Natália Fingermann, professora de relações internacionais da ESPM falou concedeu entrevista exclusiva ao Jornal Jovem Pan. Ela analisou a possibilidade da guerra comercial imposta por Donald Trump ter um forte impacto global. A China pediu uma reunião com o Conselho de Segurança da ONU para debater a crise tarifária com os Estados Unidos. Dora Kramer e Cristiano Vilela participam.
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NotíciasTranscrição
00:00Bom, cada vez mais fica evidente que os Estados Unidos e a China são os protagonistas dessa guerra comercial.
00:06Sobre o assunto, nós se entrevistar agora a professora de Relações Internacionais da ESPM, Natália Fingerman.
00:12Tudo bem, professora? Mais uma vez, obrigado pela atenção e pela gentileza. Boa noite.
00:17Boa noite, Tiago. Tudo bem?
00:19Prazer mais uma vez te receber.
00:22Professora, o nosso correspondente falava agora há pouco que a própria China acusa os Estados Unidos de bullying
00:28e que era uma reunião na ONU pra discutir essa questão.
00:32Enquanto isso, tem a manifestação da OMC dizendo que isso desequilibra totalmente o mercado mundial.
00:40De que forma a ONU, essas entidades, esses organismos internacionais, podem ajudar a amenizar essa situação?
00:47Se é que podem.
00:50Infelizmente, Tiago, as Nações Unidas têm passado por um processo de esvaziamento.
00:56Até o próprio Estados Unidos tem liderado, vamos dizer, esse esvaziamento das Nações Unidas,
01:03diminuindo os recursos que o governo norte-americano provê pra ONU.
01:08Então, a ONU, ela conta, né, ela é uma organização internacional que depende de recurso das nações, né?
01:14Ela não é uma organização que tem recurso por si mesma.
01:17E o principal, aí, provedor das Nações Unidas, né, tem sido, aí, ao longo dos anos, os Estados Unidos.
01:24Então, é lógico que isso pode ser levado às Nações Unidas, porque as consequências dessa guerra tarifária
01:30não se limitam à China, mas se limitam, sim, ao sistema mundial como um todo,
01:36podendo até mesmo gerar um cenário de instabilidade.
01:39Mas sabemos que esse mecanismo é um mecanismo com uma dificuldade de gerar qualquer, né, consenso,
01:47uma vez que a gente tem um conselho de segurança que pode, os Estados Unidos, utilizar do seu poder de veto
01:52pra barrar qualquer decisão que tenha sido tomada nesse conselho ou até mesmo na Assembleia das Nações Unidas.
02:00Sobre a OMC, a OMC também é um outro caso, né, que é a Organização Mundial do Comércio,
02:06que é um braço das Nações Unidas, ela também tinha ou teve por muitos anos um papel relevante
02:15em lidar com as questões de disputas comerciais.
02:18No entanto, desde o último mandato do presidente Donald Trump, a OMC tá paralisada porque não foi indicado
02:28nenhum representante pra compor ali o seu órgão de solução de controvérsias,
02:34que é o estabelecimento jurídico dentro da OMC, que deveria lidar com essas questões comerciais
02:41bilaterais entre os países.
02:44E o governo Biden tão pouco solucionou essa questão, então me parece que a estratégia
02:51de esvaziar a OMC não é uma estratégia somente de Donald Trump, mas também é uma estratégia
02:58da gestão dos Estados Unidos, independente se estamos aí com democratas ou republicanos.
03:04Então, assim, acho que é importante a China tentar, né, utilizar desses mecanismos,
03:10mas a resposta que vamos ter não vai ser a resposta que poderíamos ter alguns anos atrás.
03:16Professora Natália, vou trazer já os nossos comentaristas, próximas perguntas.
03:20Temos aqui a Dora Kramer e o Cristiano Vilela também.
03:23Dora, boa noite pra você, bem-vinda, sua pergunta.
03:26Boa noite, Tiago, boa noite, Vilela, boa noite, professora, boa noite a todos.
03:31Professora, a ONU, claro que agora os Estados Unidos parece que encontraram um adversário à altura, né,
03:39porque até então o Donald Trump vinha brigando com o mundo e aí a China quieta e de repente disse,
03:47não, agora eu vou entrar na briga.
03:49E quando recorre à ONU, me parece que ela não quer uma decisão, ela quer um palco a mais, né,
03:54um palco pra que essa discussão tenha mais visibilidade ainda.
03:59Com a entrada da China nessa história, a senhora acha que o quadro, o cenário dessa ofensiva do Trump pode mudar?
04:08E mudando, pra onde a gente pode projetar que ele vai?
04:11Boa noite, Dora, prazer, boa noite, Vilela, tô aqui com vocês.
04:18Olha, é interessante isso que você colocou, né, dela querer um palco.
04:23E o que eu acho interessante, né, dela querer um palco é que ela tá querendo um palco,
04:27que foi o palco criado, né, por Bretton Woods, né, e o palco aí desenvolvido pelos Estados Unidos
04:33no pós-segunda guerra mundial.
04:35Então, ela tá buscando, é, talvez dominar esse palco, que sempre foi um espaço de domínio, né,
04:43dos Estados Unidos e da União Soviética durante o período da Guerra Fria, né,
04:48ela não tá buscando substituir esse palco por um outro palco, como alguns analistas têm apontado,
04:55que seria a substituição pelos BRICS ou por novos mecanismos internacionais.
04:59Então, eu fiquei aqui pensando sobre essa sua questão e que talvez mostre que a ONU, né,
05:09passe a ser um novo palco para a China, mas não mais para os Estados Unidos.
05:13Então, quais podem ser as consequências disso?
05:16Bom, acho que a primeira consequência é uma consequência inusitada,
05:21que talvez nós tenhamos aí a China, né, um país de característica autoritária, né,
05:26com um modelo de desenvolvimento econômico diferente do modelo de desenvolvimento ocidental, né,
05:34que, enfim, sempre pregou pelo liberalismo, tendo aí a frente sendo aquela que vai estar pregando, né,
05:41pela defesa do liberalismo, pela defesa do livre comércio, pela defesa da discussão multilateral, né,
05:48que era até ontem algo que quem estava aí defendendo, né,
05:54eram os Estados Unidos da América junto com seus parceiros tradicionais.
05:58Então, é uma contradição enorme, um paradoxo que eu vejo.
06:05Agora, o resultado disso em relação ao que o Trump vai fazer depois disso,
06:10uma pergunta muito difícil de responder,
06:12mas esse cenário de instabilidade econômica normalmente, né,
06:16leva a um conflito.
06:18Se esse conflito vai ser direto, né, uma guerra direta entre Estados Unidos e China,
06:24acho difícil a gente vislumbrar isso, não sei, logo.
06:29Mas talvez o Irã seja o caminho aí para essa guerra estar acontecendo no primeiro momento.
06:35Cristiano Vilhela, boa noite, Vilhela.
06:37Boa noite, Tiago, Dora, professora e todos que acompanham o Jornal Jovem Pan.
06:41Professora, nós tivemos ao longo dos últimos 30 anos, dos anos 90 adiante,
06:46do fim da Guerra Fria em diante, nós tivemos o avanço da globalização,
06:51o avanço de um sistema onde você tinha a produção ocorrendo nas diversas partes do globo,
06:57determinadas partes no Vietnã, outras na China, outras a colar,
07:01comercializados em diversas partes do globo, enfim.
07:04Dá para a gente analisar, evidentemente que o momento ainda é de incertezas,
07:08mas dá para a gente dizer que talvez essa era de grande globalização
07:14e de grande relação entre diversos países do mundo,
07:19entre produção extremamente dividida entre diversos países do mundo,
07:23pode estar chegando a fim, especialmente após episódios mais recentes,
07:28das guerras envolvendo, no caso, a guerra de Rússia e Ucrânia,
07:31no caso do Brexit da Inglaterra e da União Europeia,
07:36e mais especialmente agora desse tarifaço americano e desse conflito que emerge em relação à China?
07:42Olha, a globalização em si, ela não acaba por causa desse tarifaço,
07:50as cadeias de produção elas continuam divididas,
07:54e qualquer processo de internalização, vamos dizer, da produção nos Estados Unidos,
08:00como o Donald Trump coloca, é um processo que se ocorrer, vai ocorrer no longo prazo,
08:06e não cabe ao presidente essa decisão, cabe às empresas,
08:11e muitas empresas entendem que produzir nos Estados Unidos é um custo muito alto,
08:17então elas preferem, vamos dizer assim, realocar parte da sua produção,
08:21talvez para fora da China, para outros países, mas não para os Estados Unidos,
08:25porque o custo de produção nos Estados Unidos é alto e continua sendo alto,
08:29o PIB per capita norte-americano é muito maior do que aquele na China,
08:32do que aquele no Vietnã, e a gente sabe que tem muitos componentes aí feitos em diversas partes do mundo,
08:40e esse é um processo, do meu ponto de vista, inexorável.
08:44Tentar voltar a um momento no qual, vamos dizer assim,
08:49a cadeia de suprimentos e de produção ficava aí concentrada completamente num país,
08:56é um mito, infelizmente a gente não vai ver isso acontecendo independente dessa guerra tarifária,
09:05o que a gente pode ver é uma recessão global,
09:09é talvez um deslocamento de uma fábrica de um lugar para o outro,
09:13mas se mantendo talvez em uma região do sul global,
09:17é provavelmente mais próximo na América Latina,
09:19então a gente vai ter uma reorganização,
09:23mas essa reorganização não significa o fim da globalização.
09:28Professora Natália Fingerman, de Relações Internacionais da ESPM,
09:32muito obrigado pela gentileza de nos atender mais uma vez, professora,
09:37e até a próxima.
09:39Obrigada, Tiago, obrigada, até a próxima.