O professor de economia internacional do Insper, Roberto Dumas, ex-residente na China, avaliou os efeitos das tarifas impostas entre países. Ele destacou os impactos para os consumidores e os riscos de tensões comerciais crescentes.
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NotíciasTranscrição
00:00Para a gente estender um pouco o assunto, a pessoa certa, no lugar certo, na hora certa, é Roberto Dumas, professor de economia internacional do INSPER, morou na China, tem obras, livros publicados sobre a relação Estados Unidos-China, que eu já começo.
00:17Dumas, boa noite. Você vai precisar reescrever os livros depois do que a gente está vendo nesse tarifácio?
00:23Boa noite, Favali. Veja, quando eu escrevi o livro sobre Trump, um é mais ou menos a mesma coisa que está acontecendo.
00:31É um tit for tat, ou seja, os Estados Unidos colocam uma tarifa, a China coloca uma tarifa logo atrás.
00:38Agora, chegar num absurdo de um colocar 145% de tarifa e o outro replicar com 125%, isso vai parar o comércio, isso já não existe.
00:49Ou seja, tem determinados produtos aí que se você coloca 70%, 80%, você pode colocar 1.000% que não vai ter negócio.
00:58Então, vai chegar uma hora, na minha opinião, que mais cedo ou mais tarde, alguém vai ter que telefonar para alguém para entrar numa negociação.
01:07Agora, a cultura do chinês, se é que você me permite falar, existe o que a gente chama do mianzang, perder a face, ou seja, preservar a face.
01:20Então, se Xi Jinping ligar para Trump, é importante que Trump dê um passo para trás, porque aí o Xi Jinping está dando a face para Trump para que ele recue de certa maneira.
01:34Se ocorrer o contrário, provavelmente Xi Jinping voltaria um pouco atrás, porque esse negócio de 125%, 145% já virou uma brincadeira.
01:45Você pode ir para 1.000%, 1.500%, que já não virou uma guerra comercial, virou uma paralisação da comércio internacional.
01:57E como você bem colocou, o relatório de Mishka do consumidor mostra que a confiança do consumidor está caindo.
02:07E é uma coisa que a gente sempre fala.
02:09O problema não é risco.
02:12Risco a gente corre.
02:13Risco a gente sabe precificar.
02:15O que a gente não sabe precificar é incerteza.
02:19Quanto vai ser a tarifa?
02:2020?
02:2130?
02:2240?
02:2350?
02:23Como é que eu vou botar uma empresa nos Estados Unidos se eu não sei quanto que eu vou precisar de insumo dos outros países e qual é a tarifa que eu vou pagar?
02:33Então os investimentos caem.
02:36Então o Federal Reserve vai ter um bom trabalho pela frente e provavelmente ele pode ver um cenário de estagflação, que é recessão e inflação.
02:48Aí juros mais altos prejudicam a recessão, mas ajuda a inflação.
02:54Juros mais baixos ajudam na recessão, mas prejudicam a inflação também.
03:00Dumas, agora no final aí da sexta-feira, a gente já está na segunda metade da noite da sexta-feira, pouquinho mais cedo em Washington e tradicionalmente a Casa Branca manda para a imprensa como se fosse um briefing de fechamento da semana.
03:15E agora, sexta-feira à noite, eles mantiveram a tradição.
03:19Tem alguns tópicos, o que me chamou a atenção, o relatório acabou de sair, é o seguinte, o Donald Trump disse que o dólar vai continuar sendo a moeda de referência, a força motriz da economia, a moeda que baliza o mundo.
03:34Eu não discordo dele não, mas convenhamos que a reputação monetária e econômica dos Estados Unidos está bastante arranhada desde 2 de abril, com esse vai e vem aí das bolsas de valores, o índice Dow Jones sobe, cai e tudo mais, só para citar um dos índices que foi derrubando os outros.
03:54O dólar continua ainda uma referência, claro, mas vai haver um espaço para uma recuperação, a gente olhando para esses dados da Universidade de Michigan, que mostra como a população está lendo uma queda vertiginosa da confiança.
04:11Se as classes C estão desconfiadas, quiçá os grandes investidores, não estou falando só da classe média que põe dinheiro dentro de Wall Street, mas do resto do mundo que também tem ali um lastro para investimento.
04:26Vai ter espaço para Donald Trump voltar esses índices de confiança ao que eram antes dele tomar posse?
04:33Veja, existe aquela sempre pergunta de quem vai ganhar essa briga.
04:41Veja, é importante deixar claro o seguinte, os Estados Unidos são uma democracia, então Trump tem que ver até que ponto ele tem um fôlego político para aguentar essa briga.
04:54A China, apesar de ser um capitalismo de Estado, ela é uma ditadura, então ela não precisa de fôlego político,
05:02porque o Partido Comunista Chinês vai continuar e se alguém reclamar vai ter o porrete na mão.
05:10Então, até que ponto Trump vai ter os aliados dele?
05:13Veja, Elon Musk já desembarcou do governo falando que o Peter Navarro era um imbecil.
05:21Então, vamos ver até que ponto isso pode ir.
05:24Agora, em relação ao dólar continuar a moeda dominante, não é que o dólar é melhor.
05:30A questão é, qual moeda substituiria o euro?
05:34O euro é um projeto político.
05:38Por quê?
05:38Porque você não tem uma política monetária que sirva para todos os 20 países que fazem parte da zona do euro.
05:46Por exemplo, a Croácia cresceu 3,6%, a Alemanha caiu 0,2%.
05:52Olha o choque macroeconômico assimétrico que você adota, que você está sentindo.
05:59Que política monetária a Cristina Lagarde vai adotar, sabendo que um país está em recessão e outro está crescendo a 3,6%, provavelmente com inflação.
06:10O Chinese Yuan, o Yuan chinês, pode substituir?
06:13Acho difícil, porque a conta capital do balanço de pagamento, a gente vem falando, ela é fechada.
06:20Se eu receber, eu fizer uma transação com você e ganhar 100 milhões de renminbis, moeda do povo, o Yuan chinês, o que eu faço com essa moeda?
06:29Posso comprar ações da Xangai?
06:32Não, livremente não.
06:34Posso investir na bolsa de Tianjin?
06:37Livremente não.
06:38Então, enquanto não abrirem a conta capital, o dólar da China, o dólar vai continuar sendo a moeda de referência por falta de escolha.
06:48E não adianta falar moeda dos BRICS, porque a hora que a gente fala moeda dos BRICS, nós estamos falando o birretilpe, o real iraniano, a libra egípcia e o rublo russo e o real brasileiro.
07:03Então, não tem como você achar que tem uma moeda, mesmo com toda essa loucura que Trump está fazendo, que vai substituir o dólar nos próximos 10 anos.
07:14Não é questão de lamber bota dos Estados Unidos.
07:18É questão daqueles que acham que nós estamos lambendo bota dos Estados Unidos, como nós já falamos aqui.
07:23Faça um portfólio.
07:24Então, de moeda, onde você vai ter investimento?
07:29Na Etiópia, na Rússia, no Egito, em todas essas moedas e no Irã.
07:36Pronto.
07:36E não compre dólar.
07:38E vamos ver se isso daí seria uma vontade de querer dominar ou uma vontade de achar que o dólar vai ser dominante.
07:46O dólar vai ser dominante porque não existe outra moeda ou outro mercado financeiro líquido de tal sorte que possa substituir o dólar no curto prazo.
07:57Favalli.
07:58Agora, Dumas, é o seguinte.
08:00Olhamos para o macro.
08:01Deixa eu trazer um pouco mais para o micro.
08:03Porque a gente tem uma expressão, um fenômeno de linguagem chamado metonímia.
08:08Quando a gente pega a parte pelo todo.
08:10Ah, as transações entre Estados Unidos e China.
08:15Não é que o Donald Trump manda um cheque para o presidente da China.
08:18São empresas americanas que compram de empresas chinesas.
08:22No meio desse caminho, você tem atravessadores, você tem um processo de logística, várias empresas interligadas.
08:29Um processo que emprega um monte de gente.
08:32Olhando para esse bloqueio que você falou aí, 145% de um lado, 124%, 125% do outro.
08:39Obviamente que isso saturou, vai impedir muitas compras e vendas.
08:44E isso vai ferir no bolso da classe média, do trabalhador, tanto chinês quanto americano.
08:50Mas olhando para o americano, que a gente tem dados mais sólidos, o quanto isso vai começar a ferir no bolso da classe média.
08:57E aí o desafio, Dumas, te dou um minuto de resposta, porque é o tempo que a gente tem de entrevista aqui.
09:02Veja, o desafio é básico.
09:04Vai ter mais inflação.
09:05Por mais que você não consiga comprar por 145% de aumento, 125% de aumento, a inflação nos Estados Unidos tende a ser mais resiliente.
09:18Então, a despeito do Federal Reserve, Banco Central Norte-Americano, tem um duplo mandato, ele vai pensar mais na inflação.
09:25Então, vai demorar mais para a taxa de juros cair como a gente esperava que iria cair.
09:30E isso prejudica a minha moeda.
09:33Prejudica a minha moeda e moeda de mercado emergente.
09:35E não só isso.
09:36Sabendo que a economia mundial vai crescer menos, o preço de comórdia cai.
09:41E o que eu exporto, Favale?
09:43Justamente comórdia.
09:45Então, vai entrar menos dólar no Brasil e eu não estou tão animado com o real brasileiro assim, Favale.
09:51Roberto Dumas, sempre preciso, como um cirurgião, habituei da nossa programação, porque é sempre uma aula.
09:59Professor de Economia Internacional do INSPER, também dá suas palestras aqui no Conexão do Times Brasil, licenciado exclusivo CNBC.
10:06Obrigado, agradecimentos públicos a Roberto Dumas.
10:09Até a próxima, Dumas.
10:10Até.
10:10Tchau, tchau.