A China declarou nesta sexta (02) que avalia a possibilidade de entrar em diálogo com os Estados Unidos sobre as tarifas. É a primeira vez que o país asiático acena com a possibilidade de negociação com o governo de Donald Trump.
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NotíciasTranscrição
00:00E a China afirmou no dia de hoje que está avaliando a possibilidade de conversas comerciais com os Estados Unidos.
00:07Primeiro sinal, desde o início do tarifaço de Donald Trump, de que negociações podem agora começar entre os dois lados.
00:15O Ministério do Comércio Chinês disse em um comunicado que observou autoridades americanas de alto escalão
00:22expressarem repetidamente uma disposição de conversar com Pequim sobre as tarifas
00:27e instou as autoridades em Washington a demonstrarem sinceridade em relação à China.
00:34O país também isentou mais de 100 produtos americanos de tarifas, totalizando 40 bilhões de dólares em importações.
00:42Essa lista inclui vários produtos farmacêuticos, químicos, embora não tenha sido confirmada de forma oficial.
00:50Beraldo, me lembro que no início dessa guerra tarifária, a imposição de tarifas mais altas por Donald Trump,
00:59depois a resposta da China, muita gente falou, agora os Estados Unidos acabou encontrando um adversário à altura,
01:07a China devolvendo na mesma moeda, aquela discussão toda.
01:11E agora, essa manifestação da China, que indica talvez que eles tenham caído na real.
01:20O que? A movimentação de Donald Trump deu certo? Surtiu efeito?
01:24Essa leitura que a gente pode fazer?
01:27Neto, temos que tirar toda essa espuma midiática que existe em torno das medidas de Donald Trump,
01:36que é uma espuma que ele próprio alimenta, a forma espetaculosa como faz os anúncios, as declarações que dá,
01:45para a gente olhar o que efetivamente tem ali de substância.
01:50E o que o governo Trump está buscando é reorganizar a dinâmica do comércio internacional,
01:59tendo em vista que os Estados Unidos precisam voltar a ter determinadas indústrias estratégicas dentro do seu território.
02:09Os Estados Unidos passou por um período muito longo de terceirização do seu parque industrial.
02:16Com isso, a China se fortaleceu muito.
02:19Os Estados Unidos, hoje, olhando para o futuro,
02:22está vendo que o mundo vai caminhar para um ambiente de maior instabilidade
02:27e, em razão disso, ele precisa tomar medidas agora,
02:30já antecipando o que pode acontecer daqui a 10, 20, 30 anos.
02:35É disso que se trata.
02:36A China, por sua vez, claro, reagiu da forma também espetaculosa,
02:43enfim, se colocou ali no papel de durona.
02:46A China tem uma posição hoje que não só ela é uma grande
02:49ou a principal fornecedora dos Estados Unidos para uma série de insumos,
02:53mas também é a maior detentora de dívida norte-americana,
02:59só que estão todos ali de mãos dadas.
03:02Não dá para, de uma hora para outra, soltar as mãos.
03:06Portanto, a China vai ter que ir para a mesa de negociação
03:10e os dois países terão que encontrar um novo ambiente de negócios
03:15que faça sentido para os dois lados,
03:20que atenda aos dois interesses.
03:22E isso é um processo longo,
03:24processo que não será feito na frente das câmeras,
03:29mas a China dá demonstrações que sabe o que precisa fazer
03:32e o trabalho será feito.
03:34Pois é, muitos interpretam como uma possibilidade de trégua
03:38nessa guerra tarifária a possibilidade de abrir diálogo
03:42com os Estados Unidos, entre China e os Estados Unidos.
03:46Essa é a notícia que também está em destaque
03:49em vários veículos internacionais.
03:51Você, Dávila, podemos apontar para quais cenários?
03:56Cariato, o importante é que os países começam a entender
03:59onde é que precisa aliviar nas tarifas.
04:02O próprio Estados Unidos começou a aliviar com as tarifas de tecnologia,
04:05com a Apple, porque senão ia quebrar a Apple.
04:06Agora mesmo, teve uma conversa recente com a Nike.
04:11A Nike disse que vai quebrar,
04:12porque ela produz tênis no Laos, Cambódia, nesses lugares.
04:15Se tiver uma tarifa desse tamanho,
04:17a Nike não consegue produzir 100% dos seus tênis,
04:20dos seus calçados a produtos nos Estados Unidos.
04:22Porque se fizer isso, vai aumentar em 40% o preço.
04:26Aí o consumidor não compra.
04:27Então, começa a ter o que eu chamo de choque de realismo.
04:31É preciso ir à mesa, saber que setores são estratégicos.
04:35E no caso dos Estados Unidos, um setor estratégico é o setor de defesa.
04:40Faz todo sentido ter tarifas para ali proteger mercados de defesa.
04:45Mas não faz nenhum sentido.
04:47Por exemplo, para essa questão do tênis,
04:49ou para essa questão do telefone da Apple.
04:51São coisas que dependem de insumos que estão espalhados no mundo inteiro.
04:55Então, não adianta querer dizer que você quer fazer uma indústria nacional dessas coisas,
04:59porque não vai fazer, não vai acontecer.
05:01Você vai inviabilizar e quebrar indústrias importantes.
05:05E, por último, este sangramento que está acontecendo por causa do aumento de tarifa,
05:11está afetando dramaticamente os Estados Unidos.
05:14Nós tivemos uma queda de 0,3% no PIB,
05:18quando os Estados Unidos tinham crescido 2,4%.
05:21É a primeira queda do PIB gigantesca em três anos.
05:25Segundo ponto importante,
05:27a Bolsa derreteu um sinal de desconfiança do mercado em relação à política tarifária.
05:34Então, é preciso, sim, negociar com a China
05:37e é preciso rever imediatamente essa visão de tarifas genéricas,
05:43focar em alguns setores antes que quebrem várias empresas americanas.
05:47E, por último, Donald Trump foi o presidente da República com a pior avaliação
05:53desde que começou nos primeiros 100 dias de governo.
05:56Está na hora de consertar o rumo para o bem dos Estados Unidos e para o bem do mundo.