
09:53globalmente esse déficit,
09:55pegasse esse déficit
09:56e fizesse uma única análise.
09:58Eu pegaria, por exemplo,
10:00o que o chinês compra de nós
10:03e o quanto ele compra
10:05e como ele compra, né?
10:06Porque o governo norte-americano
10:08está colocando toda a consequência
10:11dele em cima da China.
10:12É a China, entendeu?
10:13É a China.
10:14E aqui na China tem um ditado
10:16que eles falam
10:17que a China tem mais de 5 mil anos.
10:19Então, eles falam que
10:20antigamente o imperador
10:21ele vinha cedendo.
10:23Aqui na China o imperador cedia.
10:25Então, chegava um país e falava
10:26olha, eu quero esse território.
10:28Então, o imperador falava
10:28tudo bem, pode pegar,
10:29não vou ter problema com você.
10:31Isso foi acontecendo na China
10:32e a China diminuiu.
10:34Se você pega, por exemplo,
10:36Taiwan, Macau, Hong Kong,
10:39a Mongólia,
10:40então, são países que pertenciam
10:42à China e estão sendo
10:43recuperados pela China.
10:45Então, o Xi Jinping
10:46está falando isso.
10:47Nós não vamos recuar,
10:48porque se eu ceder isso,
10:50amanhã eu cedo outra coisa,
10:51depois eu tenho que ceder outra coisa,
10:53e depois eu tenho que ceder outra coisa,
10:55e por fim, nós vamos estar
10:56na mão dos americanos.
10:57E isso nunca mais vai acontecer,
10:59segundo eles,
11:00nessa história da China
11:02de se entregar aos poucos
11:03para conseguir alguma coisa.
11:05Agora, Cacetari,
11:06um desafio,
11:06a gente tem mais um minutinho
11:07de conversa,
11:09Xi Jinping raramente
11:10sai da China.
11:11Quando ele sai,
11:12é um gesto internacional
11:13de que algo muito importante
11:15está acontecendo.
11:16Ele está fazendo um giro
11:17no Sudeste Asiático
11:18em países que têm
11:20uma enorme,
11:21são zonas de influência,
11:24o que a China tem,
11:25uma enorme zona de influência.
11:27Camboja,
11:28onde ele está agora,
11:29passou pela Malásia,
11:30Vietnã,
11:31o que isso sinaliza
11:32na tua leitura?
11:33Olha,
11:34eu tenho ainda
11:34este outro campo
11:36para mandar produtos para cá,
11:38rebater para os Estados Unidos,
11:40posso dar um drible
11:41no tarifácio aí,
11:43Trump,
11:43é um recado nesse sentido?
11:46É,
11:46o Donald Trump
11:47vinha falando
11:48que tem conversas
11:50aí com o Vietnã,
11:51com o Taiwan,
11:51em relação à produção
11:52de chips e roupas
11:54e tudo mais,
11:55mas o que ele está dando
11:56como recado
11:57é o seguinte,
11:58ele chega nesse país
11:59e fala,
11:59estou aqui,
12:00e aí?
12:01Ou eu,
12:02ou ele.
12:03Qual mercado você quer perder?
12:04Qual é o parceiro
12:06que você quer ter do seu lado?
12:08Quem você quer
12:09do seu lado de fato?
12:10E ele está fazendo
12:10isso pessoalmente.
12:11Então,
12:12esses mercados aqui,
12:13asiáticos aqui,
12:14esses países que estão na Ásia,
12:16que representam
12:17uma relevante importância
12:19inclusive para os Estados Unidos,
12:20como Vietnã,
12:21Malásia,
12:22Singapura,
12:23então esses países
12:25estão recebendo
12:26um sutil recado.
12:28Olha,
12:28vamos manter a nossa
12:29relação comercial,
12:30eu ainda estou comprando
12:31de você,
12:32você precisa de alguma
12:33coisa minha,
12:34eu tenho volume,
12:35eu compro,
12:35nós estamos em franco crescimento
12:37ou você pretende
12:38entrar nessa queda de braço
12:40com o governo norte-americano?
12:42Qual vai ser a sua opção?
12:43Só que isso de forma
12:44silenciosa e muito diplomática.
12:46Queria agradecer
12:47a conversa que eu tive
12:48aqui com o Daniel
12:49Cacetari,
12:50uma conversa aqui
12:51de um lado
12:52para o outro
12:52do mundo,
12:53ele que é CEO
12:54da HKTC
12:56e especialista
12:57em comércio exterior,
12:58principalmente na Ásia,
12:59conversou com a gente
13:00diretamente da China.
13:01Boa viagem de volta,
13:02Cacetari,
13:02espero que na próxima
13:03oportunidade
13:04você consiga estar
13:05aqui conosco
13:06nos estúdios
13:06para esclarecermos
13:07melhor
13:09essa confusão,
13:11esse choque
13:12de gigantes
13:13entre China
13:13e Estados Unidos.
13:15Até logo,
13:15até a próxima.
13:16Tchau.
13:17Tchau.
13:18Tchau.