Em entrevista exclusiva ao Times Brasil - Licenciado Exclusivo CNBC, o presidente da COP30, André Corrêa do Lago, falou à analista Julia Lindner sobre os desafios para tornar a conferência em Belém um marco prático e financeiro no combate à mudança climática. Em pauta: o papel da iniciativa privada, os entraves dos países desenvolvidos e a meta de US$ 1,3 trilhão anuais até 2035.
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NotíciasTranscrição
00:00E a COP30 que vai acontecer em novembro em Belém do Pará já é assunto, né?
00:04Discussões estão acontecendo mundo afora na grande expectativa por esse grande evento.
00:09A analista Júlia Linton está em Brasília, conversa com o presidente da COP, André Correia do Lago.
00:15Olá, Júlia. Olá, André. Boa tarde para vocês. Bem-vindo ao Money Times.
00:21Bom, vou começar com uma primeira pergunta antes de passar a palavra para a Júlia. Tudo bem, Júlia?
00:26André, vamos lá, né? COP30, a expectativa é grande, a gente já tem visto muitas discussões, muitos grupos de trabalho.
00:35O que a gente pode esperar de medidas e de atuação?
00:39Como fazer com que discussões num evento do porte da COP30 vão para o além do teórico, né?
00:47E de fato aconteçam e se tornem medidas práticas?
00:51Pois é, esse é o grande desafio da COP.
00:56Você sabe que todo ano a COP é a maior reunião internacional política, né?
01:04E ela reúne mais de 195 países que têm que tomar decisões sobre a evolução do regime da mudança do clima.
01:16Mas, como você disse, o mais importante não é só você ter o documento, é você realmente, a partir desses documentos,
01:25fazer a diferença para que a mudança do clima não continue no nível que está acontecendo
01:33e de que maneira nós podemos também diminuir os impactos.
01:37É o que a gente chama de um lado mitigação, né?
01:40Que é diminuir as emissões do mundo para não provocar ainda mais mudanças do clima.
01:46E adaptação, que é o que a gente pode fazer hoje para impedir que aconteça um desastre, por exemplo, como o de Porto Alegre.
01:54Embaixador, boa tarde para o senhor, boa tarde a todos que nos acompanham também.
02:01Eu queria emendar nessa pergunta uma questão que tem dominado os debates sobre a COP30
02:05e também já vem de COPs anteriores também, que é a questão do financiamento, que é um grande desafio.
02:11A gente vê que também o cenário global também é muito desafiador.
02:14Os Estados Unidos anunciaram a saída do Acordo de Paris.
02:17Como é que o senhor vê a viabilidade de aumentar o financiamento, especialmente pensando nos países desenvolvidos
02:23realmente poderem contribuir para que os países em desenvolvimento também possam seguir com ações de financiamento climático?
02:31Enfim, como é que o senhor vê esse cenário atual?
02:32Pois é, a questão do financiamento é complicada desde o início da convenção.
02:37Para vocês terem ideia, a Convenção do Clima foi negociada e assinada no Rio de Janeiro em 1992
02:43e a questão do financiamento é o que ficou pendente já em 1992.
02:48Há enorme dificuldade dos países desenvolvidos de cumprirem com as necessidades de recursos
02:56que os países em desenvolvimento precisam para poderem se desenvolver de maneira mais rápida,
03:03levando em conta os impactos da mudança do clima.
03:07Então, esse é realmente um tema absolutamente central.
03:11E as quantias que hoje estão indicadas são quantias, às vezes, que até assustam.
03:17Quer dizer, a ideia que a gente vai ter que apresentar na COP30
03:20é como é que nós vamos conseguir obter, até 2035, 1,3 trilhão de dólares por ano
03:29para cumprir com o que vai ser necessário para a gente combater mudança do clima.
03:34Obviamente, esse dinheiro vai ter que vir de várias fontes e há muitas pessoas que acham
03:41que esse dinheiro vai vir de recursos públicos dos países ricos, mas os países ricos já
03:47demonstraram nos últimos mais de 30 anos que não cumprem com aquilo que é necessário.
03:54Portanto, nós temos que analisar muitas mais fontes de recursos financeiros para poder conseguir
04:02aquilo que vai ser necessário para o crescimento que leva em consideração a mudança do clima.
04:09E pensando nesse cenário dos Estados Unidos fora, o senhor acha que pode haver uma saída também
04:14de outros países? E falando também no montante que o senhor citou, 1,3 trilhão parece um cenário
04:20talvez distante? É possível ter talvez um meio termo nisso até chegar realmente no montante ideal?
04:26Olha, o que foi acordado em Baku foi 300 bilhões por ano.
04:34E já esse valor já não está sendo atingido.
04:39Você lembra que há anos atrás, em Copenhague, houve uma decisão de 100 bilhões de dólares
04:46por ano a partir de 2020. E entre 2020 e 2025, esses 100 bilhões deveriam ter aparecido.
04:54E não apareceram, em grande parte também, porque muitos dos países mais envolvidos estão
05:02com enormes desafios orçamentários, estão com enormes desafios também, como agora, por exemplo,
05:08a questão da guerra da Ucrânia, por exemplo, que leva a que vários países queiram outras,
05:16tenham outras prioridades naquilo que eles estão investindo.
05:20Mas o que é muito importante é a gente lembrar que a mudança do clima está acontecendo,
05:24que a gente cuide disso, que a gente pense que a gente tem que gastar em outras coisas.
05:29Então, não é possível você colocar no mesmo nível ou eu faço isso ou eu combato a mudança do clima.
05:36O combate à mudança do clima é tão necessário que ele tem que ser um tema à parte.
05:41E a forma mais lógica disso poder acontecer é o que a gente chama de integrar o combate à mudança do clima
05:51na economia de um modo geral e no financiamento de um modo geral.
05:56Ou seja, é muito difícil você achar que você vai conseguir esses valores de forma isolada
06:01para casos específicos relacionados ao clima.
06:05E aí o senhor tem frisado muito, não seria só uma questão dos governos,
06:08seria também uma questão da iniciativa privada de realmente fazer uma mobilização
06:11pensando em diferentes segmentos para trazer, atrair para isso.
06:16É, porque o que é interessante é o seguinte, nós temos hoje um exemplo muito importante que é o da China.
06:21A China decidiu investir maciçamente em certos caminhos de combate à mudança do clima,
06:30que seja energia solar, energia eólica, os automóveis elétricos.
06:34E a China, hoje, os economistas avaliam que uma porcentagem elevada do crescimento da China
06:43se deve a esses investimentos nessas áreas.
06:46Portanto, investir em projetos que combatem a mudança do clima são um bom negócio.
06:53E isso é uma das coisas que nós temos que mostrar na COP30.
06:56Ou seja, há muitas soluções, há muitos exemplos, há muitas experiências,
07:01há muitas políticas que já demonstraram que obtêm recursos privados
07:06e que conseguem, ao mesmo tempo, acelerar o combate à mudança do clima.
07:12E uma outra dúvida é porque o Brasil esse ano também preside os BRICS,
07:16vai sediar também a reunião do BRICS de cúpula na metade do ano.
07:19Existe uma perspectiva disso também contribuir para tentar utilizar a reunião de cúpula
07:25para também atrair esses investimentos de outros países,
07:28tentar realmente trazer um reforço adicional para a COP30 também?
07:32Certamente.
07:33Eu acho que há uma coerência muito clara no que o Brasil procurou fazer
07:38desde a reunião dos países amazônicos em Belém, em 2023,
07:43no primeiro ano desse governo do presidente Lula,
07:47quando se reuniram sete países, além do Brasil, da região amazônica,
07:55e que se seguiu no G20, que agora está acontecendo no BRICS,
07:59e que vai vir para a COP30.
08:01Ou seja, há uma grande coerência no esforço de que a gente está construindo
08:05uma nova maneira de ver como os países do sul global
08:10podem ganhar com essa agenda de combate ao mudoso clima.
08:16Ou seja, há uma grande oportunidade.
08:18E nós estamos convencidos que o Brasil é certamente o país que mais pode ganhar
08:23com o seu envolvimento muito profundo nos esforços de combate ao mudoso clima.
08:30E pensando também ainda nessa discussão que ganhou muita força esse ano
08:35do Acordo de Paris, o senhor vê também uma necessidade de uma rediscussão do acordo
08:40ou mesmo da forma como tudo tem sido conduzido em relação às mudanças climáticas?
08:45Olha, não, porque a negociação de Paris, a negociação da mudança do clima,
08:52no fundo, tem um poder muito grande porque tudo é decidido por consenso.
08:56Então, você tem todos os países do mundo que concordam com o que foi assinado.
09:01Então, essa força a gente não pode perder.
09:04Você reavaliar isso, você estaria provavelmente indo para um retrocesso.
09:11Então, o que já foi assinado, o que já foi negociado,
09:14já é um grande acúmulo de coisas muito positivas
09:19e que já mostram a direção que a economia deve tomar.
09:22Onde está, digamos, o desafio é na execução daquilo que foi acordado.
09:30Então, por exemplo, nós concordamos, todos os países do mundo concordaram
09:33há dois anos atrás, de que nós vamos transitar para o fim dos combustíveis fósseis.
09:41Nós concordamos que todos os países vão conseguir acabar com o desmatamento até 2030.
09:47Nós concordamos que o mundo vai triplicar a quantidade de energia renovável
09:56ou vai duplicar a eficiência energética.
09:59Tudo isso já está acordado, tudo isso daí já é um acordo internacional.
10:03Agora, nós temos é que fazer isso.
10:06Para fazer isso, evidentemente, precisa de recursos.
10:08Mas se toda a economia mundial está voltada nesse sentido,
10:13tudo isso pode se transformar em oportunidades de desenvolvimento para os países.
10:17E uma outra dúvida que eu tenho é sobre a questão do Brasil.
10:21Claro que o senhor está como presidente da COP, mas o Brasil cedia
10:24e também tem algumas discussões paralelas acontecendo,
10:27como, por exemplo, a questão da liberação para a exploração de petróleo na margem equatorial,
10:31que por alguns, especialmente ambientalistas, poderia ser uma contradição,
10:36considerando que a COP30 vai acontecer no país.
10:38Como é que o senhor vê essa discussão?
10:39Tanto no Brasil em relação a essa exploração de petróleo, possivelmente,
10:44e também no mundo como um todo, essa transição para a transição energética?
10:49Eu acho que é muito importante que essas negociações provoquem os debates internos dos países
10:56sobre qual vai ser o modelo de transição de cada país.
11:00Porque o que o acordo determina é que nós vamos fazer isso,
11:03mas o acordo não determina como nós vamos fazer isso.
11:06Ou seja, cada país vai fazer à sua maneira e de forma integrada com o seu desenvolvimento.
11:14Então, esse desafio é que permite também que cada país apresente a sua própria solução.
11:20Então, nenhuma economia hoje está estruturada de forma completa para o combate ao mudança do clima.
11:30Todas as economias têm alguns setores que ainda acompanham formas menos contemporâneas de desenvolver a sua economia.
11:40Tem alguns países que têm mais possibilidades numa área do que na outra.
11:44Mas, no caso do Brasil, nós temos oportunidades incríveis.
11:48Ou seja, nós somos, ao mesmo tempo, um país que se tornou um importante produtor de petróleo,
11:53mas nós também somos campeões de renováveis.
11:56Nós somos um país que tem uma das maiores agriculturas do mundo
11:59e que também já desenvolveu técnicas de agricultura
12:02que só estão sendo adotadas agora em países desenvolvidos.
12:07Então, várias soluções vêm de países diferentes.
12:11E as soluções brasileiras têm sido particularmente atraentes para outros países em desenvolvimento,
12:16mas também para vários países envolvidos.
12:19Então, a COP30 também vai ser uma oportunidade do Brasil mostrar caminhos que ele traçou,
12:25não que nós achemos que os outros devam nos seguir,
12:28mas sim nós apresentando soluções que funcionaram para o Brasil
12:34ou que funcionaram até para certas regiões do Brasil.
12:36O Brasil é tão diverso que a resposta para o combate ao mudança do clima no Acre
12:41pode ser completamente diferente da do Ceará ou do Rio Grande do Sul.
12:45Mas o fato é que as experiências brasileiras têm provocado um enorme interesse internacional.
12:51A Natália Ariede, no estúdio, quer fazer uma pergunta também para o senhor.
12:55Isso mesmo. Obrigada, viu, Júlia.
12:57Embaixadora, aproveitando sua presença,
12:59eu queria pedir para a gente não deixar ninguém de fora dessa conversa,
13:03incluir nossa audiência toda, deixar todo mundo na mesma página.
13:06Quais são as principais metas práticas que a COP30, então,
13:09quer alcançar nessa edição, em que ela deve se diferenciar das edições anteriores
13:15e por que as discussões dali têm a ver com a vida de todo mundo?
13:21Olha, isso é uma ótima pergunta.
13:23Eu adoraria responder para você de maneira muito precisa e muito objetiva.
13:28Mas nós estamos construindo a COP30.
13:30Esses meses pela frente e as discussões que a gente está tendo com vários países
13:34é que vão nos indicar o que vai ser possível obter na COP30.
13:40Mas uma coisa, muito na direção do que você está dizendo,
13:43é um dos nossos principais objetivos.
13:45É conseguir traduzir para o público em geral
13:49o quanto essas negociações podem fazer para melhorar a economia
13:54e para melhorar a vida das pessoas.
13:56Isso nós esperamos, depois da COP30, vai ficar muito mais claro
14:01e a gente precisa do apoio das pessoas para que essas políticas possam progredir,
14:05para que os governos possam ir em direções que realmente sejam mais efetivas
14:10no combate ao mudança do clima.
14:12Então, se o público não se envolver, se o público não apoiar
14:17e se as iniciativas que já existem não forem convincentes,
14:23nós não vamos conseguir fazer o combate ao mudança do clima com a eficiência necessária.
14:28Por isso que nós lançamos, inclusive no mês passado,
14:32a ideia do mutirão global, em que o mundo inteiro está contribuindo com ideias,
14:37com soluções, com iniciativas que mostram que dá para combater a mudança do clima
14:42seguindo uma lógica economicamente viável, socialmente adequada
14:49e, evidentemente, ambientalmente positiva.
14:52Esse mutirão está pegando, as pessoas têm uma grande dificuldade de pronunciar mutirão,
14:57mutiral, etc., mas a verdade é que a ideia do mutirão,
15:02que é uma palavra que vem do tupi-guarani e que todo brasileiro sabe qual é o sentido,
15:07agora o resto do mundo está começando a saber e aí é isso,
15:10tem que juntar todo mundo, mostrar o quanto cada um pode fazer individualmente,
15:16cada um fazendo aquilo que sabe fazer
15:18e o quanto nós podemos mostrar que esse caminho é um caminho que é economicamente viável
15:24e que vai melhorar a vida das pessoas e a economia dos países.
15:29Embaixador, muito obrigada pela entrevista, muito obrigada também, Nath, pelo espaço no jornal.
15:34A gente que agradece, então, um abraço.
15:37Obrigada, embaixador André Corrêa do Lago,
15:39presidente da Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima.
15:42Muito obrigada, Júlia, pela condução da entrevista.
15:44Boa tarde para vocês.