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EsportesTranscrição
00:00aqui no Jornal da Manhã.
00:08Bastidores da bola Fala meus
00:14amigos, estamos no ar com mais
00:16um Bastidores da Bola neste
00:18sabadão, aqui o programa onde a
00:20gente conversa com grandes
00:22personalidades do mundo
00:23esportivo e hoje tem mais um
00:25grande convidado pra conversar
00:27aqui com a gente na programação
00:29do Jornal da Manhã, eu Vitor
00:30Boni conduzo esse papo, quem
00:32participa aqui da bancada comigo
00:34Giovani Chacon, Raimonteiro e
00:37também Guilherme Nápoles, essa
00:41nossa bancada de hoje do
00:42Bastidores da Bola pra
00:43conversar com ele, que é ex
00:44zagueiro do Corinthians, ídolo
00:46também no Havaí, tem passagens
00:48pelo futebol europeu, pelo
00:50Dinamo de Kiev, pelo futebol
00:51francês, depois que se
00:53aposentou, começou a se
00:55aventurar também no mundo dos
00:56comentários, é comentarista,
00:58já com histórico, como diretor
01:00esportivo também, Betão é o
01:03nosso convidado dessa semana no
01:05Bastidores da Bola, Betão, um
01:06abraço pra você, muito legal
01:08contar contigo aqui na nossa
01:09programação da Jovem Pan e
01:10obrigado por tá separando um
01:12tempinho pra conversar com a
01:13gente. Boa tarde a todos que
01:15estão nos ouvindo aí, a todos
01:16que estão conosco, é um prazer
01:18estar falando com vocês, fico
01:20muito ilusionjado de estar
01:22concedendo essa entrevista aqui
01:23pra uma emissora tão grande como
01:25a Jovem Pan. Muito legal, muito
01:27legal, Betão, que tem uma grande
01:29história no futebol como
01:30jogador, agora construindo sua
01:31história também fora dos
01:33gramados e eu queria saber,
01:34Betão, pra gente começar esse
01:36nosso papo, a sua história, como
01:38você chegou ao futebol, como
01:39que era o Betão criança, o sonho
01:41de ser jogador é desde pequeno,
01:43como que foi construída essa
01:45história até que você virasse um
01:47jogador profissional, Betão?
01:49Bom, eu costumo dizer que eu faço
01:50parte aí da minoria das
01:53crianças do Brasil, porque na
01:54verdade eu nunca tive o sonho
01:56de ser jogador de futebol
01:57profissional, nunca foi esse o
01:59meu ideal, né? Na verdade,
02:01quando eu tinha 10 anos de
02:02idade, meu irmão, que era mais
02:04velho que eu, que é mais velho
02:05que eu, né, ele é 3 anos mais
02:06velho, foi fazer uma avaliação
02:08no Corinthians, ele tinha 13, eu
02:09tinha 10, e aí pra eu não ficar
02:12em casa chorando, meu pai acabou
02:13me levando também, né, acabou
02:15me levando, eu era gordinho,
02:16todo desajeitado, e aí
02:19passou-se o tempo, nós dois
02:21passamos na avaliação e ele
02:24acabou saindo depois de uns
02:26seis meses, mais ou menos, de
02:27clube, né, não se adaptou e eu
02:29fiquei, eu fiquei no Corinthians
02:31ali, né, desde a época do
02:32Terrão, quando se tinha o
02:34Terrão ainda, né, porque hoje
02:35já não tem mais o Terrão, e aí
02:37eu passei por todas as
02:38categorias, né, desde o
02:40dente de leite da época, dentinho
02:41que se chamava na época, né,
02:42depois passei pro dente de leite,
02:43infantil, juvenil, e aí depois
02:46já fiz a transição pro
02:47profissional, mas foram momentos
02:48muito agradáveis, bons momentos,
02:50desafiadores, né, como todos os
02:52momentos em categorias de base,
02:54né, só que eu nunca tive
02:55realmente essa, essa, esse
02:57desejo de ser jogador de futebol
02:59profissional, as coisas foram
03:00acontecendo paulatinamente na
03:02minha carreira, eu sempre fui
03:03voltado aos estudos, né, eu
03:05iniciei a faculdade de
03:06fisioterapia, consegui fazer a
03:09faculdade por dois anos e aí na
03:11hora de decidir realmente ser
03:13esse jogador de futebol
03:14fisioterapeuta, aí eu tive que
03:16trancar a matrícula, mas aí eu
03:18já tava na equipe profissional
03:19do Corinthians, né, então não
03:20teve como voltar atrás. Muito
03:23feliz, porque a maioria dos
03:24jogadores que a gente conversa
03:25por aqui sempre falam, não, o
03:27meu sonho desde pequeno era ser
03:28jogador de futebol mesmo, minha
03:30minha vida inteira foi
03:31construída pra isso, é legal
03:32também ouvir uma história
03:33diferente de alguém que não
03:34tinha desde o princípio essa
03:36intenção de virar jogador
03:37profissional. Raimonteiro, muito
03:39boa tarde pra você, Betão é o
03:41nosso convidado no Bastidores
03:42da Bola dessa semana. Boa tarde
03:43Boni, companheiros, Betão,
03:45obrigado pela presença aqui com
03:46a gente, queria que você falasse
03:48um pouquinho mais ainda nessa
03:49questão da sua trajetória, né,
03:51da sua transição base
03:52profissional, como foi pra você
03:54ali os primeiros momentos, né,
03:56sair do terrão, jogar no time
03:58principal do Corinthians, pro
03:59estádio mais cheio, pra uma
04:01exigência maior, contar pra
04:03gente um pouco como foi essa
04:04transição nesse seu início de
04:05carreira. Olha, quando você
04:08joga em categoria de base, as
04:09transições são sempre
04:10complicadas, né, independente se
04:12é de uma categoria pra outra,
04:13se é da base para o
04:15profissional, são sempre
04:16momentos assim desafiadores,
04:18né, eu tive momentos, só pra
04:20visualizar, que eu tive um
04:21momento no infantil do Corinthians
04:22que foi muito interessante,
04:24começa ali, talvez, meu primeiro
04:26grande desafio, né, na época
04:28teve uma fusão de duas
04:30empresas, na verdade, a Euro
04:31Sport, não sei se vocês vão
04:33lembrar, porque vocês são mais
04:34jovens, mas uma empresa chamada
04:35Euro Sport, que acabou fazendo
04:37uma fusão com o Corinthians, né,
04:39e formando um time só, e aí
04:41vieram mais ou menos vinte
04:43atletas dessa empresa, com mais
04:45vinte do Corinthians, pra fazer
04:47um time somente na
04:49base. E aí, nessa transição,
04:51eu acabei indo pro quarto time,
04:53na verdade, né, então, tinha o
04:55time de futebol, a reserva,
04:57um time misturado ali, de
04:59testes com o pessoal que era
05:01do clube, e um só de avaliação,
05:02e eu já tava há dois anos no
05:03clube, e eu fui pra esse quarto
05:05time, eu jogava de lateral
05:06direito, e aí, isso aconteceu
05:08mais ou menos no início do ano
05:10de noventa e oito.
05:12E aí, um treinador chegou
05:14pra mim e falou, pô, Betão,
05:15por que você não muda de
05:16posição, cara, você tem que
05:17dar uma outra oportunidade aí.
05:19Então, eu falei, ah, já tô nessa
05:20situação mesmo, posso tentar
05:22essa mudança. E aí, eu comecei
05:24a jogar de zagueiro. E aí, pra
05:25você ver como que são os
05:26desafios da vida, em noventa e
05:27oito, no início, eu tava
05:29passando por essa situação de
05:30quase ser dispensado, e aí, no
05:32final do ano, do mesmo ano, né,
05:34eu já era capitão do infantil,
05:36e sendo campeão, em cima de São
05:38Paulo, no Monomi. E aí, os
05:39desafios vão somente crescendo.
05:41E a minha transição para o
05:42profissional, foi uma transição
05:44meio que inesperada, porque eu
05:46tava no juvelil ainda, né, eu
05:48tinha dezessete anos, e a gente
05:50fazia, claro, treinos constantes
05:51contra o profissional, né, contra
05:53jogadores não relacionados na
05:55partida do profissional, e o
05:56Luxemburgo era treinador do
05:58profissional. Então, eu tava no
06:00juvelil ainda, eu teria mais
06:01três anos de juniores, pra
06:03depois, sim, chegar ao
06:05profissional. Então, a gente fica
06:06nessa conta, a gente nunca
06:07imagina que a gente vai pular
06:08etapas, assim, de uma maneira
06:09tão, tão rápida, ainda mais nos
06:11tempos antigos, né? Hoje em dia,
06:13é mais comum você ver jogadores
06:14dezessete anos despontando no
06:16profissional. E eu tava jogando
06:18uma partida no interior de São
06:19Paulo, chamado Bebedouro, e aí
06:23o Corinthians ia jogar, se não
06:24me engano, contra o Curitiba, no
06:26Pacaembu, e teve jogadores que
06:28tinham tomado o cartão, tinham
06:29jogado aqueles dois manados, e
06:31eu recebo uma chamada, lá em
06:33Bebedouro, ó, Luxemburgo tá te
06:35chamando pra ir concentrar,
06:36porque tem jogo contra o
06:37Curitiba, e você vai precisar ir
06:39no banco. Eu fiquei pensando,
06:40poxa, tem tantos amigos na
06:42equipe de juniores ainda, né?
06:43São três, são três idades
06:45juntas, e ele me chamou e tal,
06:47bom, só sei que eu arrumei toda
06:48minha mala rapidinho, e aí me
06:50colocaram no avião, me achei
06:51todo importante, né? Falei,
06:52poxa, os caras tão pagando uma
06:53viagem de avião pra mim, pra eu
06:54voltar pra, pra São Paulo, pra
06:57participar do jogo. Então, foi
06:59nesse jogo a minha primeira
07:00participação no banco de
07:01reservas, no Corinthians,
07:02foi uma transmissão. Fiquei
07:03muito motivado, muito feliz, e
07:05depois eu não saí mais do
07:06profissional, desde dois mil e
07:08um, né? Naquele ano eu consegui
07:09fazer dois jogos, ainda foi minha
07:11estreia contra o Atlético
07:12Mineiro, e depois um jogo
07:14contra o Internacional no
07:15Beirahil. E essa sensação, porque
07:18eu era um frequentador de
07:19arquibancada, né? Minha família
07:20é toda corinthiana, eu sempre
07:21frequentei os jogos do
07:22Corinthians. Então, é uma
07:23sensação muito louca, porque
07:24você, até outro dia, tava no
07:27estádio sentado, gritando o
07:28nome dos jogadores, daí você
07:30começa a entrar nos jogos, e
07:31você vê toda aquela torcida,
07:32toda aquela nação, gritando o
07:34seu nome. Então, por isso que eu
07:35falo que como jogador ele vem
07:37da base, o sentimento dele é
07:38diferente quando ele veste a
07:40camisa do time profissional.
07:41Hoje, a gente já não tem mais
07:42esse sentimento, muitas vezes,
07:45o Gabriel que tá na base, muitas
07:46vezes não quer nem chegar no
07:47time profissional, ele quer ser
07:48vendido antes. Mas a gente que
07:50vem da base tem aquela sensação
07:52de estar dentro do estádio e a
07:54torcida gritando o seu nome é
07:55sensacional.
07:57Muito legal, é muito legal, deve
07:58ser uma sensação indescritível.
08:01Guilherme Nápoles, muito boa
08:02tarde pra você. Sua primeira
08:03pergunta pro nosso Betão, que
08:05tá participando aqui do
08:06Bastidores da Bola.
08:07Boa tarde, Boni, boa tarde
08:08companheiros. Betão, um abraço
08:10pra você, prazer imenso estar
08:11falando com você. E é justamente
08:12dessa sua parte como torcedor
08:14que eu queria te perguntar e
08:15puxar esse gancho. Como é que
08:17foi pra você, cara, sair da
08:18arquibancada, você falou que
08:19tava ali cantando o nome dos
08:20jogadores pra depois estar
08:21dentro de campo, sendo um
08:22corintiano, representando a
08:24torcida do Corinthians dentro de
08:26campo, jogando e tendo o seu
08:28nome gritado também pela
08:29torcida. Como é que foi essa
08:30mudança pra você?
08:33Não é fácil, assim, no início
08:35pra você separar um pouco as
08:37coisas, né? Porque como eu
08:39falei, minha família inteira é
08:40família de corintianos, né?
08:4299% de corintianos e quando eu
08:46falo que é corintiano, não
08:47preciso nem ficar explicando
08:48muito, né? Mas é corintiano
08:49aqueles que não pode usar
08:50verde, que não pode falar na
08:51hora do jogo, né? Enfim, é
08:53corintiano. E aí, eu tinha o
08:56costume de ir aos jogos com
08:57meus pais, com meus pais, não,
08:59com meu pai, com meu tio, com
09:00meu irmão. E aí, quando você
09:04começa a jogar, faz essa
09:06transição aí, o sentimento é
09:08diferente, é só quem passa,
09:09assim, pra explicar, sabe?
09:10Porque você não tá somente ali
09:12como um jogador contratado.
09:14Ainda mais eu que vivi 14 anos
09:16dentro do Corinthians. Você tá
09:18ali pra defender aquilo que você
09:20gosta, aquilo que você acredita,
09:22aquilo que você viveu, aquilo
09:23que você aprendeu a defender
09:25desde pequeno. Então, quando
09:27você entrava, quando eu entrava
09:29em campo, no caso, não é
09:30somente o meu trabalho, né? Eu
09:32tava defendendo algo que eu
09:35aprendi a gostar, né? Algo que
09:38tava dentro de mim já, né?
09:40Então, essa sensação era bem
09:43bacana. Quando você perdia jogo,
09:45no início, você não perde somente
09:47como jogador, você perde como um
09:49torcedor também. Então, o
09:52sentimento era duplo. Mas aí,
09:54com o passar do tempo, você vai
09:56começando a se acostumar, vai
09:57entendendo, né, como se
10:00comportar com essas reações, com
10:03essas situações, mas é um
10:04sentimento bem misturado no
10:06início. Olha, Betão, vou dar
10:09boa tarde pro Giovanni Chacon,
10:10porque a gente ainda vai falar
10:12da sua passagem pelo Corinthians,
10:13título conquistado, campeonato
10:15brasileiro 2005, também o final
10:16da sua passagem, o restante da
10:17sua carreira, mas o nosso Giovanni
10:19Chacon aqui é um exímio torcedor
10:21do Dínamo de Kiev. E não é
10:22sacanagem. É verdade, acompanha
10:24o Dínamo de Kiev, futebol
10:25ucraniano, você tem uma história
10:27longa por lá também. Então,
10:29passa a pergunta pro Giovanni
10:31Chacon. Muito boa tarde pra
10:32você, Chacon. E o pior é que nem
10:33foi combinado, Boni. Abraço pra
10:35vocês, aqui a turma no estúdio,
10:37pro Betão. Nem foi combinado,
10:40tá na minha bolsa, inclusive,
10:41aqui na redação, a camisa que eu
10:44tenho do Dínamo de Kiev. Falei,
10:46porra, se fosse presencial, eu
10:48ia pedir pro Betão rabiscar.
10:50Daqui a pouquinho eu vou te
10:51perguntar sobre o Dínamo de Kiev,
10:53porque eu quero aproveitar esse
10:54gancho, né, do que a gente tá
10:56falando de formação, construção
10:58de um jogador, o cara que sai
11:00da arquibancada, que vai pro
11:01campo. E muito da questão, a gente
11:04vê hoje muito debate, né, Betão,
11:06sobre a parte mental dos
11:08jogadores, né? Hoje, com a
11:10presença das redes sociais também
11:12sendo algo positivo e negativo,
11:14colocando a exposição positiva
11:16pra aquele jogador que, às vezes,
11:18não tem muita mídia e negativo na
11:20hora de uma cobrança que vira,
11:21na verdade, algo pra além da
11:24cobrança, né, por parte de
11:25muitos torcedores, muitas vezes.
11:27Eu queria que você falasse um
11:28pouquinho da tua percepção sobre
11:31o quão mentalmente o jogador tem
11:33que estar bem pra também acabar
11:36não sofrendo, às vezes, num jogo
11:38que vai mal e eventualmente vai,
11:40ou numa hora que abre uma rede
11:42social e vê uma enxurrada de
11:44mensagem que ninguém quer receber.
11:47Olha, é um tema importantíssimo
11:49que você colocou agora.
11:51Infelizmente, muitos acham que a
11:54questão da saúde mental, não só
11:56do atleta, tá? Acho que da
11:57sociedade de forma geral, mas
11:59vamos focar aqui no atleta.
12:00Muitos acham que é mimimi, que é
12:02frescura, que antigamente não se
12:03tinha essa preocupação. Sempre
12:07teve essa situação da questão da
12:09saúde mental, mas antigamente não
12:10se dava a atenção, a devida
12:13atenção, vamos dizer assim.
12:14Então, hoje, assim, eu vejo, né,
12:16muitas pessoas do futebol antigo
12:18que se perderam no alcoolismo, no
12:20risco de drogas, enfim, né, tiveram
12:23caminhos ruins que acabaram
12:25levando em sua vida. Eu acredito
12:27que muito é pela questão da
12:28questão da saúde mental, que a
12:30pessoa não teve saúde mental
12:31para suportar toda a questão que
12:33envolve você ser uma pessoa exposta
12:36publicamente, né? Então, eu acho
12:38que nos dias de hoje é muito
12:40importante, e aí é um debate um
12:42pouquinho mais longo, é a questão
12:44de você ter um, no departamento de
12:46saúde performance dos clubes, você
12:48ter a presença, assim, de um
12:49psicólogo, né? Uma pessoa que te
12:51ajude a construir essa mentalidade
12:55forte que eu costumo dizer, né?
12:56Porque não são todos os atletas que
12:58conseguem ter essa percepção
13:01dessa necessidade, e muitos se
13:03perdem realmente, né? Porque
13:04realmente, hoje em dia, a questão
13:07das redes sociais tá muito mais
13:10próximo, tá muito mais dinâmico, os
13:12atletas estão muito mais expostos,
13:14e o atleta, muitas vezes, que dá
13:16muita atenção nessas questões
13:18internas, ele acaba se perdendo, né?
13:20E muitas vezes, quem faz as
13:21críticas, quem faz a provocação,
13:24não aguentaria nem meia palavra do
13:27que ele tá escrevendo, mas o atleta
13:29ele tá sujeito a isso. Então, acho
13:31que é de suma importância você ter
13:33essa preparação mental, é de suma
13:35importância você estar equilibrado
13:37com você mesmo, ter um
13:38autoconhecimento, eu sempre gostei
13:40dessa questão, né? Dessa questão
13:42que é o extra-campo, vamos dizer
13:44assim. Então, é importantíssimo você
13:47ver muitos jogadores que realmente
13:49se abalam com críticas externas,
13:51não sabem lidar com isso. Eu,
13:53graças a Deus, sempre fui muito
13:54bem resolvido com essa questão, né?
13:56Sempre tive uma autocrítica boa, né?
13:59Porque eu acredito que a crítica,
14:01muitas vezes, não é somente por
14:02aquilo que você faz em campo. A
14:04crítica, ela pode ser proveniente
14:05por diversos motivos, né? Talvez a
14:07pessoa não goste da sua
14:09personalidade, a pessoa acha que
14:11você não merece ter dor de estar ali,
14:13a pessoa gostaria de estar no seu
14:14lugar, tem a questão da inveja, enfim.
14:16Então, você ter um autoconhecimento,
14:19uma autocrítica, vai ser muito mais
14:21fácil você ter essa questão da saúde
14:23mental equilibrada.
14:25Muito legal você falar sobre isso, Betão,
14:27porque, por mais que seja um tema com
14:29muito mais liberdade para se tratar
14:31nos dias de hoje, ainda a gente vê que
14:33é um tabu no meio do futebol, né?
14:35Por mais que tenham vozes ativas, o
14:36Richardson é um cara que falou muito
14:38sobre isso, o Yuri Alberto falou
14:40recentemente sobre essa questão da
14:41saúde mental, também ainda existe um
14:43certo preconceito. E é muito legal que
14:45você, ainda na posição de ex-atleta,
14:47de alguém que ainda trabalha com
14:48futebol, também fale sobre essa
14:50questão. Agora, eu queria perguntar para
14:52você, passando um pouco o tempo na sua
14:54passagem do Corinthians, você fala
14:56como um cara que era torcedor, veio a
14:58vestir a camisa do clube e conquistou
15:00um título importante. Teve o ano de
15:022002 com muitas conquistas do Corinthians
15:04também, da Copa do Brasil, do Rio São
15:05Paulo, mas você não participa, né?
15:07Efetivamente, tá ali, mas não
15:09disputa partidas. Em 2005, é o
15:12título do Campeonato Brasileiro.
15:14Como é que foi para você? Essas duas
15:16situações, 2002, você acompanhado ali
15:18de perto, um time vencedor, e em 2005,
15:21tá com a camisa do Corinthians e
15:23participando, efetivamente, de um título
15:25que o torcedor corintiano, claro, se
15:26orgulha até hoje.
15:28O ano de 2002, realmente, eu fiquei um
15:31torcedor dentro do clube, né?
15:33Eu ainda, praticamente, estava vivendo
15:35um sonho, vamos dizer assim.
15:37Eu subi o profissão em 2001, e em 2002
15:40eu tive uma lesão no começo do ano,
15:42mas não foi por causa disso que eu não
15:43joguei, porque vieram grandes jogadores,
15:45vieram grandes contratações, e realmente
15:47eu não tive espaço ali, porque mesmo em
15:49condições de jogo, não teria tanta
15:51oportunidade assim. Mas ali eu vivi ao
15:53lado de grandes jogadores, né? Vi aquela
15:55máquina do Corinthians de 2002, que a gente
15:58jogava por música, e aí eu consegui ter
16:01aquela sensação de acompanhar todas as
16:04conquistas, todos os títulos, dentro do
16:06clube, né? E aí, quando foi em 2003, que
16:09eu começo a jogar, realmente, uma
16:12sequência de jogos, 2004, daí em 2005
16:16foi o ano, realmente, que eu tive uma
16:19atuação, em 2004 eu já tive uma atuação
16:21completa no campeonato brasileiro, mas em 2005
16:23foi, realmente, o ano do nosso título, da
16:25coroação do nosso trabalho, um ano que
16:28o Corinthians fez aquelas diversas
16:30contratações, da MSI, enfim, foi um
16:34campeonato também bem polêmico pela
16:37repetição dos jogos, mas você tem quase
16:41um filme na sua cabeça, porque, como eu falei
16:43antes, volta essa questão de você ser um
16:44torcedor em campo, né? E você consegue
16:47levantar um troféu vestindo a camisa do
16:51clube que você gosta, acho que não tem
16:52preço, né? E, por ironia do destino, naquela
16:56época, a entrega do troféu foi feita numa
16:59festa, num evento, e o Terence, que era o
17:02primeiro capitão, eu era o segundo capitão
17:04do time, ele chegou atrasado, aí o troféu foi
17:05entregue pra mim, e eu que tive que levantar
17:07o troféu, né? Então, acho que curou
17:10bastante, ali, esse início meu de carreira,
17:13essa conquista do campeonato brasileiro,
17:16que, mesmo tendo esses jogos repetidos,
17:19foi um campeonato bem difícil.
17:21Pra você, mexe alguma coisa quando as
17:23pessoas falam sobre esse título? Porque
17:24muita coisa é falada que muda-se um pouco
17:27a narrativa, muda-se um pouco a história,
17:29até por provocação, rivalidade também, o
17:31torcedor do São Paulo, do Palmeiras, do
17:32Santos, vai falar, ah, mas o campeonato de
17:342005 foi de certa maneira, foi mexido, não
17:37sei o que, claro, que não tem nada a ver
17:39com o que aconteceu, de fato, mas te mexe
17:42um pouco quando o pessoal vem falar do
17:43seu título brasileiro de 2005? Nem um
17:46pouco, porque nós vencemos no campo, né?
17:48Voltou o jogo, a gente venceu no campo.
17:50Se tivesse vencido no Paluíbe, na
17:52moedinha, aí poderia ser uma questão
17:55assim pra lá. Mas é normal, sempre quem
17:58perde, quem se sente prejudicado, vai
18:00questionar e vai querer tirar o mérito de
18:02quem venceu, mas não mexe nem um pouco.
18:05Raio Monteiro, sua pergunta pro Betão.
18:07Você falou, Betão, aí, sobre essa
18:09campanha de 2005, até citou aí o Tevez,
18:12né? Queria saber um pouco de como foi
18:14jogar com um cara tão diferente como
18:16era, né? O Carlitos Tevez jogava muita bola,
18:18o argentino, como era no dia a dia, como
18:20era o trato com ele, porque era, de fato,
18:22um jogador muito diferente, né? Numa época
18:24que era muito difícil um jogador, assim,
18:27vir jogar no futebol brasileiro, né? Um
18:28cara que tinha espaço pra jogar na
18:30Europa, e depois disso aconteceu. Tevez
18:32foi campeão da Champions League com o
18:33Manchester United, por exemplo, um time
18:35que tinha Cristiano Ronaldo, enfim, no time
18:37do Ferguson. Como foi jogar com o
18:39Carlitos Tevez e masquerando também
18:41no Corinthians naquela época? Como foi
18:43estar ao lado dessas estrelas no
18:45Corinthians? Bom, aparentemente, vocês
18:48são bem jovens, né? Não sei que no ano
18:50de 2005, eu não imagino quantos anos vocês
18:52tinham, não sei se vocês chegaram a
18:53acompanhar o dia a dia do Corinthians, mas
18:56acho que fizeram, primeiramente, um
18:57julgamento muito duro com relação ao
19:00Tevez, sabe? A parte da imprensa, acho que
19:02pegou muito pesado com ele, no sentido
19:05que, assim, as pessoas achavam que ele
19:07era uma pessoa mascarada, que não queria
19:10falar com a imprensa, mas só quer conhecer
19:12a história do Tevez. É muito pelo contrário,
19:15ele é uma pessoa introvertida, que passou
19:16por diversos problemas na vida, que eu
19:18pude conhecer de perto, né? Eu fui na casa
19:20dele, conheci a família dele, enfim. Então,
19:23fizeram esse julgamento com ele, que ele
19:25veio com status, é óbvio que ele veio com
19:27status de grande contratação de estrela,
19:29mas ele não vivia esse mundo que as
19:32pessoas colocaram ele, né? Então, ele
19:35acabou meio que, não vou dizer se
19:37assustando, mas ele acabou tendo uma
19:39cobrança maior de participação do que
19:43realmente ele gostaria. Mas essa
19:45conversa com ele foi muito bacana, eu tive
19:48que conquistar a confiança dele, na verdade,
19:50né? Porque eu lembro que ele chega no
19:52Corinthians, mais ou menos, a gente estava
19:54fazendo uma pré-temporada em Porto Feliz
19:56e a concentração no quarto era ele e o
20:00Seba, né? Seba Domingues, que chegou junto
20:03com ele e aí chegaram outros jogadores
20:05também na mesma época. E eu lembro que
20:08quando ele chegou no clube, ele ficava
20:10muito isolado assim, né? Porque ele é
20:12introvertido, né? E depois que eu fui
20:14entender que é por causa da história de
20:16vida dele, né? E aí ele ficava muito
20:18isolado e eu sempre tive comigo o
20:20seguinte pensamento, eu tenho que
20:22receber as pessoas no clube da maneira
20:24que eu gostaria que fosse recebido em
20:26qualquer clube que eu fosse atuar
20:27posteriormente. E aí eu lembro que ele
20:29estava no quarto, ficava no quarto, só saia
20:31pra treinar, só saia pra comer, e aí certa
20:33vez eu sempre, eu ia no quarto dele e
20:36às vezes o Seba estava lá, né? E o Teve
20:39sempre com fone de ouvido, sempre mexendo
20:41no computador. E aí eu comecei
20:43constantemente no quarto dele. Daí no
20:45início eu falava alguma coisa com ele,
20:47ele respondia só sim, não, né? Bem
20:49fechadão assim. E aí eu fui me aproximando
20:52cada vez mais, né? Do aquecimento, estava
20:54sempre junto com ele. E aí acho que ele
20:55começou a perceber que a minha aproximação
20:57não era por nenhuma questão, né? Mas
20:59pra ele ficar à vontade, porque uma
21:02grande contratação, quanto mais à
21:04vontade ele se sentisse, melhor seria o
21:06desempenho dele e ajudar todo mundo, né?
21:08E aí eu fui ganhando essa confiança dele,
21:11fizemos uma grande amizade aí, como eu
21:14falei, fui pra casa dele na Argentina, no
21:17batismo da filha dele, que hoje já
21:19completou também 20 anos de idade aí.
21:21Jogamos contra lá na Europa também, fui
21:24na casa dele em Manchester, ainda
21:26mantemos esse contato. E jogar com
21:29um cara como o Tevez, assim, é sem
21:31palavras, porque assim, ele era o camisa
21:3310 do time, acredito que o maior salário
21:35do time, só que ele jogava como se fosse
21:37um operário, né? Eu lembro que
21:40muitas vezes, assim, a bola se chegava a
21:42ficar 3, 4 minutos lá no ataque, porque
21:44ele ficava dando carrinho em zagueiro,
21:46prendia a bola, dava respiro pra gente.
21:48Ele era um cara que muita gente não
21:50sabe, ele brigava muito internamente
21:53para o benefício do grupo, né? Talvez
21:56pra imprensa não aparecesse isso, mas
21:58o que ele fazia internamente é
22:01surreal, né? Vou até contar pra vocês
22:03aqui uma situação que aconteceu.
22:05Teve um jogo contra o Inter de
22:07Porto Alegre, acho que vocês vão
22:09lembrar dessa partida, do lance
22:11partidico do Pênalti que o Fábio Costa
22:13fez no Tinga. Na concentração, a gente
22:15sempre concentra junto, e aí o
22:17Kia vai na concentração, o Kia que
22:19era da DMSI, pra gente falar ali
22:22sobre premiação, né? Daquela partida,
22:24né? O famoso bicho. E aí o Kia
22:27fala assim, olha, o bicho vai ser
22:29tanto. Daí o Tevez perguntou, mas
22:31esse valor que você falou de premiação
22:33é pra cada um, pra todos, vai ser o
22:35mesmo valor? Daí o Kia falou, não, não,
22:37pra quem jogar é tanto, pra quem não jogar
22:39é tanto. Daí o Tevez falou assim, então
22:41não jogo. Se não for igual pra todo mundo,
22:43eu não jogo. E aí o Kia ficou meio assim,
22:45ah, tal, né? Como assim? Não, se não
22:47for igual pra todo mundo, eu não jogo.
22:49E aí ele fez o que fez, e a premiação
22:51foi igual pra todos, né? Então você
22:53vê que a grandeza do Tevez não é
22:55o que ele significava muito
22:57pra todos, dentro do vestiário
22:59inclusive. Acho que é muito importante
23:01foi a passagem dele no Corinthians.
23:03Bom, muito legal saber essas histórias de
23:05bastidores. Um cara que é
23:07importante pro elenco, defendendo todo o
23:09resto também, pra que tenham os mesmos direitos.
23:11Muito legal mesmo. Guilherme
23:13Nápoles, sua pergunta pro Betão. Betão,
23:15a gente tem falado aqui do seu sentimento, também
23:17como torcedor do Corinthians dentro de campo,
23:19e você viveu esse auge quando você é campeão
23:21brasileiro. Mas em contrapartida, você
23:23também viveu o momento mais trágico
23:25pra um torcedor de futebol, que é ver o seu time
23:27rebaixado, e você estava dentro de campo.
23:29Inclusive, é uma das imagens mais marcantes do rebaixamento,
23:31você chorando bastante.
23:33Eu queria que você contasse um pouco
23:35desse marco negativo
23:37na história do Corinthians, o rebaixamento
23:39do ano de 2007,
23:41tudo que aconteceu naquele ano. E você já citou
23:43algumas vezes que o Corinthians não começou a
23:45cair naquele ano, né? Começou a cair também
23:47um pouco antes. Queria que você falasse um pouquinho
23:49dessa situação.
23:51Claro, escrito pra você novamente
23:53essa história toda, porque
23:55é uma opinião que eu tenho formada de quem
23:57viveu lá dentro. O que eu acho?
23:59Nenhum rebaixamento
24:01acontece do dia pra noite.
24:03O time foi formado no começo
24:05do ano, no final do ano ele caiu porque aquele ano
24:07foi um ano desastroso.
24:09Eu acredito que todo rebaixamento tem
24:11uma construção de vários
24:13atos desastrosos
24:15que vai culminar em algum momento,
24:17vai acontecer aquele rebaixamento.
24:19E no Corinthians, do meu ponto de vista,
24:21eu posso estar errado, vale a discussão,
24:23vale a opinião. Ele
24:25começa a ter essa
24:27destruição
24:29da questão
24:31do rebaixamento. Ele caminhava do rebaixamento
24:33em 2003, quando o
24:35Corinthians, se não me
24:37engano, foi quando foi eliminado na Libertadores
24:39contra o River Plate em 2003.
24:41E aí começa a sair diversos
24:43jogadores, sendo
24:45que o Corinthians estava com um elenco bom naquele ano
24:47de 2003. E aí começa a sair diversos
24:49jogadores, começa a ter
24:51mudanças na direção do clube
24:53e aí todo ano que se passava,
24:55se vocês forem pegar
24:57as informações, o Corinthians
24:59montava um elenco novo.
25:01Chegando no final de 2003
25:03montou um elenco de 2004.
25:05Daí chegaram, sei lá,
25:07lembro que eles chegaram um pacotão pro Paulistão,
25:09acho que eram 11 jogadores que chegaram.
25:11Fábio Costa, Zianinho, Julinho,
25:13Dean Nelson, Rafael Silva,
25:15fez uma apresentação
25:17de um monte de jogadores.
25:19Aí o Corinthians quase cai no Paulistão
25:21de 2004.
25:23Foi um ano bem conturbado
25:25e aí termina o ano de 2004
25:27eu chego o Tite,
25:29naquele momento brasileiro
25:31a gente consegue quase uma
25:33classificação para a Libertadores.
25:35Aí chega no final de 2004, sai todo mundo
25:37e monta o outro time
25:39da MSI.
25:41E aí faz aquele ano bom, campeão,
25:43aí chega no final de 2005, sai todo mundo
25:45e monta um outro time.
25:47Aí acaba 2006, sai todo mundo e monta
25:49um outro time.
25:51Em 2007 foi o time que o Corinthians
25:53optou por fazer contratações
25:55de jogadores, de revelações,
25:57que eu acho que isso é um fator a mais
25:59porque o Corinthians contratou muitas
26:01revelações de campeonatos estaduais
26:03naquele ano.
26:05Colocou tudo junto. Eu acho que daí
26:07foi um dos problemas também, porque
26:09você sair de um time que
26:11não está acostumado com pressão
26:13e colocar num time
26:15grande, você faz isso com o jogador
26:17e ele consegue se adaptar.
26:19Quando você pega um monte de jogadores e faz
26:21essa questão, fica uma pressão
26:23grande.
26:25Então eu acho que essas
26:27mudanças de elenco
26:29isso mexeu muito com
26:31a questão do rebaixamento, só que eu digo mais
26:33eu vou para a parte da diretoria também.
26:35Cada ano praticamente a gente tinha mudanças
26:37na gestão do clube.
26:39Seja de dirigente, seja de
26:41gestor do futebol.
26:43Enfim, teve muitas mudanças
26:45e aí acabou culminando o nosso rebaixamento
26:47de 2007.
26:49E agora falando do meu sentimento.
26:51Essa imagem que você fala, que é a minha entrada
26:53no túnel ali na pós-jogo
26:55no antigo estádio olímpico
26:57aquilo ali não é
26:59algumas pessoas fazem
27:01uma leitura equivocada daquela imagem.
27:03Aquela imagem ali não é de
27:05não o choro
27:07que você fala assim
27:09está escondendo o rosto.
27:11Não. Ali foi um sentimento
27:13que eu tive de incapacidade
27:15de não conseguir ajudar o meu time
27:17do coração a se manter na divisão.
27:19Então eu fiquei com
27:21um sentimento de impotência
27:23de incredulidade
27:25que a gente está vivendo naquele momento.
27:27Não vou tampar meu rosto aqui para ninguém me ver
27:29para me esconder, nada disso. Eu nunca fui até
27:31um jogador de se esconder em momentos
27:33mais difíceis que eu sempre estava dando em serviço.
27:35Então foi mais com essa combinação
27:37do jogador com o torcedor.
27:39Falei cara, não consegui
27:41evitar esse rebaixamento.
27:43Só que depois se vai refletindo
27:45você sabe que um rebaixamento
27:47não depende somente da sua pessoa.
27:49Mas naquele momento foi
27:51essa expressão da imagem.
27:53Betão, até é interessante
27:55você falar sobre isso
27:57porque eu concordo muito. Eu acho que um rebaixamento
27:59a gente vê tantos clubes grandes sendo rebaixados
28:01muito mais do que os onze
28:03jogadores que estão no campo. Muito mais do que o treinador
28:05é uma situação de todo
28:07o ambiente do clube, passando
28:09por diretoria e tudo mais.
28:11Olhando para o Corinthians de hoje
28:13o Corinthians que ano passado sofreu
28:15sofreu bastante, passou
28:17boa parte do campeonato na zona de
28:19rebaixamento. Contratou gente, trocou de treinador
28:21conseguiu se safar e se safar bem
28:23com uma boa sequência de vitórias.
28:25Você olhando é claro com uma outra perspectiva
28:27agora de fora, sem essa visão de dentro
28:29que você tinha no ano de 2007.
28:31Você acha que o Corinthians tem um caminho
28:33parecido? Você acha que o Corinthians
28:35traça um caminho talvez parecido com o que traçava
28:37nesse período
28:39até o rebaixamento em 2007?
28:41Até porque a gente vê o Corinthians muito
28:43em notícias de páginas policiais
28:45com várias polêmicas com relação a diretoria
28:47com patrocinador
28:49um processo de impeachment, agora vários
28:51processos de impeachment acontecendo
28:53nesse momento que estão tramitando
28:55no conselho deliberativo. Você acha que tem
28:57alguma similaridade você vendo
28:59de fora como o Corinthians está agora?
29:01A grande
29:03diferença e talvez a principal diferença é que
29:05hoje o Corinthians tem estrutura. Na minha época
29:07o Corinthians não tinha estrutura. Tinha
29:09nome de time grande, mas estrutura
29:11muito simples. Então
29:13lá onde é o CT do Corinthians hoje
29:15antigamente lá era um
29:17container que a gente tomava banho, chuveiro elétrico
29:21campo cercado de alambrado
29:23hoje o Corinthians tem condições
29:25por mais que está com quase um bilhão de
29:27dívidas, mas o Corinthians
29:29tem dinheiro para investir. Pelo menos tem
29:31fazendo contratações
29:33com
29:35como se fosse clube com dinheiro em caixa
29:37então acho que hoje a grande diferença
29:39daquele
29:41momento acho que é essa. A questão
29:43financeira que o Corinthians ainda consegue fazer
29:45grandes contratações e tem
29:47essa estrutura que ainda
29:49ajuda os atletas
29:51a ter um bom preparo
29:53ter um bom departamento de recuperação
29:55um bom departamento de trabalho
29:57uma equipe
29:59com profissionais altamente qualificados
30:01não que na época não tinha, mas você tendo uma estrutura
30:03melhor de trabalho você consegue
30:05garantir
30:07se aproximar pelo menos de melhores resultados
30:09então acho que a grande
30:11diferença é essa. Hoje também tem
30:13uma questão que eu digo sempre
30:15eu tive o prazer
30:17e o privilégio de acompanhar
30:19toda a transformação do futebol
30:21em todos os
30:23âmbitos vamos dizer assim
30:25eu acompanhei a transição do comportamento dos atletas
30:27a transição do comportamento
30:29da imprensa, a transição do comportamento
30:31de treinador, de gestor, de torcida
30:33e o Corinthians tem um ponto
30:35hoje que é fortíssimo é a questão da participação
30:37da torcida
30:39nessa questão política
30:41de estar observando mais de perto
30:43o que acontece no clube. Talvez
30:45naquela época o foco era outro
30:47a torcida participava de uma outra forma
30:49de uma forma somente de
30:51pressão, de violência
30:53de intimidação. Só que hoje
30:55você vê que o torcedor participa de uma maneira
30:57mais
30:59interna
31:01por dentro do que está acontecendo
31:03no clube. Então acho que essas questões
31:05ajudam muito ao Corinthians
31:07não tomar o rumo que tomou em 2007
31:11Até o presidente da principal torcida
31:13organizada do Corinthians recentemente
31:15manifestou falando que vê com muito orgulho
31:17como a torcida alvinegra está se politizando
31:19com relação ao que acontece
31:21dentro do clube
31:23que está participando efetivamente realmente
31:25das decisões políticas do Corinthians
31:27Raio Monteiro
31:29Betão, a gente falou bastante aqui sobre sua trajetória
31:31no Corinthians desde que você começou
31:33títulos, o momento do rebaixamento
31:35eu queria falar um pouco sobre a sua saída
31:37queria te ouvir um pouco sobre a sua saída do Corinthians
31:39no seguinte sentido
31:41há um tempo eu assisti a série do Becker
31:43não sei se você acompanhou
31:45uma série documentária do Becker, muito boa
31:47aliás, fica a dica para todos que estão nos acompanhando
31:49em que ele falava que
31:51quando ele sai do United
31:53e ele teve uma trajetória de criança
31:55torcedor do United, a oportunidade
31:57de jogar no United
31:59que era o grande sonho do pai dele
32:01e aí ele faz a carreira, ganha todos os títulos possíveis
32:03e ele sai meio ali de uma forma
32:05que não foi tão legal
32:07mas não é esse o ponto
32:09o meu ponto é, a saída dele
32:11ele diz no documentário que foi como se ele tivesse
32:13era um sentimento como se estivesse morrendo
32:15alguém da família, porque ele era muito ligado
32:17àquilo e meio que do dia
32:19para a noite ele teve que ir embora
32:21ele foi embora do United, ele foi jogar no Real Madrid
32:23inclusive, não é que ele saiu do United
32:25foi assim, acabou a carreira ou qualquer
32:27coisa do tipo, então eu queria te ouvir
32:29nessa linha sobre o seu sentimento quando você
32:31saiu do Corinthians, porque você é
32:33um torcedor do Corinthians desde garoto
32:35teve a oportunidade de jogar, de ganhar
32:37títulos, de viver momentos ruins
32:39momentos excelentes e um dia
32:41um dia chega para todos, o momento
32:43de ir embora, de sair, eu queria te ouvir
32:45um pouco sobre esse aspecto
32:47da saída do Corinthians, como foi para você
32:49é uma pergunta muito interessante
32:51você falando assim
32:53até arrepia, te lembra do momento
32:55porque
32:57você acaba acostumando a estar
32:59no ambiente, eu fiquei 14 anos
33:01no Corinthians, então eu fiquei 14 anos indo para o mesmo
33:03local, convivendo com as mesmas pessoas
33:05vendo pessoas chegando, pessoas saindo
33:07eu acabei em um determinado momento
33:09sendo até o anfitrião
33:11para excepcionar as pessoas
33:13que chegavam e do nada
33:15chega o momento de você sair
33:17não vou dizer que do nada
33:19mas você começa a perceber que
33:21o ciclo se encerrou
33:23porque na vida a gente
33:25tem que saber chegar, tem que saber sair
33:27tem que entender que ciclos iniciam
33:29e ciclos se encerram
33:31e eu
33:33percebi que meu ciclo estava se encerrando
33:35no ano de 2007
33:37realmente ali
33:39porque
33:41eu era o único jogador
33:43então aí eu vou voltar em um outro detalhe
33:45para a gente contextualizar
33:47por exemplo no Tabu que a gente teve contra São Paulo
33:49eu participei de todos os jogos
33:51e eu era o único jogador
33:53daquele elenco
33:55que viveu todos os jogos do Tabu
33:57e aí sempre quando ia fazer a coletiva
33:59pré-clássico
34:01as perguntas eram sempre as mesmas
34:03sobre o mesmo tema
34:05e aí você vai ficando um pouco safado
34:07com a situação
34:09você vê que não está mais prazeroso
34:11você estar naquele lugar
34:13justamente por diversas questões
34:15e aí
34:17aquele ano foi um conturbado
34:19e tudo que acontecia era culpa minha
34:21era problema meu justamente porque eu sempre dei a cara
34:23nas entrevistas
34:25nos jogos que perdiam
34:27o meu empresário até na época até falava
34:29Betão, tira um pouco sua cara
34:31das entrevistas, falei cara esse é o meu jeito
34:33eu não consigo me esconder
34:35então eu comecei a perceber
34:37que o meu ciclo dentro do Corinthians
34:39estava acabando
34:41e aí meu contrato acabava
34:43no final de 2007
34:45e aí eu lembro que o Andrés me chamou
34:47falou, pô Betão, vamos renovar o contrato
34:49por mais três anos e eu te empresto
34:53eu te faço um empréstimo e depois
34:55quando abaixar a poeira você volta
34:57eu falei Andrés, cara, não quero
34:59não quero renovar meu contrato
35:01eu acho que o meu momento aqui se encerrou
35:03e aí eu lembro que ele perguntou até pra mim
35:05saindo do São Paulo, porque quando eu fiz o gol
35:07contra o do Tabu
35:09o Marco Aurélio Cunha me abraçou e começou a sair
35:11um boato na imprensa que o São Paulo estava interessado
35:13em mim, mas não tinha nada
35:15e aí eu falei pro Andrés, Andrés, eu não quero
35:17eu vou pra minha casa, não tem lugar nenhum pra jogar
35:19eu vou pra minha casa
35:21e aí o ciclo
35:23se encerrou ali, mas
35:25esse detalhe que você falou é bem interessante
35:27que você, cara, você costumou
35:29estar ali e de repente
35:31na manhã seguinte você acorda
35:33e você não precisa mais estar naquele lugar
35:35e aí tem até um caso
35:37do Joaquim Grava
35:39do Dr. Joaquim Grava
35:41que leva o nome do CT hoje
35:43que ele viveu muito isso
35:45ele viveu muitos anos no CT
35:47e as pessoas dizem, eu não vi, que ele
35:49quando ele estava, muitas vezes
35:51ele tinha sido mandado embora do clube
35:53e muitas vezes ele se pegava
35:55indo pro clube, quando chegava na marginal
35:57ele lembrava que ele tinha sido mandado embora
35:59de repente, sabe?
36:01parece que você pertence ao local
36:03e foi isso que aconteceu comigo
36:05mas foi um momento que eu precisava sair
36:07pra de repente tentar
36:09dar uma continuidade na minha carreira
36:11porque aquele momento pra mim já estava bastante estafado
36:13é uma visão muito interessante
36:15desse episódio, como o Ray falou
36:17chega um momento pra todo mundo ir embora de algum lugar
36:19de encerrar um ciclo
36:21e é bastante interessante a visão que passa o Betão
36:23aqui no bastidores da bola
36:25porque não são todos os jogadores que fazem uma carreira
36:27tão longa em um clube
36:29isso hoje em dia é cada vez menos comum
36:31o cara que fica 10, 15 anos num time
36:33exatamente
36:35Giovani Chacon
36:37como profissional, Betão
36:39eu acho que são 7 de Corinthians
36:41como profissional, sem contar
36:43a parte da base
36:452008 você fica pouco
36:47tempo no Santos e aí você já vai pro
36:49futebol europeu
36:51você tem também duas passagens só no futebol europeu
36:53em dois times diferentes
36:55duas oportunidades diferentes também
36:57cada um, Ucrânia e França
36:59e eu queria que você falasse um pouco
37:01dessa adaptação, porque na época
37:03você foi pro Dinamo de Kiev
37:05o Shakhtar já tinha um grande investimento em brasileiros
37:07a gente chegou até
37:09falou com o Yusinho também
37:11aqui, e ele contou algumas histórias
37:13sobre o investimento que fazia lá
37:15o Shakhtar na época, mas o Dinamo
37:17não tinha muito esse costume
37:19tinham alguns nomes, mas não tinha
37:21muito esse costume, veio até ali
37:23para 2014
37:25começar a fazer mais investimentos em brasileiros
37:27de fato
37:29e é um futebol diferente, né Betão
37:31em questão tática, em questão técnica
37:33em questão física
37:35quando você sai do Brasil e chega do nada
37:37num país que o verão
37:3940 graus, no inverno é
37:41menos 15, como é que é essa adaptação
37:43do futebol
37:45vida, família, distância
37:47queria que você falasse um pouquinho disso
37:49cara, assim, eu sou um cara
37:51que sempre fui muito ligado a estudo
37:53e sempre fui muito curioso
37:55eu acho que esse é um ponto que a gente precisa
37:57frisar, e aí quando começa
37:59a especulação que eu ia jogar na Ucrânia
38:01que ia jogar não, que ia ter uma proposta
38:03na Ucrânia, o que que eu fiz? Eu fui na internet
38:05e fui pesquisar
38:07fui pesquisar sobre clima, sobre idioma
38:09sobre a moeda, sobre a
38:11questão política do país
38:13eu fui me informar mesmo antes
38:15de ter fechado
38:17o contrato, porque aí quando você
38:19tira o local, o choque é menor
38:21até mesmo porque é uma cultura totalmente
38:23diferente
38:25da nossa, né?
38:27Então eu lembro que eu cheguei na Ucrânia
38:29era mês de julho
38:31junho, se não me engano, junho
38:33e é verão, e é o que você falou
38:35o verão na Ucrânia ele é muito quente
38:37então eu cheguei lá e tava, sei lá, 38
38:39graus, alguma coisa assim, e é seco
38:41e aí eu chego lá
38:43e aí por conta
38:45desse calor, a pré-temporada do
38:47meio do ano faz sempre num país mais frio
38:49então
38:51quando a gente tava no meio do ano a gente ia fazer
38:53pré-temporada na Áustria, que o verão austríaco
38:55era no máximo 20 graus, mais ou menos
38:57a gente ia lá pros Alpes, lá pra
38:59pras montanhas
39:01e aí eu chego lá
39:03os brasileiros estavam todos regressando
39:05de empréstimo ao Brasil
39:07era o Corrêa, o Rodrigo Zagueiro
39:09o Gladiador, o Cleber Rincón
39:11o Diogo Rincón, perdão
39:13o Michael que foi
39:15colocado na minha negociação com o Santos
39:17então eu fiquei só eu de brasileiro lá
39:19e aí o treinador era russo
39:21então o que que o treinador
39:23falou pro meu intérprete, olha o Betão vai sozinho
39:25pra pré-temporada de um mês
39:27você não vai, já que ele
39:29possa aprender o idioma o mais rápido possível
39:31então eu fui
39:33pra Áustria, fiquei um mês
39:35na Áustria sem nenhum brasileiro
39:37conseguia me comunicar
39:39em inglês, mas a questão era eu aprender
39:41o russo
39:43o mais rápido possível
39:45então eu lembro que o treinador me chamou
39:47no primeiro dia de treino, fez uma roda com os jogadores
39:49pra me apresentar
39:51eu lembro que ele me chamou no meio, falou algumas coisas em russo
39:53que hoje eu não vou lembrar mais do que é
39:55né, e
39:57eu sei que todo mundo bateu palma
39:59e o treino começou, ele me deu o colete de titular
40:01e o treino foi começar
40:03daí eu tinha um goleiro lá que hoje é o treinador do
40:05Dilma Rousseff, né, o Alexander Skalkovic
40:07ele é sempre um ídolo
40:09do país, ele me chamou e falou
40:11você fala inglês? Eu falei cara, eu me comunico
40:13dá pra entender, ele falou então, aprende
40:15quatro palavras em russo hoje
40:17eu falei qual? Ele falou direita, esquerda
40:19frente e trás
40:21e aí eu fiquei o treino inteiro
40:23pensando na palavra em russo, direita, esquerda
40:25frente e trás, nem conseguia treinar direito
40:27mas só pensando na palavra
40:29e aí eu sou um cara mais ou menos assim
40:31meio que autodidata, né, então
40:33eu comecei
40:35a
40:37tentar entender o russo
40:39sem precisar de professor
40:41então todo dia, o que eu fazia?
40:43eu observava o que o som
40:45que a pessoa fazia
40:47o que trazia de reação na outra pessoa
40:49e eu falava, ah, então
40:51esse som é pra
40:53essa situação, né
40:55porque o alfabeto cirílico é difícil de a gente ler
40:57hoje eu consigo, se você me der
40:59um tempo em russo, eu consigo
41:01entender o que está sendo dito no texto
41:03mas não vou saber pronunciar
41:05a palavra por palavra
41:07mas o russo eu aprendi assim, então a pessoa falava pra outra
41:09assim, daivada pajosa
41:11eu falava, daivada pajosa
41:13e a outra, ela pegava uma água
41:15eu falava, ah, então esse som é pra pegar água
41:17depois a outra perguntava, katoritias
41:19daí eu falei, a outra olhava no relógio
41:21e falava, ah, katoritias é pra perguntar a hora
41:23e aí eu fui vivendo
41:25essa pré-temporada assim
41:27e aí uma situação interessante que aconteceu
41:29na pré-temporada, né, não era tudo
41:31mil maravilhas, né
41:33na Europa é tudo glamour
41:35mas, né, tem seus perrengues também
41:37eu lembro que eu recebi uma mala
41:39grande assim, do
41:41da patrocinadora, não sei se posso falar aqui o nome
41:43da patrocinadora do time
41:45mas eu recebi a mala ali
41:47cheia de material
41:49e aí tinha o material de viagem, o material de concentração
41:51o material de treino
41:53e aí na programação do dia
41:55tava lá só o horário
41:57que a gente consegue entender que é universal, né
41:59o número, e aí o que estava escrito
42:01a atividade estava em russo
42:03eu falei, cara, acabei de chegar vendo um monte
42:05de desenhinho, não entendo nada
42:07e aí o massagista que acordava a gente
42:09ligava no quarto e falava
42:11tal hora e falava em russo, que vai fazer tal coisa
42:13e eles não estão preocupados
42:15em estar entendendo não, eles falam em russo
42:17e tá tudo certo, eu falei
42:19cara, e agora, como que eu vou saber qual atividade que é
42:21se é treino, se é pra ficar na concentração
42:23ou se a gente vai viajar pra fazer uma mistura
42:25aí o que eu comecei a fazer
42:27eu olhava o horário lá da programação
42:29por nove horas, então eu vou acordar às oito
42:31voltar pra despertar às oito, abro a porta do meu quarto
42:33e vou ficar só de migue aqui, olhando
42:35aí quando vi a roupa que o pessoal
42:37tava usando, eu falava, essa roupa aqui é pra colocar
42:39aí eu colocava
42:41e aí ia pro treino
42:43ia viajar, sei lá
42:45fazer a atividade, mas a adaptação
42:47foi legal nesse sentido, sabe, me trouxe
42:49muito aprendizado, hoje eu consigo
42:51me comunicar em russo, depois de seis meses na verdade
42:53eu consegui me comunicar em russo
42:55de uma maneira mais tranquila
42:57e isso faz parte do nosso crescimento
42:59mas tem coisas culturalmente falando
43:01que a gente não, como brasileiro
43:03a gente não acostuma, a gente se adapta
43:05então teve muita coisa que eu vi na Ucrânia
43:07que eu não me acostumo até hoje
43:09mas me adaptei à maneira de viver
43:11acho que é só
43:13chegar e jogar, né, que não tem toda a adaptação
43:15cultural, de idioma
43:17de todo o resto, climática também
43:19Betão, ainda sobre sua passagem
43:21pelo futebol europeu, eu queria
43:23perguntar sobre qual foi
43:25o confronto mais especial que você teve
43:27mas acho que essa resposta é muito clara, né
43:29tem até a foto que todo mundo
43:31publica nas redes sociais
43:33de você marcando o Lionel Messi, um confronto contra o Barcelona
43:35pela Champions 2009
43:372010, se eu não me engano, é isso?
43:39Não, foi 2008-09
43:412008-09
43:43O Barcelona foi campeão nesse ano
43:45Então eu queria saber, esse realmente foi
43:47o seu confronto mais especial e como é que foi
43:49jogar contra o Lionel Messi
43:51ainda podemos dizer no começo da sua trajetória, né?
43:55Mesmo, mas que começo, hein
43:59Cara, só, desculpa, eu vou
44:01concluir a resposta para o Chacon
44:03que ele perguntou sobre a questão das contratações
44:05de jogadores, né. Quando eu chego
44:07no Dínamo, o Dínamo ainda está à frente
44:09do Shakhtar
44:11assim como a hegemonia, né
44:13eu vivo ali acho que uns dois anos
44:15talvez, com o Dínamo
44:17à frente, mas essa questão é bem verdade
44:19o Shakhtar ele faz investimento em jovens
44:21jogadores brasileiros e adaptam
44:23ensinam, na verdade, jogadores brasileiros
44:25a se adaptarem ao futebol europeu
44:27assim foi com o Willian, por exemplo. O Willian
44:29chega lá, começa a jogar de volante, um ano
44:31né, e daí o Willian vai perguntar
44:33para o Luchesco
44:35cara, eu sou extremo, né
44:37não jogo de volante
44:39o Luchesco fala, peraí, eu sei que você é extremo
44:41eu te conheço muito bem como extremo
44:43mas eu quero te ensinar a marcar, porque depois
44:45quando você aprender a marcar, para você jogar na frente
44:47vai ser muito fácil. Então o Shakhtar
44:49tem mais essa questão da
44:51do ensino, né
44:53eles contratam muito atacante brasileiro
44:55o Dínamo contratava mais zagueiro
44:57e aí depois que o Dínamo investiu
44:59uma grana boa no Dudu
45:01investiu uma grana boa no André
45:03que hoje o André é balada, né
45:05enfim, mas tem essa questão sim
45:07e essa minha
45:09participação com o Leonel Messi
45:11foi muito bacana, meu primeiro jogo
45:13que eu fiz na Champions League foi contra o Arsenal
45:15lá em Kiev
45:17a partida terminou empatado em um a um
45:19e nesse dia eu já tive assim
45:21um sentimento bem bacana, porque na Europa eu joguei
45:23muito
45:25pelo lado na linha defensiva
45:27né, então eu jogava
45:29ou pela direita, joguei pela esquerda
45:31também na zaga central, mas joguei mais pelo lado
45:33e nesse jogo contra o Arsenal
45:35foi interessante que o time do Arsenal
45:37tinha Galá, tinha Fábregas
45:39Van Persie, Alcott
45:41De Baiora, um time massa
45:43e eu lembro que o Van Persie
45:45jogava na extrema
45:47esquerda e eu como lateral direito
45:49ia bater de frente com ele, e aí eu brinco com
45:51todo mundo, né, naquele jogo
45:53quando eu pegava a bola
45:55a gente tava com posse de bola, o time do Arsenal
45:57recuava, baixava ali no meio do campo
45:59pra marcar a gente, e eu brincava
46:01pô, o Van Persie acho que viu meu DVD, ele tá me respeitando
46:03demais, né, foi
46:05uma sensação bacana, mas essa questão
46:07do Messi
46:09eu lembro que quando a gente ia jogar
46:11um dia anterior que a gente ia jogar contra o Messi
46:13contra o Barcelona
46:15a gente falou, pô, como o Van Persie tem que matar
46:17o que a gente vai fazer, eu vi que o treinador
46:19ele começou a me treinar
46:21nos dois lados, tanto como lateral direito
46:23como lateral esquerdo, até que no dia
46:25anterior ele me chamou no quarto dele e falou
46:27Betão, é o seguinte
46:29a gente vai enfrentar o Barcelona
46:31e o Messi ele joga
46:33pelo lado direito do ataque do Barcelona
46:35e ele é canhoto
46:37então eu vou fazer o seguinte, meu amigo
46:39eu vou trocar você de lado
46:41vou colocar você como
46:43como lateral esquerdo
46:45né, e
46:47você vai
46:49bater o pé esquerdo dele
46:51com o seu pé direito, e aí você vai
46:53acabar com as jogadas dele, eu falei, é só isso que o Messi
46:55faz, né, isso eu levo pra esquerda, não precisa
46:57fazer mais nada
46:59e aí, assim, cara, naquela noite eu fui dormir
47:01e falei, caramba, amanhã eu vou enfrentar o Messi
47:03e ele falou assim pra mim, ó, você vai aonde ele for
47:05você não precisa se preocupar com o jogo, você vai
47:07aonde ele for, e eu falei, caramba
47:09como que vai ser essa situação, né, e aí
47:11no jogo foi o jeito feito
47:13o jogo terminou 2x1, né
47:15a gente fez uma boa partida, aquele jogo
47:17eu tinha 25, acho que
47:193 gols de falta, se não me engano
47:21e aí eu marquei o Messi, fui atrás dele
47:23o jogo inteiro, né, eu lembro que o Messi
47:25muito inteligente no primeiro tempo
47:27ele ia até o meio do campo pra ver se eu ia acompanhar ele
47:29pra abrir espaço na minhas costas aqui, eu ia
47:31porque o treinador falou, né, e teve uma hora
47:33que ele foi amarrado no meio do campo, eu fui atrás dele
47:35ele olha pra trás assim e faz
47:37uma cara, pô, até aqui ele tá vindo
47:39atrás de mim, e aí eu lembro que
47:41no intervalo do jogo o pessoal
47:43elogiando tudo pela partida
47:45a imprensa, ele fala comigo, e aí
47:47no segundo tempo ele pega uma bola no meio do campo me liberando
47:49todo mundo, o nosso zagueiro faz uma falta nele
47:51e ele vai lá e faz um gol de falta
47:53mas, assim, os elogios que eu tive
47:55naquele jogo foi
47:57muito legal, uma experiência muito bacana pra mim
47:59e que serviu de exemplo pra
48:01eu pudesse dar sequência na minha carreira
48:03contra qualquer outro atleta
48:05que eu sempre mentalizava assim, cara, eu joguei contra o Messi
48:07não vai ser um, qualquer outro
48:09atleta que vai me perturbar, né
48:11mas foi uma experiência muito boa
48:13E só pra aproveitar, foi
48:15o jogo mais especial
48:17que você teve no futebol europeu
48:19ou teve outro que te marcou mais?
48:21Ah, assim, de
48:23grandeza, assim, eu falo
48:25pra todo mundo, eu tive uma carreira muito
48:27muito satisfatória, sabe
48:29eu joguei nos melhores estádios, com os melhores
48:31times, com os melhores jogadores do mundo
48:33aí, mas assim, de grandeza
48:35talvez
48:37possa ter sido, mas eu tive, na
48:39França, eu tive alguns momentos
48:41especiais, sabe
48:43depois talvez a gente vá falar sobre isso, né
48:45mas eu jogava num time
48:47que era um time muito pequeno, assim, não sei nem como
48:49comparo aqui no
48:51Brasil hoje, inclusive o time que eu jogava
48:53ele entrou em falência, né
48:55já não existe mais
48:57mas a gente eliminou o Paris
48:59né, o Paris de Ibrahimovic, de Thiago Silva
49:01numa Copa da França
49:03no nosso estádio
49:05e eu fui pra final da Copa da França
49:07contra o Bordeaux
49:09lá no Stade de France, então talvez
49:11esse jogo no Stade de France, talvez
49:13seja o
49:15acho o meu momento mais especial
49:17vivendo na Europa, sabe
49:19foi uma final linda, assim, a gente
49:21perdeu por 3x2, um jogaço
49:23então talvez esse momento
49:25tenha sido o mais especial, mas você enfrentar
49:27grandes jogadores é sempre um motivo
49:29especial também, né
49:31Obertão, agora saindo um pouco do
49:33futebol europeu
49:35porque você teve toda essa passagem longa também pelo
49:37Dinamo, pelo futebol francês
49:39você volta pro Brasil pra jogar no
49:41Havaí, 2016 se eu não me engano
49:43você chega no Havaí, né
49:45e sai como um grande ídolo do clube
49:47se eu não me engano é o zagueiro com
49:49mais jogos, quase 300 jogos com a camisa do Havaí
49:51e sai como um ídolo do clube
49:53como foi essa passagem pelo
49:55clube do futebol catarinense
49:57e o encerramento também da sua carreira
49:59quando você decide pendurar chuteiras
50:01na verdade eu não saio
50:03da Europa pra jogar no Havaí, eu saio da Europa
50:05porque esse time eu tinha um contato de 3 anos
50:07e acaba falindo, né
50:09e acabou, todos os jogadores ficaram livres
50:11e aí essa é uma história
50:13bem bacana, né, porque eu sempre uso uma frase
50:15talvez vocês até escutaram falar que eu acho
50:17que rede social ela serve pra aproximar
50:19pessoas improváveis
50:21né, cada um usa a rede social da maneira que
50:23imagina, uns pra ofender
50:25outros pra expressar sua opinião
50:27mas eu acho que rede social ela aproxima
50:29pessoas improváveis, por isso que eu costumo responder
50:3199%
50:33das pessoas que me chamam
50:35mesmo quando é uma pessoa fazendo uma crítica, eu gosto de conversar
50:37e aí eu tô na minha casa
50:39né, em 2016
50:41até desfazendo
50:43arrumando as coisas, porque eu fiquei muito tempo na Europa
50:45aí eu volto pra casa arrumando as coisas
50:47aí eu recebo uma mensagem no meu Instagram
50:49de uma pessoa
50:51e falando assim, pô Betão
50:53você jogaria no Havaí?
50:55eu fiz assim a conversa, né
50:57ele falou, você jogaria no Havaí?
50:59eu olhei assim o Instagram, vi que a pessoa
51:01tinha uns 300 seguidores
51:03assim, eu falei, ah não deve ser
51:05ninguém, deve ser algum torcedor, eu falei
51:07eu jogaria cara, sem problema algum
51:09só que eu não acompanhava o Havaí, não tinha o costume
51:11de acompanhar o futebol
51:13catarinês, e aí
51:15deixei meu telefone e fui fazer minhas coisas
51:17aí daqui a pouquinho o cara
51:19manda mensagem de novo, sério mesmo, você jogaria
51:21no Havaí?
51:23eu falei, jogaria amigo, por que?
51:25ele falou, então peraí que eu vou falar com um amigo meu
51:27vou falar com um amigo meu, tá?
51:29aí eu falei, beleza
51:31eu comecei a ficar com aquilo na cabeça, você vai falar com um amigo
51:33dele, um cara que você olha assim
51:35o Instagram dele nada a ver
51:37aí daqui a pouco ele manda mensagem de novo
51:39ó, falei com o meu amigo, o meu amigo falou que
51:41topa que você vai
51:43pro Havaí, por ele não tem problema
51:45aí eu fiquei curioso
51:47eu falei, quem que é seu amigo, cara?
51:49que você tá falando aí?
51:51o Marquinhos, do M10, que o Marquinhos é o maior ídolo
51:53da história do clube, ele era jogador ainda
51:55e ele tem bastante
51:57influência interna no clube
51:59daí ele falou assim, ó
52:01faz o seguinte, ele pediu pra você passar
52:03o seu telefone que ele vai passar pro diretor
52:05o diretor vai te ligar, aí eu fiquei, ah, beleza
52:07mas ainda naquela, né, pô
52:09acho que não vai dar em nada isso
52:11cara, daí o diretor me chamou
52:13o time tava, eu comecei
52:15a observar a questão do Havaí, tava mal
52:17na tabela, tava em décimo
52:19tava um
52:21o primeiro fora da zona de embaixamento
52:23da série B
52:25e eu falei, cara, será que eu vou
52:27pro Havaí, cara? enfim
52:29o diretor me chamou, a gente resolveu, eu fui
52:31e aí quando eu chego no Havaí
52:33eu tava com
52:35trinta e
52:37trinta e três, ia fazer
52:39trinta e três, tava com trinta e dois
52:41e aí, você sabe como que é a mídia, né
52:43pô, o Betão veio da Europa, veio pra
52:45se encostar aqui em Floripa
52:47eu falei, ah não, Betão tá em final de carreira
52:49não vai dar em nada, ele veio aqui só pra roubar
52:51e tal, aquela coisa toda
52:53mas enfim, vamos resumir a história, daí
52:55quando eu chego no Havaí, meu primeiro
52:57jogo que eu vou no banco, porque eu chego naquela
52:59ela tinha jogo, é, Olimpíadas
53:01e aí teve aquela
53:03pausa, eu faço a pré-temporada
53:05e vou pro banco no primeiro jogo, porque o treinador
53:07falou assim, cara, não vou te colocar agora, acabou de chegar
53:09se você
53:11precisar, eu coloco você pra pegar ritmo, é o Silas
53:13o treinador, e aí aquele jogo
53:15tava um frio aqui em Floripa, mais um frio
53:17todo mundo de cobertura na perna
53:19e a gente perdeu de 3x0 no Bahia
53:21eu falei, que que eu vim fazer aqui, cara
53:23onde eu fui me meter
53:25aí tá bom, daí depois
53:27o próximo jogo era lá em
53:29no Maranhão, contra o Sampaio Correio
53:31a gente vai lá, a gente ganha
53:33e aí o pessoal falava que no
53:35time do Havaí era o pior time da história
53:37do clube e tal, e a partir daquele jogo
53:39a gente ficou nove jogos sem perder
53:41batemos vice-campeão
53:43da série B e tivemos o primeiro acesso
53:45e ali começou essa
53:47história minha, sabe, essa identificação
53:49com a cultura local, com o clube
53:51enfim, resumindo a história
53:53fiquei de
53:552016 até
53:572022, tive 3
53:59acessos pro Havaí, 2 títulos
54:01catarinense, fiz
54:03271 jogos
54:05fui o zagueiro que mais vestiu a camisa e o
54:07sexto jogador da história do clube
54:09que mais vestiu a camisa, então eu tenho
54:11muita identificação, o torcedor me respeita
54:13muito aqui na cidade, não só o torcedor do Havaí, mas
54:15tanto do rival, também
54:17do Figueirense, eu tenho um respeito bastante
54:19legal, e tanto que hoje eu moro há 9
54:21anos aqui em Florianópolis. Muito bacana
54:23muito bacana essa história mesmo
54:25felizmente a gente já tá chegando na reta final do nosso
54:27papo, mas dá tempo de o Guilherme Nápoles
54:29fazer mais uma pergunta também. Betão
54:31seu pós-futebol, você já trabalhou
54:33no Fortaleza na categoria de base, também
54:35teve uma passagem no Náutico e agora
54:37tá começando também na carreira de
54:39comentarista, queria que você falasse
54:41um pouco de como é essa nova função
54:43de comentarista pra você, e claro
54:45o que é mais fácil? Jogar,
54:47dirigir ou comentar?
54:49Olha, essa questão dos estudos
54:51eu comecei a estudar pro meu pós-carreira
54:53em 2014
54:55eu comecei a estudar em 2014
54:57e vou parar só em 2022, porque eu acho
54:59que a preparação do pós-carreira tem que ser
55:01bem antecipada, senão os jogadores
55:03sofrem muito com essa
55:05questão. Eu termino
55:07minha carreira no Havaí
55:09já assumo, apresento dois projetos
55:11com o presidente, eu assumo a coordenação
55:13da base do Havaí, fico por um ano e meio
55:15aí o Marcelo Paz, presidente do Fortaleza
55:17me liga
55:19pra me contratar pra ir pro Fortaleza
55:21só que o meu objetivo foi sempre trabalhar
55:23na gestão do futebol profissional
55:25eu tenho todos os cursos da Comibol
55:27CBF, Futehub,
55:29Futebol Interativo, todos esses cursos de gestão
55:31eu fiz, e aí
55:33eu chego no Fortaleza, fico
55:35seis meses no Fortaleza
55:37e o pessoal do Náutico me chama
55:39pra fazer a Série C, como diretor técnico
55:41do profissional. Eu aceito o desafio
55:43um desafio muito difícil
55:45porque politicamente os times do Nordeste
55:47a maioria é um ambiente bem
55:49difícil de você exercer
55:51o futebol de uma maneira
55:53profissionalizada
55:55alguns clubes que viraram a chave
55:57conseguiram realizar esse trabalho
55:59mas enfim
56:01nós ficamos a um ponto de conseguir a classificação
56:03pra segunda fase da Série C
56:05e o presidente acabou liberando toda
56:07a
56:09diretoria remunerada. Tô em casa
56:11esperando o movimento do mercado, recebo o convite
56:13pra fazer
56:15os comentários do Campeonato Brasileiro
56:17pra ser embaixador do Corinthians no Paulistão
56:19Fiquei relutante
56:21sempre gostei de comunicação
56:23mas fiquei relutante, comecei com a minha esposa
56:25pra avô. Cara
56:27foi uma experiência sensacional
56:29uma experiência muito boa
56:31tá vivenciando
56:33esse lado dos bastidores
56:35eu acredito que pra nós que fomos jogadores
56:37é um pouco
56:39mais fácil porque você vivenciou
56:41você sabe mais ou menos
56:43a intenção das coisas
56:45que acontecem em campo enquanto uma pessoa que não
56:47jogou não tem essa leitura
56:49e eu gostei muito de fazer
56:51e eu sempre levei comigo por ter vivido também
56:53como jogador e ter escutado muitos comentários
56:55que eu acho que assim
56:57não é preciso ofender pra criticar
56:59não é preciso
57:01você ficar
57:03penegrindo
57:05pra fazer um comentário
57:07então eu tomei muitos cuidados
57:09pra fazer os comentários
57:11tô curtindo, vai ter novidade aí
57:13em breve
57:15com relação a isso
57:17outras oportunidades estão surgindo
57:19mas eu tô gostando muito
57:21gostando muito desse lado de cá
57:23de analisar
57:25a questão de análise tática
57:27análise de trabalho
57:29de comportamento dos atletas
57:31dos treinadores
57:33mas é uma sensação muito bacana
57:35é óbvio que comentar é o mais clássico
57:37dos três
57:39comentar é o mais clássico
57:41nesse sentido de você não ter a responsabilidade
57:43do projeto
57:45mas é claro que é uma responsabilidade muito grande
57:47porque a gente acaba sendo formadores de opinião
57:49então qualquer opinião que você dá
57:51que você não pensa, que você não analisa
57:53você pode estar prejudicando outras pessoas
57:55e com certeza terá muito sucesso
57:57no restante da Caeira, seja como comentarista
57:59como gestor também, você já falou
58:01tem novidade vindo por aí
58:03você produz muito conteúdo legal pras redes sociais
58:05também e com certeza ainda
58:07terá muito mais sucesso
58:09Betão, muito legal essa conversa com você
58:11muito legal ouvir suas histórias
58:13e muito obrigado por ter separado
58:15um tempinho pra conversar aqui com a gente
58:17no Bastidores da Bola, foi um episódio muito especial
58:19eu que agradeço
58:21é sempre um prazer falar com vocês
58:23é sempre um prazer contar um pouco das histórias
58:25e obrigado pelo convite
58:27e a todos também que estão nos ouvindo aí
58:29um abraço pra vocês
58:31Valeu Betão, foi o convidado do Bastidores da Bola
58:33dessa semana, agradeço a Giovanni Chacon
58:35Raimonteiro, Guilherme Nápoles
58:37mais uma vez claro ao Betão
58:39e convido você a ficar com a gente
58:41porque na próxima semana tem mais
58:43Bastidores da Bola, tem mais
58:45conversas especiais com esses grandes personagens
58:47do esporte, seja do futebol
58:49ou não, então fique ligado
58:51e também muito mais programação ao longo desse final de semana
58:53aqui na Jovem Pan
58:55porque tem muito esporte, muito futebol rolando
58:57um abraço, fica aí com a gente
58:59e a gente volta na semana que vem, tchau tchau
59:09Bastidores da Bola
59:13A opinião dos nossos
59:15comentaristas não reflete
59:17necessariamente a opinião do grupo
59:19Jovem Pan de comunicação
59:25Realização Jovem Pan News