O senador Márcio Bittar (União-AC) conversou com José Maria Trindade no JP Ponto Final desta semana sobre a falta de investimentos para o desenvolvimento da Amazônia. O parlamentar também criticou a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, cobrou obras no Acre, analisou os desafios da COP30, criticou a falta de segurança e o crescimento do narcotráfico na região Norte, além de abordar assuntos como a CPI da ONGs, a exploração de petróleo na Margem Equatorial e a anistia aos condenados pelos atos do 8 de Janeiro.
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NotíciasTranscrição
00:00A gente fala do meio ambiente, todo mundo defende o meio ambiente.
00:03O agricultor defende o meio ambiente, o que é onde ele trabalha, onde ele produz.
00:08Mas vamos falar do meio ambiente para quem vive na floresta.
00:12Eu tenho a impressão que o lugar de fala, quem pode falar melhor, é o senhor que vive no Acre.
00:19Como é que é viver numa floresta onde não se pode desenvolver, onde se não pode construir uma ponte, uma estrada?
00:25Primeiro, eu vou dizer uma coisa. Primeiro, eu tenho a Marina como a maior agente do interesse externo sobre a Amazônia.
00:36A Marina não defende o interesse dos amazonidas.
00:40Ela defende o interesse econômico de potências e oligopólios internacionais.
00:46Esse sim, que tem interesses concorrentes com o Brasil. Então eu não tenho dúvida disso.
00:50Para mim, a Marina, como ícone dessa turma toda, é uma das pessoas que causa um dos maiores prejuízos para o Brasil.
00:59Por exemplo, se você não libera a margem equatorial brasileira para tirar petróleo,
01:03o Brasil está perdendo algo em torno de 100 bilhões de reais.
01:07E é o único país que, tendo petróleo, não pode tirar, em primeiro lugar.
01:11Segundo, a preocupação ambiental do grupo da Marina é menos verdade, como você diz lá no Acre.
01:17Se você for o meu estado, o estado que eu tenho a honra de representar, você não vai ver uma obra que a Marina tenha, com a força, com a importância dela,
01:28que ela tenha feito na área ambiental dela.
01:32Por exemplo, Rio Branco. Rio Branco tem um canal da maternidade que é o esgoto a céu aberto, que foi a grande obra do governo deles.
01:40E o que é o canal da maternidade? É um esgoto a céu aberto, que joga merda em mijo no Rio Acre, no centro da cidade.
01:49Não há uma área degradada que tenha sido recuperada pela ação da Marina.
01:54Então, qual é a preocupação ambiental? Não tem uma obra no Acre que materialize essa tal preocupação ambiental.
02:02A Marina arruma tempo para criticar o cara que depredou a estátua do Chico Mendes na praça.
02:08Ok, eu não sou a favor de depredação, está correto, mas ela não arruma tempo.
02:12Para falar das conterrâneas dela, o Acre vive batendo recorde de feminicídio e de estupro, mas isso ela não tem tempo para falar.
02:21Pois é, senador. O Acre é um estado que tem menos de, um pouco menos ali, de um milhão de habitantes, né?
02:27Mas isso é o tamanho de uma cidade, de porte médio ali do interior de São Paulo, para se terem uma ideia.
02:33Mas como vivem os habitantes do Acre?
02:37Nós hoje somos um dos estados mais pobres do Brasil.
02:40Aliás, a região amazônica, ela ganhou do Nordeste o título.
02:44Nós somos a região mais pobre do Brasil.
02:46E isso não se justifica.
02:49Ganhou o telefone contabilizado. Sempre foi assim, né?
02:51Mas não vivemos escondidos na floresta.
02:53É, mas assim, veja, a gente viver em cima da riqueza mundial, tendo desemprego como nós temos,
03:02o único estado do Norte que tem mais carteira assinada do que Bolsa Família é a Rondônia.
03:07E será que é uma coincidência?
03:09Claro que não é.
03:10Rondônia abriu quase um terço do seu território.
03:12Hoje você pegar no agronegócio vários itens, Rondônia tem o segundo colocado,
03:17terceiro colocado, e soja, milho.
03:19Então, ela produz e, consequentemente, é o único estado da região...
03:24E o agro está paralisado.
03:25Paralisado. Aí você me perguntou como é que vivem as pessoas lá dentro.
03:29Eu estive agora, recentemente, em Fejó, é um dos municípios importantes do estado,
03:34a prefeitura faz um itinerante, leva uma estrutura de barco,
03:40uma estrutura de gente, alimento, medicamento para atender os ribeirinhos.
03:44Porque não tem estrada.
03:46Eles não têm como sair.
03:47As pessoas que estão no sul do país imaginam que o ribeirinho, cada um tem um barco?
03:52Claro que não.
03:53Aquilo é uma fortuna para ele.
03:55Ele vai conseguir comprar o combustível?
03:58Então, são raros os que possuem uma embarcação própria.
04:02E também, quando o rio seca, ele não tem como sair.
04:04E não pode se fazer estrada.
04:06Então, assim, quatro barcos de madeira, um do lado do outro,
04:11e o primeiro encostado no barranco.
04:13Será que os irmãos brasileiros do sul e sudeste imaginam como é que o sujeito que sai da floresta com a sua família sobe no barco?
04:21A pobreza é muito grande e ele vem descalço.
04:23Ele não vai colocar, talvez, o único calçado que ele tem.
04:25Não vai.
04:26Como é que ele entra no primeiro barco, que é o que faz a triagem?
04:28Tem uma prancha e ele, como ele veio descalço, na entrada tem uma pessoa com uma mangueira com água,
04:38com um motorzinho puxando a água do próprio rio, para lavar o pé das pessoas.
04:42Porque senão, depois de cem pessoas que estão entrando, é a época que chove muito, tem muita lama,
04:47vai ficar isso tudo no barco.
04:49Alguém tem noção disso?
04:49E quando esse itinerante vai embora, que presta assistência para as pessoas,
04:55vista, odontológico, clínico geral, vacina,
05:00quando eles vão embora?
05:01Ali, se alguém tiver uma emergência, ele vai morrer lá dentro.
05:05Continua acontecendo isso.
05:07Nesse mês, agora, eu vou de volta, eu vou participar do último itinerante,
05:13e, possivelmente, uma equipe de uma das emissoras de televisão nacional estará lá
05:20para fazer uma filmagem, um documentário dessa realidade.
05:23Eles nos proíbem de fazer pontes, eles nos proíbem de fazer estado e vão embora.
05:29Agora há pouco, eu estive lá em Cruzeiro do Sul,
05:31Cruzeiro do Sul se liga com o Rodrigues Alves,
05:34só que tem o Rio Juruá, que é onde passa a BR-364.
05:38Uma ONG, aliás, algumas ONGs,
05:40essas que recebem dinheiro do Fundo Amazônico,
05:43inclusive a Marina foi entregar 34 milhões para uma dessas ONGs,
05:47entraram na justiça para que nós não fizéssemos a ponte
05:51e nem a continuidade da BR-364.
05:53Imagina, que loucura.
05:55Quer dizer, você proibir ponte, você proíbe estrada,
05:58como é que se explica essa loucura?
05:59Bom, eles proíbem e vão embora.
06:02Aí eu estava lá agora esses dias, a balsa, porque é a travessa de balsa,
06:06a balsa chegou na margem que nós estávamos,
06:08uma ambulância no meio da balsa, portanto ela não tinha como sair,
06:11e o primeiro carro que vinha descer da balsa,
06:15tinha chovido muito, tinha lama, ele atolou.
06:18Ora, eu tive que dar uma volta imensa para chegar em Coisina do Sul.
06:23Agora imagina o seguinte, quem estava dentro daquela ambulância?
06:26Se fosse uma coisa emergencial, uma coisa grave, a pessoa tinha morrido.
06:31É outra realidade.
06:32É uma realidade que é desconhecida.
06:33Senador, me disseram que essa região, ela está tomada pelo crime organizado,
06:38que hoje é o principal empregador das pessoas que estão por ali.
06:43É tão grave assim?
06:44Quer dizer, o crime organizado chegou forte lá na região norte?
06:47Gravíssimo.
06:47Eu vou plagiar aqui, com todo o respeito que eu tenho a ele,
06:50tenho muito respeito a ele, ao Aldo Rebelo.
06:53Ele diz, e eu concordo, e por isso eu vou repetir,
06:56nós temos três estados na Amazônia brasileira.
06:59O estado formal, como diz o Aldo, frágil, débil,
07:04mas o estado formal, que você reconhece, que você vota em dois poderes e tal.
07:09Você tem o estado do narcotráfico,
07:12que em muitos municípios da Amazônia emprega mais do que a prefeitura.
07:17Você pega o meu estado, o estado do Acre,
07:19você tem um desemprego alarmante.
07:22Ao lado você tem a Bolívia e o Peru, com quem nós fazemos divisa,
07:25e que produzem cocaína.
07:27Então você tem um narcotráfico precisando de mão de obra.
07:29Ora, você tem uma mão de obra de jovens,
07:31desempregado de um lado,
07:33do outro lado o narcotráfico precisando dessa mão de obra,
07:36então está feito a desgraça.
07:39Então o segundo estado é o narcotráfico,
07:41que entrou na Amazônia, domina muitas cidades e tal.
07:44E o terceiro estado mais poderoso,
07:48instrumentalizado, poderoso mesmo,
07:52são as ONGs,
07:53que são a ponta do iceberg.
07:56No governo do ex-presidente Jair Bolsonaro,
07:59houve um desvaziamento.
08:00Eu me lembro de uma conversa lá no Palácio do Planalto
08:02com o então presidente Jair Bolsonaro,
08:05e ele me disse,
08:06olha, existem ONGs sérias que prestam bons serviços?
08:11Existem, mas elas são minoria.
08:13E eu tive que tomar a decisão de desidratar todas,
08:17e ele admite que algumas ONGs que prestam bons serviços
08:20ficaram em dificuldade, mas ele disse que precisava de fazer esse balanço.
08:24E o senhor participou de uma CPI,
08:26a CPI criada pelo senador Plínio Valério,
08:29que é do estado do Amazonas.
08:32E o que o senhor viu dessa radiografia das ONGs
08:36e do dinheiro internacional que rola ali?
08:38É um escândalo, talvez o maior escândalo de todos.
08:41Eu considero o maior escândalo de todos do Brasil.
08:44Acho que o prejuízo que o Brasil está tendo
08:47com a paralisação, o engessamento,
08:50a Amazônia é mais da metade do Brasil.
08:51Mas onde voltaram com força total?
08:53Voltaram com força total.
08:54Eu só discordo do presidente, que é meu amigo,
08:56gosto muito dele, o presidente Bolsonaro.
08:58Eu já disse na tribuna nacional o seguinte,
09:00deve ter ONGs sérias na questão ambiental.
09:03Essas ONGs que trabalham com essa coisa do meio ambiente,
09:06do clima e tal, mas essas ONGs que trabalham
09:10com a questão do clima, deve ter ONG séria.
09:13Eu só não conheço nenhuma.
09:14As que eu conheço estavam lá no relatório,
09:16que eu fui relator da CPI, criada pelo senador Plínio Valério.
09:20O que nós mais uma vez constatamos?
09:23Com mais riqueza de detalhes.
09:25A coisa é descarada.
09:27Então, por exemplo, o Canadá banca ONGs no Brasil
09:31que querem ampliar reservas indígenas.
09:34Não por coincidência, uma das reservas indígenas
09:38que eles querem criar, em ela sendo aumentada,
09:41ela vai incorporar lá em Autazes, não é isso?
09:45Lá em Autazes, a mina de potássio.
09:49Bom, por que ela está fazendo isso, o Canadá?
09:51Por que está preocupado conosco?
09:53Não.
09:53É porque eles vendem para o Brasil.
09:56Então, é concorrência.
09:57Quando o Macron vem ser recebido aqui com poupa e circunstância,
10:02ele vai lá para o interior da Amazônia, ressuscita o índio Raoni,
10:06e aí o Lula com a marina recebendo ele, como se ele...
10:11E teve um constrangimento lá.
10:13É, teve.
10:14Na paralela teve esse constrangimento.
10:16Mas veja, que razão ele ser recebido com poupa e circunstância no Brasil?
10:21Não foi ele que foi o responsável para bater a porta do Mercosul na cara do Lula?
10:27Para dizer, olha, não queremos o acordo com o Mercosul?
10:31Foi ele que deu essa notícia.
10:32E mesmo assim é recebido com poupa e circunstância.
10:35Ressuscita o índio Raoni, que estava fora da mídia,
10:38e o Raoni entrega ao presidente Lula um documento em nome das populações indígenas,
10:44dizendo que eles não querem a ferrogrãos.
10:47Ele veio aqui defender o interesse econômico da França.
10:51Pois é.
10:51Isso fica claríssimo na CPI.
10:53Obrigado.
10:54Obrigado.