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TecnologiaTranscrição
00:00Vamos falar sobre a espaçonave Cosmos 482.
00:04Eu confesso que eu fiquei tentando acompanhar para saber,
00:07ela passando ali em cima do Brasil, indo para o oceano, voltando, enfim.
00:11E, finalmente, ela caiu, sim, no oceano.
00:15A pergunta é, há registros da queda da espaçonave que possam ser estudados?
00:21Como que funciona isso, Zurita?
00:23Pois é, a gente teve a sorte de poder acompanhar isso em tempo real,
00:31através dos sites de rastreamento.
00:36Mas, infelizmente, ao que tudo indica, a reentrada ocorreu sobre o Oceano Índico
00:40e no momento em que era dia por lá.
00:43E um dia, para a maioria daquela região, bastante nebuloso.
00:47Então, a gente não tem nenhum registro, pelo menos não que a gente tenha tido acesso,
00:52nenhum registro divulgado de imagens que possam ser dessa reentrada.
00:59E aí, nos restou a esperança de que pudesse ter sido detectado por algum satélite.
01:05E é curioso isso, Marisa, porque a gente fica acompanhando esses satélites
01:09apenas pelas observações visuais que são feitas a partir do solo.
01:14Então, ele passou, por exemplo, lá na estação de medição da Alemanha
01:20às 6h e 4h da manhã, no horário universal, 3h e 4h pelo horário de Brasília,
01:27e depois não foi mais detectado.
01:29Então, houve a ideia de que ele reentrou depois desse momento.
01:33Só que ainda existem outras formas de detectar essa reentrada,
01:43que são os satélites que detêm radares, que detectam assinaturas de calor.
01:50Eles são feitos especificamente para detectar se tem algum míssil sendo lançado na sua direção.
01:54Então, você vai imaginar que as grandes potências, os Estados Unidos, a Rússia, a China,
02:00devem ter desses satélites secretos que detectam essa assinatura de calor.
02:05Mas não houve divulgação do comando estratégico dos Estados Unidos,
02:12que normalmente divulga a detecção da reentrada de um objeto espacial.
02:18E a única notícia que a gente teve desses grandes centros foi da Roscosmos.
02:25Eu não sei se eles têm acesso a satélites com essa tecnologia,
02:29mas eles disseram que a reentrada ocorreu sobre o Oceano Índico
02:33às três horas e vinte e seis da manhã pelo horário de Brasília, ou três e vinte e quatro.
02:39Uma coisa assim.
02:41E a gente não tem mais do que isso.
02:43Pois é, agora é uma coisa curiosa.
02:45Claro, eu imagino que seja impossível,
02:47mas alguma agência divulgou algo dizendo que,
02:50a partir de agora, haverá uma iniciativa de recuperar essa espaçonave pré-estudo?
02:56Ou isso ainda ninguém falou nada e é impossível?
03:00Então, eu queria aproveitar, Marisa, para a gente trazer uma imagem aí
03:04que mostra justamente aí a trajetória final dela e o ponto de entrada.
03:14Então, essa imagem, a gente sabe que essa entrada ocorreu
03:20a partir da linha que passa ali sobre a Alemanha e vai até o Oceano Índico.
03:26Só que, provavelmente, se ela ocorreu sobre o oceano,
03:30é impossível da gente querer encontrar esse objeto,
03:34por dois motivos.
03:36Um, a gente não sabe o ponto exato onde ele atingiu o oceano.
03:40A gente pode ter uma variação ali.
03:44Geralmente, eles colocam a variação dos cálculos
03:48de coisa de três minutos para mais ou para menos,
03:53seis minutos para mais ou para menos.
03:55Em seis minutos, um objeto,
03:57numa velocidade de alguns milhares de quilômetros por hora,
04:03ele pode percorrer uma distância enorme.
04:05E se ele tivesse caído em solo, já seria complicado.
04:10Seria mais fácil porque alguém passando pelo local lá
04:13pode visualizar uma esfera diferente e noticiar.
04:17Agora, ele caindo no oceano, aí é muito difícil,
04:20porque a área de varredura seria enorme,
04:23as profundidades são elevadas.
04:26Então, é algo muito difícil de recuperar isso,
04:29a não ser que alguém tenha detectado realmente a assinatura de calor
04:32e possa dizer ali com a precisão maior
04:35por onde ela passou, em que altitude, em que velocidade,
04:39porque aí dá para calcular o restante do trajeto e ir atrás.
04:45Agora, Zurita, para encerrar,
04:47esse evento da Cosmos 482,
04:51ela acende um alerta para o lixo eletrônico,
04:54o lixo eletrônico, eu digo lixo espacial,
04:57não é que já tem muita coisa lá em cima?
05:00E se acende um alerta para os perigos que isso pode oferecer para a Terra?
05:06Então, tem uma outra imagem aí que eu produzi,
05:10que é um mapinha, não sei se dá para mostrar aí,
05:14mas é um mapinha que mostra o trajeto final da Cosmos 482,
05:22e esse trajeto é colocado em cima de um mapa com densidade demográfica.
05:27E aí, Marisa, tem inclusive uns pontinhos vermelhos,
05:33cada um desses pontinhos vermelhos nesse mapa
05:35são cidades com mais de um milhão de habitantes.
05:41Durante os últimos 20 minutos dessa espaçonave,
05:51acima das nossas cabeças,
05:57ela passou próximo a Londres, Paris, Bruxelas, Berlim,
06:05ela passou próxima a Nova Delhi, na Índia,
06:11e mais um tanto de cidades bastante populosas.
06:18E a gente vê que nesse mapa,
06:20as regiões mais escuras são as mais populosas.
06:23A trajetória final dela foi extremamente assustadora
06:26sobre regiões populosas.
06:29Se ela tivesse realmente caído em uma cidade dessas,
06:34o risco de provocar um estrago maior,
06:38até mesmo de provocar perda de vidas humanas,
06:42seria grande.
06:45Relativamente grande,
06:47quando a gente compara com o risco de outras reentradas.
06:50É claro que, ainda assim, são chances pequenas,
06:53mesmo considerando isso,
06:57a densidade populacional nessas regiões.
06:59Ainda assim, a chance de provocar alguma morte é pequena,
07:03mas o alerta é
07:05quantas vezes a gente vai correr esse risco
07:08antes de realmente tomar alguma atitude.
07:11Porque uma hora acerta.
07:14Está errando, está errando, está errando.
07:15Está sempre errando, infelizmente,
07:17mas uma hora acaba acertando.
07:19Então, é uma coisa para a gente pensar.
07:22Como a gente já tinha falado antes,
07:24a reentrada da Cosmos 482,
07:26ela era muito mais segura
07:27do que outras reentradas,
07:30como o corpo de um foguete,
07:31que se parte,
07:32que joga e espalha detritos ali
07:34por uma área muito grande.
07:35Então, vários detritos podem atingir casas,
07:38podem atingir carros, pessoas.
07:42A Cosmos 482,
07:44fomentada,
07:45bem segura,
07:46bem relativamente segura,
07:48comparada a outras,
07:50mas os foguetes continuam entrando
07:53na nossa atmosfera,
07:55outros satélites,
07:57outros lixos espaciais
07:58que realmente são mais perigosos,
08:00continuam entrando na nossa atmosfera
08:02e em uma taxa,
08:04em uma frequência cada vez maior.
08:06Então,
08:07é algo que a gente
08:08deve se preocupar
08:12e aí eu vou, inclusive,
08:14lançar um alerta.
08:15A gente teve,
08:17a gente provavelmente
08:18vai ter um corte
08:19de gastos
08:20do governo americano
08:21justamente
08:22nessa parte,
08:25nessa área
08:25da prevenção
08:27de reentrada
08:28na diminuição
08:30do lixo espacial.
08:31É um dos cortes
08:33que o governo americano
08:34vem planejando
08:35para a área espacial.
08:36Esse negócio de lixo espacial
08:37não é interessante
08:40para eles.
08:41Ou seja,
08:41salve-se quem puder.
08:42Pois é, Zurita.
08:45Bom, vamos aguardar.
08:47Espero que não seja por aí,
08:49mas realmente,
08:49esse tipo de atitude,
08:51principalmente da principal potência
08:53do mundo,
08:54preocupa e preocupa muito.
08:56Bom,
08:56Marcelo Zurita,
08:57muito bom tê-lo por aqui.
08:59Muito obrigada
09:00pela participação
09:01e até uma próxima.
09:03Até mais.
09:05Bons céus a todos.
09:06É isso aí, pessoal.
09:07Está aí,
09:08participação especial
09:09de Marcelo Zurita,
09:11que é astrônomo
09:11e colunista do Olhar Digital.
09:14Assunto importante
09:16para a gente falar
09:16aqui sempre.
09:17E aí
09:18e aí
09:23e aí