Jason Vieira, economista-chefe da Lev Asset, avaliou, em entrevista ao programa Conexão, os impactos do fim do controle cambial na Argentina decidido por Javier Milei. A decisão permite que os argentinos não tenham mais limites para a compra de dólar no país.
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NotíciasTranscrição
00:00E o presidente da Argentina, Javier Milley, fez mudanças no chamado cepo cambial e liberou a cotação do peso antes fixada pelo governo.
00:09Agora, a moeda poderá flutuar entre 1.000 e 1.400 pesos por dólar, mas o Banco Central Argentino poderá atuar no mercado comprando ou vendendo a moeda americana,
00:20caso o câmbio ultrapasse para mais ou para menos os limites de oscilação.
00:24E para falar sobre as mudanças cambiais no país vizinho, eu converso agora com Jason Vieira, economista-chefe da Leve Asset.
00:33Boa noite, Jason. Bem-vindo ao Conexão.
00:36Boa noite. Obrigado pelo convite.
00:38Jason, a gente sabe que no primeiro momento essa alteração ou mudança cambial pode causar uma pressão inflacionária, um aumento da inflação na Argentina.
00:49E, claro, a moeda americana disparou, já que antes os argentinos só podiam comprar ali num limite de 200 dólares, a não ser no câmbio paralelo, chamado de Blue.
00:59Mas aí a demanda cresceu vertiginosamente e disparou.
01:03Mas a longo prazo é uma alternativa para a economia essa mudança cambial?
01:09É o mesmo que nós tivemos em 1999, aqui no Brasil, com a liberação do câmbio.
01:14Isso é necessário para que haja o mínimo de previsibilidade para o investidor estrangeiro colocar dinheiro no país.
01:20Porque se a moeda oscilando dentro daquilo que é definido pelo Banco Central,
01:26significa que ela pode valorizar ou desvalorizar a bel prazer da autoridade monetária,
01:31coisa que não traz segurança jurídica para os investidores.
01:34Então é nesse ponto que é muito relevante.
01:36Óbvio, toda mudança cambial nesse sentido leva à desvalorização cambial.
01:41É natural porque o câmbio estava artificialmente valorizado, ou seja, normal.
01:47Agora, o contexto que está se colocando é de que não só a demanda por dólares aumentou,
01:53mas também a perspectiva de que no futuro haja também a entrada de dólares que influenciem nesse sentido
02:00e aí que possam equilibrar um pouco mais a moeda.
02:02O Jason, há décadas passam presidentes, saem presidentes e ninguém consegue consertar ou ajustar a economia argentina.
02:12A gente teve aí Fernando de la Rua, que governou o país entre 1999 e 2001,
02:17foi protagonista da pior crise econômica, política e social do país vizinho.
02:23O casal Kirchner também tentou e não conseguiu.
02:26Recentemente também Alberto Fernandes.
02:28Como que você avalia a política econômica, a política monetária de Javier Milley?
02:33Está no caminho certo?
02:35Ela é uma política muito polêmica, mas muitas coisas estão sendo feitas pelo caminho correto.
02:43É que obviamente você está trazendo um choque muito grande,
02:46porque as políticas que foram adotadas por muitos anos, que todas falharam literalmente,
02:50elas foram no sentido de um inchaço muito grande do Estado, de subsídios e subvenções de maneira exagerada durante o país inteiro,
03:01por anos e anos e anos.
03:02E aí era óbvio que o processo de retirada disso tudo ia criar um choque,
03:06mas a Argentina já vem com resultados fiscais muito positivos já,
03:11desde a adoção desses planos, inclusive uma melhora na inflação.
03:16Se quer esse impacto inflacionário de curto prazo, já é colocado como uma ameaça
03:21as mudanças de metas de inflação na Argentina, que ficaram muito melhores do que aquilo que foi observado.
03:27No curto prazo, o plano está sendo bem sucedido.
03:29Vamos aguardar o futuro, porque como citei, a Argentina também nunca passou por planos desse tipo, especificamente.
03:36Jason, a Argentina já foi conhecida como a Paris da América do Sul, o celeiro do mundo,
03:41mas também há décadas a gente vê um empobrecimento ali da população.
03:46Três anos atrás, por exemplo, estive em Buenos Aires, faltava até bilhete de transporte público do ônibus e também do metrô,
03:55porque não tinha dinheiro, o governo estava tarifando ali o plástico, então faltava até isso para o cidadão.
04:02Então, você vê um caminho inverso agora, como arrumar essa economia e colocar nos eixos
04:10para que a Argentina volte a ser um país que cresça bastante?
04:15É voltar a políticas que tenham maior responsabilidade fiscal.
04:20Por enquanto, é o choque de impacto, ou seja, de alterações muito profundas do que sempre foi a economia argentina.
04:27Ou seja, está se passando por um processo praticamente traumático e tentar se retornar àquilo que a Argentina era,
04:33que nós invejávamos a Argentina nos anos 1990.
04:36Eu lembro bem disso, porque a Argentina, nós ainda não tínhamos, eles já tinham TV a cabo, eles já tinham shoppings, carros e não sei o quê,
04:46coisa que no Brasil nós estávamos ainda naquela história das famosas carroças, com o mercado muito fechado.
04:53Mas aí uma adoção de uma série muito inconsequente de medidas com o excesso de Estado
05:03e também de gastos públicos, digamos assim, um fiscal muito irresponsável.
05:08E políticas também com pouca ciência econômica.
05:11Ou seja, ah, não, estamos com problema no certo setor.
05:15Tarifa certo setor para não exportar mais.
05:17Ah, estamos com problema no outro setor.
05:19Não, vamos subsidiar o setor.
05:22Sempre o Estado tentando fazer um papel além do que ele deveria e criando os efeitos que nós vimos até agora.
05:28foram desastrosos e aí a Argentina passando por duas décadas, praticamente mais de duas décadas, né,
05:34de sistemas econômicos que só levaram ao empobrecimento da população argentina.
05:40O Jason, em contrapartida, a gente observa que o PIB da Argentina, segundo os analistas, deve crescer 5% este ano.
05:48Tudo bem que quando você não tem um PIB forte, quando você começa a melhorar, dá esse salto.
05:54Mas é um salto importante, né, 5% de crescimento do PIB de um país que era grande exportador de carne, também de trigo.
06:03O que deve-se a esse aumento do PIB expressivo?
06:08A melhora na atividade econômica na Argentina com a redução da inflação, que isso faz uma diferença muito grande.
06:13Nós passamos por isso aqui do antiplano real.
06:16Nós tivemos um crescimento expressivo da economia por conta exatamente da melhora dos índices de inflação
06:21e da redução do impacto inflacionário no bolso da população.
06:26Não só isso, óbvio, existe a base deteriorada.
06:28Uma base muito deteriorada, você leva a resultados ruins.
06:32Ou seja, é o que a gente observa.
06:34Você tinha uma base muito ruim anteriormente e agora você está tendo um impacto que gera um número bastante forte.
06:40Mas mesmo sendo um número que tenha uma base fraca,
06:44é o resultado de uma política que até agora tem se mostrado com sucesso.
06:47polêmicas à parte, a gente sabe como é que é o Milley.
06:50O Milley é aquela linha barulhenta de governo, semelhante à que faz o Trump,
06:56que muitas vezes pode pecar na forma, mas não exatamente no conteúdo.
07:02Jason, Milley conseguiu uma liberação de crédito no FMI de 20 bilhões.
07:08O FMI que já liberou 20 bilhões de dólares.
07:12O FMI que já liberou 12 bilhões.
07:15Isso também foi importante, esse acordo com o FMI para reestruturar a Argentina,
07:21para começar a colocar ela no eixo?
07:25Será importante no futuro, porque essa série de valores devem entrar não só através do FMI,
07:30mas também em uma série de órgãos internacionais,
07:33Banco Mundial, outros órgãos de fomento de atividade econômica.
07:38E não só isso, nós tivemos no ano passado a Argentina, junto com os Estados Unidos,
07:45como um grande alvo de investimento de estrangeiros.
07:48Houve um crescimento do investidor estrangeiro na Argentina de maneira bastante acelerada,
07:52passando até o Brasil.
07:54Então, como a gente pode ver, esses sinais mais positivos,
07:57a Argentina tem alguma coisa, ela tem um mel, digamos assim,
08:02que mesmo em situações muito ruins, ela consegue atingir os investidores estrangeiros.
08:08Muitas vezes sofrem, como aquela época dos investidores abortos,
08:11aquela coisa toda dos títulos pobres argentinos.
08:14Mas, aparentemente, agora, a qualidade do investimento que está indo para a Argentina
08:18parece ser melhor do que aquilo que a gente observou anteriormente.
08:21Agora, vamos aguardar, como falei, é um governo muito polêmico,
08:25mas, polêmicas à parte, está trazendo resultados que fazem com que seus críticos
08:30fiquem cada vez menores, digamos assim.
08:34Bom, Jason, para a gente finalizar, a gente tem essa questão da alteração cambial,
08:39a mudança no câmbio na Argentina.
08:43Isso pode impactar em algum processo comercial,
08:46seja na exportação ou na importação do país vizinho?
08:49Para a importação, é mais problemático.
08:54O Brasil, obviamente, eles ficam com o câmbio desvalorizado,
08:57existe um impacto em termos de preço, mas é muito bom para a exportação.
09:01Então, toda vez que você tem um câmbio desvalorizado,
09:03ele é muito benéfico às exportações do país,
09:06e isso pode se refletir com melhora na atividade econômica,
09:08dado que também existe um viés exportador da economia argentina.
09:12É, vai subir o dólar, aí fica mais atrativo para o investidor,
09:17ou comprador de fora da América do Sul,
09:20e vai buscar também produtos lá na Argentina.
09:24Jason, obrigado pela sua participação aqui no Conexão,
09:27um ótimo fim de noite para você e boa Páscoa!