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Na Grande Belém, algumas barbearias estão apostando alto no atendimento humanizado voltado para as crianças. Com acolhimento, brincadeiras e inclusão, o serviço é feito em um ambiente personalizado e com profissionais treinados para as especificidades desse público. Uma delas é a Baiano Kids, na Cidade Nova 8, em Ananindeua. A outra é a Couple Kids, no bairro da Pedreira, em Belém.

REPORTAGEM: TAMYRES DAMASCENO (ESPECIAL)
IMAGENS: WAGNER SANTANA
EDIÇÃO: KARLA PINHEIRO (SUPERVISÃO TARSO SARRAF)

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Transcrição
00:00Já sou profissional há 16 anos e durante esse período eu sempre atendi crianças e gostava muito e gosto muito de atender crianças.
00:06E eu tenho a minha barbearia há 9 anos aqui próximo, o Baiano Barbearia para Adultos.
00:11E lá eu sempre atendo crianças também, só que eu senti uma grande necessidade porque os pais levavam a criança para lá para cortar o cabelo.
00:17Eu montei um espaço apropriado, fiz um desenhozinho lá, um quadro, esse carrinho lá.
00:21Só que tinha uma grande dificuldade porque os pais se sentiam mal achando que estavam incomodando os adultos que estavam lá.
00:27E como tinha muita gente, as crianças atípicas ficavam muito agitadas por causa do barulho, barulho de máquina, de secador.
00:34Então nós achamos muito importante fazer um espaço separado, bem decorado, treinando toda a equipe, especializando toda a equipe para que eles estejam prontos para ter todos os tipos de crianças, tanto atípicas como atípicas.
00:47Eu acredito que atípicas é em todos os 30%, mas está crescendo muito.
00:51Porque como nós temos apenas um mês de barbearia, então nós estamos em um processo de divulgação.
00:55Mas está sendo muito aceito, o público está procurando muito, estamos trabalhando muito em rede social e com isso está vindo muita criança.
01:01E como você mesmo sabe, esse público de autismo está aumentando muito, as crianças atípicas estão aumentando muito.
01:07Então a gente procura sempre se especializar para que podemos ter o melhor atendimento para eles.
01:11Cara, eles falavam que eles tinham que se deslocar para outras cidades, tinham outras pessoas especializadas.
01:16Aí eles viram através da rede social que tinha.
01:17Teve até um pai que chegou aqui que falou, cara, meu filho nunca deixou cortar o cabelo.
01:21Nunca, nunca, nunca.
01:22E quando eu vi que vocês estavam montando espaço, eu fiquei sabendo que ia ser especializada para crianças atípicas.
01:27Eu quase que botei as mãos para o céu e agradeci a Deus por ter feito esse espaço.
01:31E ele trouxe o filho dele aqui, o filho dele ficou quietinho.
01:34Veio começar a chorar um pouquinho lá no final, porque é normal.
01:36Mas antes ele não deixava cortar.
01:38E agora deixou cortar, então já é uma evolução muito grande.
01:40E isso é questão de constância.
01:42Quanto mais a criança vai cortando o cabelo, mais ela vai gostando.
01:46A gente vai também conhecendo a criança.
01:48E aí ele vai crescendo e vai virando que é cliente fiel até adolescência e adulto e quem sabe.
01:53Eu tenho uma parceira, que é a Débora aqui da 31, que ela tem o espaço dela também lá para crianças atípicas.
01:58E eu estudo bastante, eu vejo muito vídeo, eu vejo cursos online.
02:02Fiz esse curso com ela também.
02:03E eu vou passando conhecimento para os meninos através de reunião, através de vídeo.
02:07Tem alguns influencers também, que é dessa área, que são muito conhecidos, que atendem crianças autistas atípicas.
02:13Então eu busco nessas pessoas que já têm muita experiência, aprender cada vez mais e passar para os meus barbeiros
02:19para que eles fiquem cada vez mais capacitados e atenderem esse público.
02:22O que não fazer?
02:23Essas crianças, assim, primeiro, elas não gostam muito de esperar.
02:26Por exemplo, se é marcar um horário uma hora, é preciso que seja atendida nesse período de uma hora.
02:32Por quê?
02:33Ela vai ficar muito agitada.
02:34Se tiver muita gente, barulho de secador, de máquina, ela vai ficar muito agitada.
02:38Hoje existe material específico para cortar cabelo de crianças atípicas.
02:43Existe bastante material.
02:45Então essa é uma das coisas que a gente não deve fazer.
02:47Muito barulho, toque.
02:48Tem criança que ela não gosta de muito toque, que fica pegando muito nela.
02:50Então, ah, mas como é que vai cortar o cabelo da criança sem tocar nela?
02:53Claro, você vai tocar, é óbvio.
02:55Mas você também não precisa ficar segurando a criança, forçar.
02:57Eu sempre falo com os pais.
02:58Tem gente que fala assim, ah, Baiano, faz acabamentozinho aqui.
03:01E minha equipe, eu falo.
03:02Vocês não podem usar a navalha na criança.
03:05Porque pode cortar uma criança.
03:06Se os pais querem muito, falam, olha, é melhor a gente não fazer.
03:09Ele é pequenininho.
03:10Bora deixar para um próximo, para qualificar um pouco maior.
03:13Bora fazer com a maquininha aqui.
03:14Tem pai que quer segurar a cabeça da criança e te fala, não, não segura.
03:16Se ele não quiser cortar o cabelo dele, deixa ele brincar.
03:19A gente faz o que vai dar para fazer aqui.
03:20E depois ele volta.
03:21Existe uma tesoura aí, de uma marca muito famosa, inclusive, que lançou uma tesoura só
03:25para atendimento de crianças atípicas, que ela não faz barulho.
03:27Essas crianças atípicas, elas são mais sensíveis.
03:30Elas conseguem perceber incômodos com mais facilidade.
03:33Então, essa tesoura, ela não tem ruído, ela não tem barulho.
03:36Ao abrir e fechar, ela corta macio.
03:38E a criança nem percebe que está cortando.
03:40E também já lançaram uma outra tesoura, onde ela vem os pentes como se fosse pente das máquinas.
03:44Aí vem a tesoura com os pentes.
03:46Então, ajuda muito.
03:47A gente enxerga, assim, de uma forma muito boa.
03:49Eu espero que o mercado cresça muito mais, assim como está crescendo.
03:53Eu vejo vários espaços aí abrindo.
03:54Isso é muito importante, porque as crianças, elas têm que ser bem acolhidas.
03:57Toda criança tem que ser bem acolhida.
03:59Todo pai, toda mãe tem um amor próprio para o seu filho.
04:02Então, acho que a gente não tem que ter essa desigualdade.
04:05Assim como existem também outras desigualdades, de cor, de outras coisas.
04:08Não tem que ter essa desigualdade.
04:09As crianças, elas têm que ser unidas.
04:11Tem que se juntar.
04:12Todas os tipos de crianças.
04:13Eu acho muito importante.
04:14É uma experiência, assim, é diferente, né?
04:17É diferente, porque eu acredito que nem todo lugar é acolhedor para criança.
04:22Não só para crianças típicas, mas também como as atípicas.
04:25Então, eu me sinto muito mais confortável em trazer ela, que seja um local apropriado.
04:31Mesmo para criança, que as pessoas tenham paciência no dia a dia para lidar.
04:35Nem toda criança vai ter aquela tranquilidade e facilidade na hora do corte.
04:39Mas o ambiente, como você pode ver lá embaixo, é um ambiente, assim, que é mais atrativo para a criança mesmo.
04:47E acaba sendo uma experiência mais confortável, tanto para os pais, quanto para a criança também.
04:52Eu conheço o baiano já há um bom tempo, né?
04:54E eu fiz questão de cortar o primeiro corte do Arthur com ele, entendeu?
04:58Lá no início, quando foi falado que apenas, quando tinha apenas uma cadeira, um carrinho no caso, entendeu?
05:03E aí, eu fiz questão de levar ele lá por conta da confiança, da amizade, todo o trabalho que ele já tem no mercado.
05:10Está nas mãos do baiano.
05:11É interessante que ele já fala, papai, eu só vou cortar se for com o baiano.
05:15Engraçado é que qualquer outro funcionário, ele chama de baiano também, né?
05:18Ele acabou criando esse vínculo, então acho que é muito legal.
05:21É a gente criar esse vínculo, né? Desde criança, porque é a velha história.
05:25Eu sempre lembro do primeiro professor, ou se não, quem corta o cabelo, ah, o meu barbeiro é aqui, né?
05:30Então, o bacana é que ele foi criando esse vínculo com o baiano, né?
05:34E agora, com esse novo espaço, a briga é para tirar ele daqui.
05:38A gente acha que é um serviço bem especializado.
05:40Ele é bem direcionado para a criança.
05:43Ele tem uma dinâmica muito diferente das outras barbearias.
05:47Porque, assim, a gente costumava levar a criança numa barbearia que tinha adultos.
05:52Então, era adulto e cortava, não quer cortar, segura a criança, faz aquele escândalo.
05:58Então, quando surgiu a barbearia do baiano, que veio com essa dinâmica bem diferente,
06:02foi excelente para o corte de cabelo deles.
06:06Por quê?
06:06O Enzo, ele tem uma personalidade muito forte, muito dele.
06:10Então, os meninos que já cortaram o cabelo com eles, com ele, conhecem.
06:14Eu não podia nem chegar perto, eu não posso nem chegar perto e dizer assim, faz assim.
06:18Ele dizia, não, vai embora.
06:20Entendeu?
06:21Então, essa é a parte aí dessa liberdade que ele teve para ele ter como...
06:27Como se você chega, um adulto chega e você diz, eu quero o meu cabelo assim, assim, assado.
06:31E aqui, não.
06:32A gente chega aqui, pai, como é que você quer?
06:34Ah, eu quero assim, eu quero assado.
06:36E aí, vai acontecendo, né?
06:38Com o Enzo não acontece isso, os meninos conhecem.
06:41Eu chego na barbearia, eu tenho que ficar sentada, parece que eu não sou nem mãe dele.
06:44Porque eu tenho que ficar de longe e ele vai direcionando como é que ele quer o cabelo dele, né?
06:49Então, ele ficou muito ligado na barbearia do baiano,
06:52que quando teve uma vez que eu levei ele em outra barbearia,
06:55porque o baiano estava muito cheio e não tinha como o cabelo dele,
06:58ele estava fazendo cacho já, ele fez um escândalo na barbearia.
07:02Ele fez bico, ele chorou, ele não queria, mas eu tinha que cortar.
07:06E aí, eu me arrependi da brincadeira, né?
07:08Porque foi um trauma pra ele, assim, eu acho que foi um trauma pra ele.
07:11Ele ficou com aquela mágoa comigo, porque ele queria cortar com o baiano,
07:15porque era com o baiano que ele tinha que cortar.
07:17E ele corta com o baiano, ele corta com os meninos, né?
07:20Mas o fato dele conhecer o baiano e tal, ele ficou nessa dinâmica de,
07:25eu só quero cortar lá, entendeu?
07:27E é assim, é ele que comanda o corte dele, não sou eu.
07:30Às vezes eu faço um topete, aí é desse que eu gosto.
07:33O que ele tinha falado lá, é verdade, a gente sente como se a gente estivesse
07:37incomodando os outros clientes adultos.
07:39Porque a criança grita, pula, sobe, desce, então a gente percebe alguns olhares.
07:44Então, assim, esse espaço específico pras crianças é excelente,
07:49porque a gente sabe que aqui é pra eles.
07:52Então, quem tá aqui vai compreender os gritos, o choro,
07:56o pular, o descer, o subir, o mexer.
07:58E, assim, outras pessoas adultas não compreendem, principalmente quem já não tem filho pequeno.
08:03Não consegue compreender, então, falam em certos olhares, olhar pelo espelho.
08:09Então, a gente percebe.
08:10Então, lá tinha já o atendimento bem especializado pra criança.
08:15Eles eram atendidos de forma carinhosa, como toda criança deve realmente ser atendida,
08:20com atenção, com respeito à criança.
08:23Pelos profissionais, a gente não percebia a diferenciação.
08:27Mas, pelos clientes, a gente acaba notando.
08:29Então, assim, um espaço específico pras crianças, eu acho que é, assim, show de bola.
08:34100% aprovado, 100% recomendado.
08:37Eu mesma já comecei a recomendar pra galera aqui da Redondeza,
08:40que a gente conhece, né, algumas pessoas, inclusive, de crianças atípicas,
08:45que a gente tem conhecidas, né.
08:47E eu já comecei a dizer, olha, lá é um espaço legal, interativo,
08:50as crianças vão se sentir à vontade, eu sou professora de criança.
08:54Então, eu sei que esse espaço aqui é um espaço onde tanto a criança quanto o pai
08:59vai se sentir à vontade pra trazer, se sentir incomodando,
09:03sentindo que é realmente pra ele.
09:05Isso foi pensado pra criança.
09:07Eu acho muito importante, né, cada vez mais,
09:10como já foi falado, as pesquisas têm apontado o número de crianças atípicas,
09:14é não só autistas, né, outras coisas, até transtornos que a gente nem conhece.
09:19Muitas das pessoas nem conhecem, né, coisas, detalhes, que pra gente são detalhes, né,
09:24mas que é importante abraçar essa causa como um todo, né,
09:29de crianças típicas e atípicas.
09:31É independente do espaço, é em todo e qualquer espaço que a criança faça parte.
09:35O espaço surgiu há nove anos atrás, eu tive outras experiências e outros salões infantis,
09:41e acabei me apaixonando pelo público infantil.
09:43A gente nota que é um público mais exigente, só que é um público bem sincero.
09:48Então, a gente gosta de acompanhar o dia a dia da criança,
09:53toda vez que vem o novo corte, é uma história diferente.
09:56E a gente acabou sendo procurado pela delicadeza, né,
09:59e pela dinâmica que a gente acabou conquistando nos atendimentos,
10:03que é a gente tentar ter uma leveza nos atendimentos,
10:07pra não criar trauma, brincando, jogando com eles.
10:11E é assim, a gente vem conquistando mais público infantil.
10:14Recebemos todos os dias aqui no salão, e a gente foi se adaptando.
10:19Cada cliente é único, então assim, pra gente atender eles,
10:22a gente tem que conhecer bem eles.
10:24E aí, dá conversa com os pais, perguntando do que gostava,
10:28se o dia que tava marcado o corte, se eles estavam bem, pra vir aqui.
10:33E aí, a gente sempre procurava ter algo que eles gostassem,
10:38pra tentar distrair no momento do corte.
10:40Como bolinha de sabão, dependendo de cada criança,
10:43a gente vai adaptando o que eles gostam no momento do corte,
10:46pra tentar distrair o barulho da tesoura, da máquina.
10:49E aí, vem tudo certo.
10:51A gente precisa saber cortar cabelo, né?
10:53O resto é ter amor, ter dedicação.
10:57Não é diferente de você chegar numa barbearia e sentar a criança e só ali cortar, não.
11:03A gente tem que conhecer o cliente.
11:05E com isso, a gente vai adaptando, cortando o cabelo, conhecendo ele.
11:10É mais amor mesmo, pela profissão e pelos atendimentos do dia a dia.
11:14Cada criança é única.

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