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O presidente da Argentina, Javier Milei, endureceu as regras de imigração. O decreto afeta principalmente estrangeiros que residem no país, que agora poderão ter que pagar pelos serviços do sistema de saúde público e pelas universidades. O correspondente internacional Luca Bassani traz os detalhes do assunto.

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Transcrição
00:00Vamos agora a uma rápida pausa para o cenário internacional, coisas que estão acontecendo no mundo também.
00:05Vamos aí porque o presidente da Argentina, Javier Milley, endureceu as regras de imigração.
00:14Vamos conversar com o Luca Bassani, que tem mais informações.
00:18Meu querido Luca Bassani, antes do Milley, a Argentina estava numa tanga desgraçada.
00:25Estão querendo sair de lá.
00:27Agora ele está endurecendo regras de imigração.
00:29Quer dizer que o pessoal está querendo mudar para lá de novo?
00:31Melhorou assim a situação lá na Argentina?
00:44Bom, o sinal está ruim.
00:45Eu fiquei olhando para o Luca.
00:47Lá provavelmente ele deve estar em Munique, onde são 20 horas e 33 minutos.
00:51Eu vou, enquanto ele não vem, eu vou aqui com a professora.
00:54Estou com uma economista na mesa.
00:56Quero comentar isso aqui com a professora Carla Bene.
00:58Quer dizer, o Milley está endurecendo regras para a imigração.
01:02Isso, para mim, eu faço uma leitura.
01:04Uma leitura à distância.
01:06Quer dizer, então, que a situação econômica na Argentina está melhorando.
01:10As pessoas estão querendo se mudar para lá.
01:13A economia está crescendo.
01:14Se estivesse em recessão, não ia ter imigração.
01:17E o Milley está segurando isso para preservar o emprego para os argentinos.
01:20Está correta esta avaliação, professora da FGV e economista Carla Bene?
01:26Não, não está muito correta.
01:30Bom, primeiro que eu precisaria olhar um pouco o contexto como um todo.
01:35Mas a Argentina, ela buscou trazer uma grande parte, principalmente para a parte de educação.
01:43Então, é muito comum você, talvez, conhecer alguém que vai fazer faculdade de medicina na Argentina.
01:51Porque você não tem o mesmo critério de seleção no Brasil, com vestibular e tudo.
01:55E as faculdades de medicina são muito boas lá também, inclusive.
01:59Então, você tem há muito tempo, você tem uma entrada de imigração lá, principalmente para o setor de educação.
02:06Então, talvez, aqui, não sei, você quer ver agora? Ele vai voltar?
02:10É, então, olha aí.
02:11Então, o cara, primeiro, mas você já deu uma análise.
02:15Você, professora de economia e economista do Conselho Regional de Economia, já falou.
02:19A situação também não está lá, essas coisas.
02:21Mas, como você pediu mais informações, nós já temos o Luca Bassani.
02:26Luca Bassani, você está aí comigo, são 20 horas e...
02:29Agora sim.
02:30São 20 horas e 35 minutos na sua mansão em Munique.
02:33Estou vendo aqui o belo jardim que você se encontra.
02:36A pergunta é, a situação lá ficou tão boa que está tendo que segurar o pessoal que vai querer entrar?
02:43Um dia chegaremos na mansão, Capês.
02:45Mas, respondendo a sua pergunta, o Javier Milei, ele segue uma linha que muitos líderes da direita têm seguido,
02:53não só na América Latina, mas também, a exemplo, dos Estados Unidos e da Europa.
02:57O presidente disse que a Argentina, ao longo da sua história, sempre foi aberto a todos os imigrantes,
03:02a todos aqueles que querem contribuir para a sociedade, mas que agora ele percebe que muitos destes imigrantes
03:09ou residentes temporários estariam se utilizando dos benefícios sociais pagos pelos argentinos.
03:16Inclusive, eu preparei aqui uma lista das coisas que mudarão de acordo com aquilo que ele determinou
03:21com essas regras mais rígidas de imigração.
03:23Primeiramente, que nenhum estrangeiro condenado vai poder entrar no país, uma prática que é comum
03:27entre diversas nações que querem evitar o cometimento de crimes dentro das suas fronteiras.
03:32Também disse que será exigido o pagamento pelos serviços de saúde dos residentes transitórios,
03:37temporários e irregulares, além de ser obrigatório a todos os turistas terem uma espécie de seguro de saúde
03:44ao entrar na Argentina. Ou seja, ele não quer que as pessoas que não sejam argentinos
03:49e não contribuem com o sistema tributário local possam utilizar do sistema único de saúde argentino,
03:55algo que representou um prejuízo, segundo ele, de 57 milhões de reais no ano passado.
04:01Também ele disse que todas as universidades nacionais estão autorizadas a estabelecer uma cobrança
04:06para os cursos universitários, falando exatamente neste mesmo aspecto que a professora Carla Beni estava mencionando.
04:13Muitos brasileiros buscam universidades de medicina e outras áreas na Argentina
04:18por ter taxas menores, ser mais fácil de entrar e ao mesmo tempo ter uma boa qualidade,
04:24algo que agora será dificultado.
04:27E por último, ele disse que a cidadania só vai ser concedida àqueles que residirem de forma contínua
04:32por dois anos no país e para que essa residência permanente ou até mesmo a cidadania sejam concedidas,
04:38será necessário comprovar meios de subsistência suficientes até que isso aconteça.
04:45A gente vê que é uma grande reforma que, aos olhos de muitos europeus, parece ser algo comum,
04:50porque na Europa muitas dessas práticas já foram introduzidas, nos Estados Unidos também,
04:54mas que acaba criando alguns entraves, principalmente aos brasileiros.
04:59São cerca de 90 mil brasileiros que vivem na Argentina, muitos dos quais também estudam,
05:04também trabalham e não necessariamente são argentinos por cidadania e podem ser afetados
05:09nestas novas regras colocadas agora pelo governo de Javier Milley.
05:14Muitos, inclusive, comentam que desde que Milley chegou ao poder,
05:17a mudança das questões monetárias no país encareceu o custo de vida, encareceu os aluguéis
05:24e muitos desistiram de permanecer no país vizinho, retornando ao Brasil para uma vida mais barata,
05:30comparando com o que era em outros governos, mas nós sabemos que a prioridade de todos os países
05:36deve ser principalmente a sua economia, inicialmente os seus cidadãos,
05:40e a Argentina vivia um tempo de extrema inflação e com grandes problemas também
05:45para controlar o câmbio na Argentina.
05:49Esses dois câmbios que eram praticados eram algo realmente muito difícil de se entender
05:54e desde que Milley assumiu, essas mudanças foram feitas a ponto de também encarecer a vida na Argentina,
06:01mas agora com uma inflação consideravelmente menor.
06:05Luca, você bem colocou no início da sua fala uma prática de governos de direita.
06:12Essa prática do Javier Milley de proteger a economia do país e os interesses nacionais,
06:19ela está mais ajustada e em sintonia com a prática proposta por Donald Trump nos Estados Unidos,
06:27Make America Great Again.
06:29Ou seja, esses regimes que são mais conservadores, mais à direita,
06:35eles tendem a se fechar mais nacionalmente
06:38e os governos de esquerda tendem a ser mais globalistas, mais lenientes com esta imigração.
06:44Poderíamos fazer então um paralelo do Javier Milley, que é mais alinhado com o Donald Trump,
06:51o Brasil, o presidente Lula, que era mais alinhado com o Joe Biden,
06:56que era de esquerda, abriu as fronteiras do Arizona, Novo México
06:58e realmente criou a maior crise econômica nos Estados Unidos.
07:02Eu pergunto a você, isso pode ser um reflexo, a postura do Javier Milley pode ser um reflexo
07:09em que ele quer mostrar a absoluta sintonia com os Estados Unidos e Donald Trump
07:14e com isso obter alguns benefícios?
07:17Eu vi Trump elogiar Milley e criticar Lula.
07:22Essa pode ser uma linha do Lula se afastar do Donald Trump caminhando à China e Rússia
07:26e o Javier Milley se aproximar?
07:29Pode ser interpretado como uma prática de simetria?
07:31Com certeza, Capês.
07:34A gente vê que durante os últimos meses muito disso tem se transformado
07:39em um movimento político em torno do mundo.
07:41Os Estados Unidos, por mais que agora seja questionado pela China, pela Rússia,
07:46no seu poderio, na sua hegemonia internacional,
07:49muitas das práticas adotadas pelos norte-americanos acabam por ser legitimadas
07:54a serem praticadas em outras partes do mundo.
07:56Então a questão migratória, que sempre era muito polêmica dentro da Europa
07:59depois que o presidente Donald Trump assumiu e adotou determinadas políticas
08:04aqui na Europa, também tem se adotado nessa mesma linha
08:07em restringir o acesso às fronteiras europeias por imigrantes ilegais
08:12ou pessoas que usurpam muitas vezes o sistema de asilo político,
08:16de refugiados, que é legítimo, mas que acabou perdendo o controle
08:20por pessoas que não mereceriam utilizar desses mesmos benefícios.
08:25Na América do Sul isso não é diferente.
08:27Nós vemos que há um alinhamento do presidente Javier Milley com Donald Trump,
08:31com Elon Musk, que também faz parte do governo dos Estados Unidos
08:34e que já visitou os Estados Unidos em duas ocasiões.
08:37Então tem um alinhamento automático de Javier Milley com os Estados Unidos,
08:41enquanto que o presidente Lula, por mais que diga estar defendendo a neutralidade brasileira,
08:47com as suas viagens recentes deixou bastante claro que o apoio brasileiro,
08:51que é o caminho que o Brasil pretende seguir,
08:54é muito mais próximo à China e à Rússia do que aos Estados Unidos.
08:58Eu acredito particularmente que o Brasil, sendo um país que prezou pela neutralidade,
09:02com uma boa diplomacia e dependendo de ambos os mercados,
09:06deveria tomar uma postura um pouco mais neutra.
09:09Exatamente como eles pregam, falando tanto com os americanos,
09:13quanto com os russos e chineses, com os países árabes, os países europeus,
09:16temos que negociar com todos, conversar com todos,
09:19mas lembrar que somos uma democracia liberal,
09:23antes de tudo, e obviamente o apoio a autocracias,
09:26os sistemas autoritários, os países ditatoriais,
09:29pode muitas vezes representar uma hipocrisia,
09:31uma contradição com aquilo que determina a nossa Constituição cidadã de 1988
09:37e aquilo que os governos legitimamente eleitos,
09:40desde então, deveriam prezar.
09:41É algo complexo e que vai também ditar a campanha eleitoral do ano que vem do Brasil, acredito eu.
09:48Mas para isso, o pressuposto seria uma diplomacia equilibrada,
09:54que é o que não se vê no confronto Rússia-Ucrânia,
09:57que é o que não se vê no Oriente Médio,
09:59que é o que não está se vendo e é perigoso na relação Brasil-Estados Unidos
10:03com o presidente Lula, criticando abertamente Donald Trump,
10:06o que no mínimo é imprudente.
10:09Mas nós temos aqui, o Lucas, nós temos uma economista do Conselho Regional de Economia,
10:14que é a Carla Beni,
10:15ela quer fazer uma consideração para que você depois faça o comentário,
10:19porque o nosso telespectador, quando olha essas notícias,
10:22fala, espera um pouquinho, isso aí vai doer no meu bolso?
10:25Como é que vai acontecer?
10:26Como é que vai ficar a situação da Argentina,
10:28privilegiada perante os Estados Unidos em relação ao Brasil?
10:31Vai ficar mais caro aqui?
10:32Então vamos ver as considerações da economista Carla Beni.
10:36Oi, Lucas, tudo bem?
10:37Eu queria só fazer uma consideração e até ver com você um complemento a esse respeito,
10:43porque o déficit na área de saúde na Argentina,
10:47esse é um déficit decorrente do próprio empobrecimento da população.
10:53Então você tem uma quantidade maior de pessoas desempregadas,
10:58você tem empresas que fecharam,
11:00então as pessoas passam a precisar mais do Sistema Único de Saúde.
11:03Então, partindo desse pressuposto, tanto que você aumentou a fome,
11:07aumentou a questão da pobreza infantil na Argentina de uma forma muito grande.
11:12Então é por isso que você migra para o sistema de saúde e acaba gerando um déficit maior.
11:18Então quando você pega isso e amarra, por exemplo, com relação às universidades e tudo,
11:23se você observar, eu não tenho visto nos meus dados,
11:25queria até ver se você tem alguma coisa a esse respeito.
11:27Não é um problema de falta de vagas, digamos assim, para as universidades públicas.
11:34Não é que o estrangeiro estaria tomando a vaga do argentino na universidade, por exemplo.
11:42Não.
11:43É um movimento que você faz político à direita,
11:48para o lado, digamos, do Trump, como o Capês acabou de falar,
11:52mas a raiz do problema é o empobrecimento, é o fechamento de empresa,
11:55mas é por isso que você tem necessidade de uso, digamos assim, da saúde pública argentina.
12:02Boa tarde, professora.
12:04Realmente concordo com tudo que a senhora levantou,
12:07porque de fato a Argentina tem conseguido contornar a inflação,
12:10tem conseguido adquirir mais reservas,
12:14conseguir estocar mais reservas, ao contrário do grande déficit que tinha,
12:18também através de um grande custo social.
12:21Nós sabemos que o empobrecimento na Argentina tem acontecido
12:24e que grande parte das pessoas que dependiam desse estado de bem-estar social,
12:28agora cada vez mais tem aumentado por conta de certas políticas de austeridade
12:33propostas por Milley, que por um lado são necessárias,
12:36mas por outro lado também são cruéis com aqueles que mais precisam.
12:39E a gente vê que esse déficit, ele é explicado por isso.
12:42Os dados que a senhora cita são extremamente corretos.
12:45Em relação às universidades, eu acredito que não tem a ver com uma questão de vagas,
12:49mas uma questão de contribuição, ou seja, o pagamento de certos tributos
12:54ou de certas mensalidades por aqueles que não pagam impostos na Argentina,
12:58para que também o estado possa enriquecer através disso
13:02e utilizar esse dinheiro também para pagar as universidades públicas.
13:06Essa é uma prática também utilizada aqui na Europa.
13:08Temos, no caso da Alemanha, em questão, o país também onde eu estudei,
13:12as universidades são gratuitas.
13:14E isso sempre foi para todos os cidadãos, independentemente da sua nacionalidade.
13:19Se eles estão aqui legalmente, podem estudar gratuitamente.
13:23Porém, alguns estados dentro da federação alemã
13:26escolheram cobrar taxas para aqueles que não são cidadãos
13:30e, portanto, não têm pais, não têm contribuição direta dos seus familiares
13:33ao sistema de impostos.
13:35Acredito que na Argentina seja por esse mesmo caminho,
13:37fazer com que aqueles que queiram utilizar das universidades públicas argentinas,
13:41pagas pelo dinheiro do contribuinte argentino,
13:44agora também possam contribuir em relação a isso.
13:47E nós sabemos que isso afetará, sobretudo, os brasileiros,
13:50que, como a senhora bem disse, também são aqueles que procuram
13:53as universidades argentinas para estudar por conta dessa defasagem no Brasil.
13:58Seja, às vezes, pela falta de qualidade, seja também pela grande competitividade.
14:02A relação candidato-vaga para os cursos de medicina,
14:05elas são extremamente altas e essa dificuldade de muitos serem aceitos no Brasil,
14:10procuram no país vizinho uma alternativa.
14:13Eu acho que isso vai afetar, sim, milhares de brasileiros que fizeram esse caminho
14:17ou que pretendem fazer esse caminho e agora vão ter que repensar o que fazer no futuro.
14:23A gente ainda não sabe se quem está estudando vai ter o curso interrompido
14:26e ter que sair, isso vai poder concluir o curso.
14:29Luca Bassani, observo que o sol começou a se pôr na Bela Munique.
14:32Então, muito obrigado pela sua participação.

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